Um suspensório para os seios: veja a história por trás da invenção do top esportivo

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Getty Images

Em foto icônica, jogadora norte-americana de futebol comemora a vitória na Copa do Mundo de 1999

A foto da atleta Brandi Chastain celebrando a vitória da final da Copa do Mundo de futebol dos Estados Unidos de 1999 contra a China – sem camiseta e mostrando seu top esportivo – é icônica por ter sido algo inédito na época. Hoje, já é bem mais comum. Basta olhar para as maratonas nas grandes cidades. Em Nova York, mesmo no frio, vemos vários tops à mostra. E mesmo que você não os veja, eles estão em praticamente todas as corredoras.

Inventar o top esportivo foi apenas o começo da minha trajetória. A vida é repleta de ironia. Mesmo tendo inventado o top esportivo, eu, Lisa Lindahl, nunca me considerei uma atleta, embora muitos tenham assumido que eu fosse uma.

National Museum of American History

As designers do primeiro top esportivo para mulheres, Lisa Lindahl e Hinda Schreiber, com o protótipo

Artista e artesã, eu me sustentava sendo secretária na década de 1970. A única experiência com negócios que eu tinha era vender minhas criações em feiras de artesanato locais. Meu amor pela corrida era por razões psicológicas, fisiológicas e eventualmente espirituais, não para competição. Começar e administrar um negócio era a coisa mais distante da minha mente quando criei um sutiã especificamente para correr.

Na metade dos meus vinte anos, sentada em uma mesa quase todos os dias, comecei a lamentar a perda do meu corpo de menina. Estávamos em meados da década de 1970 e a revolução fitness, com a importância de ter um corpo dentro dos padrões, estava em alta. Um amigo me disse que, se eu corresse apenas um quilômetro e meio três vezes por semana, eu entraria em forma e perderia alguns quilos.

Trabalhar na Universidade de Vermont na época me permitiu usar a pista de atletismo coberta – mas ela tinha apenas 150 metros. Quando comecei minha nova atividade esportiva, foi desafiador dar a volta nela uma única vez. Chocada e envergonhada com minha incapacidade, a determinação floresceu: eu completaria um quilômetro e meio, por mais impossível que parecesse. Meses depois, quando terminei a décima volta, me senti invencível. Eu estava me reinventando. E eu estabelecia uma barra mais alta, uma volta de cada vez.

E, assim, esse esporte se tornou minha rotina: ao ar livre, correndo de 8 a 10 quilômetros quase todos os dias, mesmo durante invernos rigorosos. Isso mudou tudo. Eu estava mais forte e tinha mais energia e criatividade. Já não se tratava apenas de aptidão física, era uma prática espiritual. Correr me conectou com meu corpo. Pela primeira vez, senti que ele era meu amigo, meu aliado – não o mecanismo complicado que podia me trair e me colocar em perigo a qualquer momento por ser uma pessoa com epilepsia.

O único aspecto desagradável do meu novo hábito era o desconforto e o incômodo dos meus seios balançando. Os sutiãs comuns não davam apoio suficiente, para dizer o mínimo. As alças caíam dos ombros, os tecidos ficavam largos, o suor e o atrito com a pele eram péssimos e os aros de metal entravam no meu peito.

Um dia, brincando, perguntei: “Por que não existe um suspensório para os seios das mulheres?” Mesmo sendo em uma parte diferente do corpo, o propósito era o mesmo: melhorar o suporte. E foi assim que a ideia do top nasceu. O primeiro protótipo foi feito com dois suspensórios cortados ao meio e costurados juntos para sustentar os seios.

Smithsonian Archives

Primeiro design do top esportivo para mulheres

Eu mal sabia todos aqueles anos atrás quão grande seria o impacto da invenção do top esportivo. O negócio que construí no entorno dele acabou dando origem a uma indústria multibilionária e impactou significativamente o esporte feminino. Mas esse foi apenas o começo.

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