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O leite brasileiro está cada vez mais concentrado, eficiente e robusto. É o que mostra  a nova edição do Levantamento Top 100 MilkPoint-Abraleite 2025,  uma parceria da consultoria especializada, com a  co-realização inédita da Associação Brasileira dos Produtores de Leite. O ranking anual, que é atualizado desde 2001,foi anunciado nesta quinta-feira (27), e mapeia a produção dos 100 maiores do setor leiteiro do país e que se tornou uma referência nacional.

Segundo o estudo, a produção total das fazendas ranqueadas em 2024 foi de 1,19 bilhão de litros, um crescimento de 13,28% em relação ao ano anterior — o maior salto percentual em duas décadas. A média diária por propriedade chegou a 32.555 litros, e os dez maiores produtores registraram uma média impressionante de 74.287 litros/dia. Sozinhos, os Top 100 são responsáveis por 4,74% da captação formal de leite no país.

“É um crescimento que reflete a combinação entre profissionalização, tecnologia e visão de longo prazo. Os grandes produtores brasileiros estão muito bem posicionados diante dos desafios da cadeia”, afirma Marcelo Pereira de Carvalho, CEO da AgriPoint e coordenador do levantamento.

Minas Gerais e Paraná seguem no topo

A liderança regional permanece com Minas Gerais, com 36 propriedades entre as 100 maiores. Em seguida aparece o Paraná, com 25, e São Paulo, com 12. No plano municipal, Castro (PR) ultrapassou Carambeí (PR) e agora lidera em número de propriedades no ranking, com 11 fazendas — responsáveis por mais de 147 milhões de litros em 2024.

“A força da região dos Campos Gerais é explicada pela solidez do cooperativismo, que garante acesso a crédito, tecnologia e assistência técnica qualificada. O ambiente é favorável à expansão”, diz Anderson Mesquita, analista da MilkPoint.

A região Sudeste respondeu por 51,3% da produção total do Top 100, somando 611 milhões de litros. O destaque em crescimento, no entanto, foi Minas Gerais, estado de origem de cinco dos dez produtores com maior aumento de produção entre 2023 e 2024.

Confinamento é regra; eficiência, um diferencial

Do ponto de vista técnico, a elite leiteira brasileira trabalha majoritariamente com rebanhos confinados. Entre as 100 maiores fazendas, 86 adotam sistemas de confinamento, sendo o free stall o mais comum (53%), seguido do compost barn (33%).

O rebanho é majoritariamente de raça Holandesa, presente em 82% das propriedades. A produtividade animal média foi de 34,8 litros por vaca/dia, com destaque para a região Sul, que atingiu 38,3 litros/vaca/dia — desempenho que a coloca no topo da eficiência nacional.

“A produtividade animal é o indicador mais claro de eficiência zootécnica. E o Sul mostra que, mesmo com menos propriedades, é possível entregar mais por hectare, por animal e por litro produzido”, observa Juliana Torres, integrante da equipe técnica da ABRALEITE.

Custo sob controle e rentabilidade em alta

Um dado relevante da edição 2025 é o aumento da rentabilidade, apesar de custos ainda elevados. O custo médio de produção reportado foi de R$ 2,28/litro, e a maioria das fazendas (38%) trabalha na faixa entre R$ 2,25 e R$ 2,50. Em contrapartida, o preço médio de venda foi de R$ 2,82/litro para produtores com mais de 7 mil litros/dia, segundo o Cepea Piloto 2024 — garantindo margem positiva de operação.

“O aumento da rentabilidade em um ano de custos praticamente estáveis mostra o acerto das decisões de gestão, sobretudo em nutrição, genética e automação”, avalia Stephanie Gonsales, responsável pela coleta e checagem de dados do levantamento.

Sustentabilidade e expansão: o caminho é claro

As práticas de sustentabilidade estão amplamente disseminadas entre os líderes da produção. Das 100 propriedades analisadas, todas adotam pelo menos uma ação sustentável, e 96 delas implementam duas ou mais. Os destaques vão para o uso de esterqueiras, plantio direto, rotação de culturas e energia solar e biogás.

Além disso, 88% dos produtores pretendem expandir a produção nos próximos três anos, com 42% projetando um aumento entre 20% e 50% e outros 10% mirando mais de 50% de crescimento.

“O leite brasileiro está se consolidando em uma base cada vez mais técnica, rentável e sustentável. E o Top 100 é o retrato mais nítido desse movimento”, afirma Geraldo Borges, presidente da Abraleite.

Confira as Top 10, as maiores fazendas leiteiras do Brasil

1 – Fazenda Colorado – Araras (SP)

Líder absoluta por 12 anos consecutivos, a Fazenda Colorado é referência em produtividade e gestão. Em 2024, sua produção foi de 98.921 litros/dia, representando um salto de 61% desde que chegou ao topo pela primeira vez. Opera com sistema de confinamento e alto investimento em genética e tecnologia.

2 – Melkstad Agropecuária – Carambeí (PR)

Com produção diária de 94.782 litros, é destaque pela eficiência zootécnica e qualidade do leite. Opera em sistema free stall e integra o cooperativismo dos Campos Gerais, fornecendo leite para o Unium – Pool Leite.

3 – Granja São Pedro – Morrinhos (GO)

Com 84.870 litros/dia, é a maior do Centro-Oeste e exemplo de modernização tecnológica. Usa compost barn e possui forte integração lavoura-pecuária.

4 – Fazenda Bela Vista – Araras (SP)

Produz 83.557 litros/dia e tem foco em sustentabilidade, com práticas como energia solar e uso de dejetos para adubação. Atua em sistema compost barn com rebanho predominantemente holandês.

5 – Fazenda São José – Patos de Minas (MG)

Tradicional em Minas, tem produção de 80.352 litros/dia. Aposta na profissionalização da gestão e genética avançada do rebanho, com forte atuação no mercado de leite tipo A.

6 – Agropecuária Gik – Castro (PR)

Com 79.223 litros/dia, é um exemplo de eficiência nos Campos Gerais. Fornece para a Frísia e opera com sistema de confinamento, investindo também em automação e bem-estar animal.

7 – Agropecuária Sete Copas – Jaborandi (BA)

Destaque do Nordeste com 77.590 litros/dia, mostra que é possível produzir em larga escala com qualidade em regiões quentes. Usa Girolando e compost barn.

8 – Fazenda São Francisco – São Roque de Minas (MG)

Produz 76.815 litros/dia e tem tradição no fornecimento de leite A. Adota compost barn e aposta em conforto animal, nutrição de precisão e manejo eficiente.

9 – Fazenda Reunidas ACP, Filhos e Netos – Carmo do Rio Claro (MG)

Retornando ao ranking após três anos, alcançou 75.931 litros/dia. A propriedade tem histórico de pioneirismo em gestão profissional e já figurou no Top 10 em edições anteriores.

10 – Agropecuária Régia – Palmeira (PR)

Fecha o Top 10 com 75.222 litros/dia. É exemplo de produtividade no modelo cooperativo dos Campos Gerais e tem um foco muito preciso em bem-estar animal, com rastreabilidade total do rebanaho.

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