Por Que Estamos Falando sobre Aspirina e Câncer?

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Nas últimas semanas, a repercussão de um estudo publicado na revista Nature reacendeu o debate sobre o potencial uso da aspirina na prevenção e no tratamento do câncer. A pesquisa, liderada por cientistas do Reino Unido, investigou os efeitos da aspirina sobre células tumorais e levantou hipóteses interessantes sobre os mecanismos pelos quais o medicamento pode interferir no desenvolvimento do câncer.

A aspirina já é amplamente conhecida por seu papel na prevenção de doenças cardiovasculares, especialmente entre pacientes com histórico de infarto ou doença arterial coronariana. Já há evidências de que ela também pode ter alguma função importante na prevenção de certos tipos de câncer — principalmente o câncer colorretal.

Estudos anteriores demonstram que a aspirina pode reduzir a incidência de pólipos intestinais, lesões consideradas precursoras de tumores, especialmente os adenomas. Isso explicaria, em parte, a sua associação com menor risco de desenvolvimento do câncer colorretal. Embora existam também estudos que sugerem um possível efeito preventivo em outros tipos de neoplasias, as evidências ainda não são tão sólidas quanto no caso do intestino.

Na publicação sobre este estudo realizado em laboratório com animais, os pesquisadores sugerem que tal medicamento aumentaria a imunidade à metástase do câncer, inibindo a produção de uma proteína que evita que células do sistema imune ataquem as células cancerígenas.

É importante destacar, no entanto, que o uso da aspirina não está indicado como parte do tratamento em pacientes já diagnosticados com câncer — a menos que haja outra recomendação médica, como em casos de prevenção cardiovascular. Seu benefício, atualmente, está mais associado à prevenção do que ao tratamento ativo da doença.

Por outro lado, o uso contínuo da aspirina sem acompanhamento pode trazer riscos significativos, sendo o principal deles o sangramento gastrointestinal, especialmente em pessoas com histórico de úlceras. Por isso, é importante reforçar a mensagem: qualquer decisão sobre seu uso regular deve ser tomada com orientação médica, considerando os riscos e benefícios para cada paciente.

Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.

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