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Pesquisadores ligados à Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) publicaram recentemente um artigo na revista Nature Medicine, em que avaliam o impacto da carga atual e futura do câncer de mama em todo o mundo.
Os autores do estudo utilizaram dados de mais de 50 países e mostraram que, em média, uma em cada 20 mulheres no mundo será diagnosticada com câncer de mama durante a vida. Se as taxas atuais continuarem nos mesmos níveis, até 2050 haverá 3,2 milhões de novos casos da doença e 1,1 milhão de mortes anuais, com um crescimento desproporcional nos países de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Essas estimativas são baseadas no Observatório Global do Câncer da IARC, incluindo dados da Incidência de Câncer nos cinco Continentes e do Banco de Dados de Mortalidade da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O estudo alerta que, a cada minuto, quatro mulheres são diagnosticadas com câncer de mama no mundo e uma mulher morre da doença. Este é o tipo de tumor mais comum entre as mulheres globalmente e o segundo mais frequente no geral.
Segundo os números da IARC, em 2022, houve aproximadamente 2,3 milhões de novos casos e 670 mil mortes pela doença em todo planeta. Já a taxa de mortalidade varia conforme as condições socioeconômicas de cada país. Em nações com IDH muito alto, para cada 100 mulheres diagnosticadas, 17 morrem; em países de IDH baixo, esse número sobe para 56.
No Brasil, o câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre mulheres. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são estimados 74 mil novos casos para 2025. A maior incidência ocorre em mulheres acima dos 50 anos, mas cerca de 40% dos casos no país afetam mulheres abaixo dessa faixa etária, indicando um perfil epidemiológico que demanda uma discussão para rever as estratégias de rastreamento.
O Sistema Único de Saúde (SUS) atualmente recomenda a mamografia de rastreamento a partir dos 50 anos a cada dois anos, conforme diretrizes do Ministério da Saúde. No entanto, considerando a alta proporção de diagnósticos em mulheres mais jovens, especialistas têm defendido a necessidade de mudanças. A recente consulta pública da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre a cobertura da mamografia na saúde suplementar reacendeu o debate sobre a necessidade de ajustes também no SUS, para que o rastreamento seja mais efetivo na redução da mortalidade.
Diante da carga crescente da doença e da realidade brasileira, é essencial garantirmos diagnóstico precoce e terapias inovadoras, melhorando os desfechos para milhares de mulheres no país. Os avanços no rastreamento e no acesso ao tratamento são passos fundamentais para um controle mais efetivo da doença e para a redução da mortalidade por câncer de mama no Brasil e no mundo.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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