Bastou dar uma caminhada pelas avenidas plenas de máquinas, equipamentos e tecnologias digitais na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), para constatar um fato óbvio: as mulheres estão por todos os lados. Na feira que começou em 1º de maio e termina nesta sexta-feira (5), uma série de eventos e demonstrações de produtos marcaram a agenda delas.
“Este ano, na Agrishow, fato relevante é ser o ano com mais participação de mulheres. O outro foi [a participação] de latino americanos”, diz Nina Plöger, do IPDES, consultoria com foco em desenvolvimento de negócios e estratégias, e uma estudiosa de movimentos sociais no agro.
“Estou impressionada com o número de mulheres empreendedoras, ou seja, que estão à frente de suas fazendas e empresas no setor de agro. Acho que a estatística é muito positiva.” Plöger também faz parte do ForbesMulher Agro, um movimento que a Forbes Brasil lançou durante a feira e que tem como presidente a produtora rural e engenheira de alimentos Helen Jacintho.
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“Aqui em nossa região temos visto muitas mulheres em posição de liderança no agro. Também penso nas próximas gerações, tenho duas filhas e quero deixar o mundo de portas abertas para elas”, afirma Daniele Alkmin Carvalho Mohallem, que está no ForbesMulher Agro. Mohallem é CEO da Agrorigem – The Coffee ID, empresa especializada em cafés especiais de origem, e também está à frente do projeto Agrorigem by Woman, dedicado a criar valor aos pequenos produtores de agricultura familiar, além de presidente da Associação das Empreendedoras do Café de Santa Rita do Sapucaí ( MG).
A Agrishow preparou um espaço para esses pequenos produtores e produtoras mostrarem e venderem seus produtos artesanais, uma iniciativa que ocorre pelo segundo ano consecutivo. Em geral, pequenos produtores de artesanais, como queijos, vinhos e doces, enfrentam um longo caminho para a legalização de sua produção. Um dos estandes que chamava a atenção pela recente história foi o da Cabanha Mulekinha, de Ibiúna (SP), que passou por uma história na qual o governo do estado veio a público pedir desculpa pelo ocorrido.
A queijaria que trabalha com leite de vacas jersey, uma das raças premium no mundo como fonte de matéria-prima de qualidade, e mesmo com a documentação de SIM (Serviço de Inspeção Municipal) já aprovada, teve sua produção de 266,5 quilos de queijo artesanal descartada por erro de um funcionário público (hoje afastado do cargo).
A história viralizou nas redes sociais. “Foi muito sofrimento e dor ver todo meu queijo destruído e chorei muito. Mas estamos de volta e espero que nossa história fique no passado. O importante é que não aconteça para mais nenhum produtor”, disse Luzita Camargo, 59 anos, que faz parte da APQA (Associação Paulista do Queijo Artesanal).
Não por acaso discussões, debates, seminários e outras atividades ligadas à presença de mulheres empreendedoras contaram com um espaço exclusivo, dentro do parque de exposições, chamado Agrishow Pra Elas, também uma ação que ocorre pelo segundo ano consecutivo. Durante toda a semana a agenda foi tomada por temas como sustentabilidade, histórias inspiradoras, gestão de pessoas e formação de lideranças.
Para chamar esse público, a feira vem trabalhando com uma série de mulheres, as chamadas “Embaixadoras Agrishow 2023”, para atrair o público a esses debates, entre elas produtoras com presença nas redes sociais, como por exemplo a pecuarista Andressa Biata, de Costa Rica (MS), e a agrônoma Michele Guizini, com 1,2 milhão de seguidores no TikTok.
Faz parte de um movimento também nos cargos c-level em grandes empresas e organizações, termo utilizado para designar executivos seniores mais altos de uma companhia, o movimento também ocorre com certa velocidade, mas que necessita ganhar escala. Isso ocorre em todos os setores da economia. No ano passado, as mulheres representaram 8,8% dos CEOs das empresas Fortune 500, um recorde histórico.
“O número de mulheres se preparando , se qualificando e se aperfeiçoando via sistema “S” tem sido impressionante… O empreendedorismo, seja em gestão ou em prestação de serviços nesse universo que fazemos parte avança a passos largos e a tecnologia e comunicação são fundamentais para fortalecer laços”, diz Carminha Gatto Missio, integrante do ForbesMulher Agro.
Produtora de grãos e fibras na Bahia, ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente da Faeb (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia), além de fazer parte da Comissão Nacional das Mulheres do Agro da CNA (Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária).
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