Após Recuos de Trump, Onda de Otimismo Contagia Ibovespa

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Nesta quarta-feira (23), o mercado financeiro entrou em uma onda de otimismo, causada por um possível retrocesso na guerra comercial protagonizada por China e Estados Unidos, além do recuo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quanto às ameaças de demitir o presidente do Federal Reserve (FED). Embalado pelo mercado externo, o Ibovespa fechou em alta, superando os 133 mil pontos no melhor momento do dia.

Na cena corporativa, o destaque ficou para a JBS, que disparou, renovando máximas históricas. O crescimento se deu após a companhia obter aprovação do regulador americano para dupla listagem de suas ações e convocar assembleia para votar o plano, que analistas avaliam ser capaz de destravar valor significativo para o papel. Com isso, o principal índice da bolsa brasileira avançou 1,34%, chegando a 132.216,07.

O dólar à vista, por sua vez, recuou nesta quarta em 0,17%, sendo cotado a R$ 5,7177. Esta é a menor cotação desde 4 de abril, quando encerrou em R$ 5,6651. No entanto, neste mês, a divisa ainda acumula elevação de 0,19%.

Dias melhores

A perspectiva de melhora nas negociações entre Washington e Pequim envolvendo as tarifas e retaliações entre ambos os países teve como suporte uma reportagem do “Wall Street Journal”, citando um alto funcionário da Casa Branca, que disse que as tarifas dos EUA sobre a China provavelmente cairiam para algo entre 50% e 60%.

Na sequência, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse acreditar que as taxas excessivamente altas entre os dois países terão que ser reduzidas para que as negociações comerciais possam avançar. Ele, porém, disse que não há previsão para o início das conversas com a China. Na terça-feira (22), Trump já havia afirmado que seria muito simpático nas negociações com Pequim e que as tarifas sobre as importações do país cairiam significativamente após um acordo.

O noticiário envolvendo a tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo reforçou o tom otimista já presente nos mercados, após a declaração do presidente dos Estados Unidos sobre não ter a intenção de demitir o chair do FED. “Gostaria que ele [Powell] fosse um pouco mais ativo em termos de sua ideia de reduzir as taxas de juros”, afirmou Trump a repórteres, no Salão Oval da Casa Branca. A afirmação é um recuo de Trump, após dias de críticas a Jerome Powell por não ter reduzido os juros.

De acordo com o analista de investimentos Alison Correia, sócio-fundador da Dom Investimentos, o imbróglio envolvendo as críticas e ameaças do presidente americano a Powell estressou os mercados. “Quando ele começa a ceder, com discurso mais calmo, a temperatura muda”, afirmou. Correia ponderou que “ainda tem chão para Trump aprontar” e que não se sabe qual vai ser o próximo passo dele.

Economia americana

A baixa do dólar começou a desacelerar em sintonia com a recuperação dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após a divulgação de novos números sobre a economia americana. O Índice dos Gerentes de Compras (PMI) Composto, que acompanha os setores industrial e de serviços, caiu para 51,2 neste mês, nível mais baixo desde dezembro de 2023 e após leitura de 53,5 em março.

O PMI preliminar de manufatura subiu para 50,7, de 50,2 em março, enquanto o preliminar de serviços recuou para 51,4, de 54,4 no mês passado. Uma pontuação acima de 50 indica expansão no setor privado.

“Tivemos um PMI industrial acima do esperado, o que mexeu na curva de juros dos EUA”, pontuou Nicolas Gomes, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, ao justificar a recuperação do dólar ante o real. Às 16h38, a moeda americana à vista chegou a oscilar em alta, cotado na máxima de R$ 5,7296 (+0,04%).

No exterior, o dólar tinha sinais mistos ante as moedas de emergentes no fim da tarde, mas sustentava ganhos ante divisas de proteção como o iene, o euro e a libra, em um claro sinal de que as declarações mais recentes de Trump sobre Powell foram bem recebidas.

Destaques

– JBS ON avançou 6,38%, renovando máximas históricas, após a SEC, que regula o mercado de capitais americano, aprovar o pedido de dupla listagem das ações da maior produtora de carnes do mundo. A operação, que busca listar os papéis nos EUA e no Brasil, também depende da aprovação da contraparte brasileira, a CVM. A companhia convocou para 23 de maio assembleia extraordinária de acionistas sobre o plano. Se aprovado, a JBS estima o início da oferta das ações no mercado dos EUA a partir de junho.

– EMBRAER ON valorizou-se 3,53%, com agentes financeiros analisando dados divulgados na noite da véspera pela fabricante de aviões mostrando que a sua carteira de pedidos somou US$ 26,4 bilhões (R$ 150,744 bilhões) ao final do primeiro trimestre, crescimento de 25% sobre o valor apurado um ano antes e praticamente estável ante o final de 2024. A carteira de aviação comercial, principal segmento de negócios da Embraer, porém, somou US$ 10 bilhões (R$ 57,1 bilhões), 10% abaixo do primeiro trimestre de 2024 e 2% menor que no quarto trimestre do ano passado.

– BRADESCO PN subiu 3,3%, puxando o desempenho positivo dos bancos no Ibovespa, seguido por BTG PACTUAL UNIT, que fechou em alta de 2,2%, ITAÚ UNIBANCO PN, que terminou com valorização de 2,1%, BANCO DO BRASIL ON, que encerrou com acréscimo de 0,94%, e SANTANDER BRASIL UNIT, que apurou variação positiva de 0,52%. A unidade do banco espanhol Santander abre a temporada de balanços desses bancos na próxima semana.

– VALE ON fechou com elevação de 1,19%, beneficiada pelo movimento dos futuros do minério de ferro na China. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian subiu 2,11%, terminando as negociações do dia em 727,5 iuanes (R$ 569,57) a tonelada. No setor USIMINAS PNA, que divulga balanço do primeiro trimestre de 2025 antes da abertura da bolsa na quinta-feira (24), subiu 6,3%, CSN MINERAÇÃO ON ganhou 5,75%, CSN ON avançou 3,16% e GERDAU PN valorizou-se 1,14%.

– HYPERA ON terminou com alta de 2,24% antes da divulgação do balanço do primeiro trimestre de 2025, após o fechamento do mercado. Analistas do JP Morgan afirmaram nesta semana que, embora não vejam o resultado do primeiro trimestre como um catalisador para as ações, a fala da administração em torno da potencial conclusão do plano de otimização do capital de giro e uma perspectiva melhor podem ser um gatilho positivo. A equipe do banco ainda estima Ebitda ajustado negativo de R$ 143 milhões no primeiro trimestre para a Hypera.

– PETROBRAS PN recuou 1,13%, sucumbindo à fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou com declínio de 1,96%. Na máxima, mais cedo, as ações ON da estatal chegaram a R$ 31,78 (+2,78%). No setor de óleo e gás, PRIO ON caiu 3,26%, PETRORECONCAVO ON cedeu 2,6% e BRAVA ENERGIA ON encerrou em baixa de 0,64%.

– COGNA ON perdeu 8,08% e YDUQS ON caiu 5,5%, em sessão de ajustes, após forte valorização recente. No mês, até a véspera, Cogna acumulava valorização de 24,4% e Yduqs contabilizava alta de 27,73%.

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