As empresas que competem no mercado global não estão apenas nos ajudando a passar do ponto A ao ponto B, mas estão nos ajudando a viver e a criar novas experiências. As experiências proporcionam novas escolhas, mudam os ambientes em que vivemos. Ou seja, a minha vida é o produto de como escolho novas maneiras de passar por ela. Há quem assuma que “como nos movimentamos é como vivemos”.
Assim, movimento é vida. Essas duas ações são inseparáveis. Viver é se movimentar e se movimentar é viver.
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Nesses tempos de mudanças, resta claro o uso corriqueiro da palavra “radical”. Isso tem sido proposital, porque é o oposto do “incremental” – onde pequenas mudanças aconteciam o tempo todo. Era assim que acontecia. A dinâmica era outra, as coisas mudavam gradualmente, de ano para ano, de evento para evento, de experiência para experiência.
Agora, as pessoas estão mais explícitas nas suas escolhas radicalmente diferentes, começaram a questionar o propósito maior de suas vidas e desafiam o que sempre aceitaram como dado, como norma, como as coisas eram, sendo como tinham que ser. O que é realmente interessante é que a maioria das pessoas gostou das mudanças experimentadas.
O ponto central aqui é que a demanda – por oportunidades radicalmente novas – está superando a oferta. Os negócios não estão oferecendo experiências radicalmente novas o suficiente para atender às expectativas e demandas do radicalmente emergente.
Esse é o momento da transformação digital. O investimento ESG em capital humano é estratégico para atender a demanda do futuro do trabalho. De acordo com George Serafeim, o desenvolvimento do capital humano é fundamental para as empresas, mas apenas recentemente os investidores se concentraram em entender os riscos e oportunidades relacionados ao capital humano com o surgimento de aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG).
A importância do investimento, público e privado, em capital humano tem sido ampliada radicalmente num ambiente de rápida mudança tecnológica. Um bom exemplo se vive na educação do Ceará.
Apesar de ter o quinto menor PIB per capita entre as 27 unidades federativas do país, o estado do Ceará, com 9 milhões de habitantes, registrou a maior elevação no índice nacional de qualidade educacional do ensino fundamental nos últimos anos. Dez municípios cearenses ficaram entre os 20 melhores na classificação nacional, inclusive Sobral, que obteve a pontuação mais alta.
Assim, nesse contexto de inovação, radicalidade, disrupção e mudanças, nada melhor do que apresentar um caso de investimento privado em educação no Ceará. Me refiro a dois grupos empresariais. Por ordem alfabética, o grupo empresarial do Colégio Ari de Sá, cujo investidor é o Oto, e ao grupo empresarial do Colégio Farias Brito, do investidor Tales e das investidoras Hilda e Dayse. Ocorre que, agora na sequência cronológica, Oto, Hilda, Tales e Dayse têm o mesmo DNA, pois irmãos, e crias do Professor Ari de Sá Cavalcante e da professora Hildete de Sá Cavalcante.
Ambas as empresas são as principais geradoras de capital humano que colocam, nos últimos anos, o Ceará em primeiro lugar entre os estados brasileiros com o maior número de alunos aprovados em um dos vestibulares mais difíceis do Brasil, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Em 2022, o Ceará ficou em primeiro lugar, além de ter obtido a melhor nota geral, aliás oriundo de uma das empresas. Os estudantes de escolas cearenses acumularam 61 aprovações na segunda fase do vestibular de 2022, de 150 ofertadas.
Nos últimos cinco anos, o Estado acumula 282 aprovações no ITA, sendo 44% das vagas ofertadas no período. Com nove aprovações a mais que estudantes de escolas de São Paulo, segundo lugar no ranking, e cinco vezes mais que o Rio de Janeiro, terceiro lugar.
Os investimentos públicos e privados apontam o Ceará como referência de educação no Brasil. A radicalidade dos recursos aplicados permite que o Ceará estimule os seus jovens em escolhas completamente diferentes, que questionem o propósito maior de suas vidas e que desafiem o que sempre aceitaram como dado. O que é realmente interessante aqui é que a maioria dos jovens tem gostado das mudanças experimentadas.
O Ceará tem um ecossistema propício para estudantes olímpicos. Não à toa que se trata de um polo de formação de jovens estudantes de escola pública e privada – para olimpíadas e para os vestibulares ITA e Instituto Militar de Engenharia (IME), por exemplo – além da atração de mais um tanto oriundo dos diversos territórios do Brasil.
Os irmãos “de Sá Cavalcante” perceberam que o investimento em capital humano qualificado é estratégico para atender a demanda do futuro. Entenderam que o maior legado recebido dos pais é o respeito à dignidade das pessoas, proporcionando novas escolhas e fomentando impacto positivo nos territórios em que vivem.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará.
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