O Que Acontece Quando um Papa Morre?

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Com a morte do Papa Francisco, anunciada pelo Vaticano nesta segunda-feira (21), a Igreja Católica Romana dará início a rituais elaborados e impregnados de tradição que marcam o fim de um papado e levam ao início do próximo.

A maioria é governada por uma constituição conhecida como Universi Dominici Gregis (De todo o rebanho do Senhor), aprovada pelo Papa João Paulo II em 1996 e revisada pelo Papa Bento XVI em 2007 e 2013.

Imediatamente após a constatação da morte de Francisco, o Vaticano é considerado “sede vacante” (em latim, “cadeira vazia”) e a Igreja passa a ser administrada pelo cardeal camerlengo (camareiro). No caso, o americano de origem irlandesa Kevin Joseph Farrel, de 77 anos. Ele administra os assuntos cotidianos da igreja.

Ele é também o responsável pela confirmação da morte do papa, uma questão simples nos dias de hoje, com a palavra de um médico e um atestado de óbito. Até algum momento do século XX, isso era feito ritualmente batendo três vezes com um martelo de prata na testa do papa.

O camerlengo e três assistentes escolhidos entre os cardeais com menos de 80 anos de idade, conhecidos como cardeais eleitores, decidem quando o corpo do papa deve ser levado para a Basílica de São Pedro para que o público preste suas homenagens. A previsão é que isso ocorra na manhã da quarta-feira (23).

Eles também garantem que o “Anel do Pescador” — joia única utilizada por todo pontífice — e seu selo de chumbo sejam quebrados para que não possam ser usados por mais ninguém. Nenhuma autópsia é realizada.

O camerlengo tranca e sela a residência pessoal do papa. No passado, essa residência ficava em apartamentos no Palácio Apostólico, mas Francisco morava em uma pequena suíte na casa de hóspedes do Vaticano, conhecida como Santa Marta.

O camerlengo e os outros cardeais não podem tomar decisões importantes que afetem a Igreja. Os chefes da maioria dos departamentos do Vaticano se demitem até que o novo papa os confirme ou substitua.

Os ritos de luto duram nove dias, com a data do funeral e do sepultamento a ser decidida pelos cardeais. A Universi Dominici Gregis diz que eles devem começar entre o quarto e o sexto dia após sua morte.

Funeral papal

O Papa Francisco, que evitou grande parte da pompa e do privilégio de liderar a Igreja Católica global, modificou e simplificou os ritos do funeral papal em 2024.

A missa fúnebre ainda será realizada na Praça de São Pedro, mas, diferentemente de muitos antecessores, Francisco pediu para ser enterrado na Basílica de Santa Maria, em Roma, para ficar perto de sua imagem favorita de Nossa Senhora.

Francisco também pediu para ser enterrado em um caixão simples de madeira, ao contrário dos antecessores que foram enterrados em três caixões interligados feitos de cipreste, chumbo e carvalho. Ele pediu que seu corpo não fosse exposto em uma plataforma elevada, ou catafalco, na Basílica de São Pedro, para que os visitantes de Roma pudessem ver, como foi o caso dos papas anteriores.

Como o conclave papal elege um novo papa

Cardeais de todo o mundo chegam a Roma após a morte de um pontífice. Eles realizam reuniões diárias, conhecidas como congregações gerais, para discutir assuntos da Igreja e expor as características que cada um acredita que o novo papa deve ter.

Os cardeais com 80 anos ou mais podem participar das congregações gerais, mas não têm permissão para entrar no conclave para escolher o próximo papa, que é uma reunião de cardeais com menos de 80 anos. Grande parte da discussão ocorre em interações pessoais entre os cardeais.

Tradicionalmente, um período de luto de 15 dias é observado antes do início do conclave. Antes de renunciar em 2013, o Papa Bento XVI modificou a constituição para permitir que o conclave começasse mais cedo, se os cardeais assim o desejassem, ou no máximo 20 dias após a morte, se alguns cardeais tivessem dificuldade para chegar a Roma.

O conclave é realizado na Capela Sistina. Até os dois conclaves de 1978 que elegeram João Paulo I e João Paulo II, os cardeais ficavam em salas improvisadas ao redor do monumento construído no século XV.

Desde o conclave de 2005, que elegeu o Papa Bento XVI, eles votam na Capela Sistina, mas ficam na casa de hóspedes Santa Marta, com cerca de 130 quartos. Eles são levados de ônibus para a votação.

A palavra conclave vem do latim e significa “com chave”. Ela se origina de uma tradição que começou no século XIII, em que os cardeais eram trancados para forçá-los a decidir o mais rápido possível e limitar a interferência externa.

Os participantes são proibidos de se comunicar com o mundo exterior até os dias atuais. Telefones, internet e jornais não são permitidos e a polícia do Vaticano usa aparelhos eletrônicos de segurança para o cumprimento das regras.

Com exceção do primeiro dia do conclave, quando há uma votação, os cardeais votam duas vezes por dia.

É necessária uma maioria de dois terços mais um para a eleição. Se ninguém for eleito após 13 dias, é realizado um segundo turno entre os dois principais candidatos, mas ainda é necessária uma maioria de dois terços mais um. Isso é para promover a unidade e desencorajar a busca de candidatos de compromisso.

Como o novo papa é anunciado oficialmente?

Quando o conclave elege um papa, ele é questionado se aceita e qual nome deseja adotar. Se ele recusar, o procedimento começa novamente.

O novo papa veste indumentárias brancas que foram preparadas em três tamanhos e senta-se em um trono na Capela Sistina para receber os outros cardeais, que prestam homenagem e prometem obediência.

O mundo saberá que um papa foi eleito quando um funcionário queimar as cédulas de papel com produtos químicos especiais para que a fumaça branca saia da chaminé da capela. A fumaça preta indica uma votação inconclusiva.

O eleitor sênior entre os cardeais diáconos, atualmente o cardeal francês Dominique Mamberti, sobe ao balcão central da Basílica de São Pedro para anunciar à multidão na praça “Habemus Papam” (Temos um papa).

O novo papa então aparece e dá à multidão sua primeira bênção como pontífice. Tradicionalmente, é a bênção “Urbe et Orbi”, dirigida à cidade de Roma e ao mundo. O papa também é o bispo da cidade de Roma.

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