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O Bradesco (BBDC4) fechou 2024 com um lucro líquido recorrente de R$ 19,6 bilhões, alta de 20% frente ao mesmo período do ano anterior. Mesmo assim, as ações da companhia reagem em queda ao balanço trimestral divulgado nesta manhã, por mais que as linhas de lucro tenham vindo acima do esperado. Por volta das 11h, a queda era de cerca de 3%.
O banco — que esteve focado em uma melhora operacional ampla ao longo de 2024 — teve um retorno sobre patrimônio (ROE) de 12,7% no ano e de 11,7% no quarto trimestre. O número ainda está longe da casa dos 20% praticados pelos seus principais concorrentes.
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No comparativo com o quarto trimestre de 2023, o lucro líquido teve um salto de quase 90%. Já a receita de serviços foi de R$ 10,262 bilhões no quarto trimestre, alta de 3,6% em três meses e de 13,7no comparativo anual.
Segundo a companhia, os números mostram que o “plano de transformação deu os seus primeiros frutos”. “Olhando para frente e com a perspectiva de cenário macro mais desafiador, ajustamos o nosso apetite ao risco e as condições de oferta de crédito. Nossa opção é por garantir a sustentabilidade da nossa jornada, evoluindo com segurança e mantendo o custo de crédito sob controle, investindo na transformação da Organização, e colocando o cliente cada vez mais no centro das nossas decisões”.
Um ponto de atenção foi o crescimento das despesas operacionais em ritmo mais elevado do que o esperado. No ano de 2024, o total foi de RF$ 59,2 bilhões, alta de 9,3% no comparativo anual.
Crédito
A melhoria do perfil de crédito do banco foi um dos destaques do trimestre. A carteira cresceu, mas principalmente em linhas de crédito de baixo risco.
A carteira expandida atingiu a marca de R$ 981,692 bilhões, alta de 11,9% no comparativo trimestral. O maior avanço foi em linhas voltadas para empresas — que chegou a marca de R$ 314,773 bilhões alta de 17,9% ante o mesmo período do ano passado.
Entre as pequenas e médias empresas, a concessão de crédito cresceu 28%. Hoje, o Bradesco é líder no segmento de pequenas empresas.
“Com a desvalorização do real mais acentuada e perspectiva diferente [com viés de alta] para os juros, reduzimos o apetite a risco no último trimestre, sendo mais conservadores”, explicou Marcelo Noronha, presidente do Bradesco.
Os ajustes no apetite de riscos levou a uma redução dos clientes pré-aprovados e das ofertas de crédito oferecidas. Houve também um crescimento da participação de empréstimos com garantias dentro da carteira total do banco.
A inadimplência acima de 90 dias caiu 0,2 ponto percentual no trimestre e 1,1 p.p no ano. A queda ocorreu em todos os segmentos de atuação.
2025: o que esperar?
Parte da decepção do mercado com o balanço do banco é com as projeções para o próximo ano — o Bradesco adotou uma postura mais conservadora do que o Itaú e o Santander.
“Para 2025, esperamos que o crescimento das receitas, com o risco de crédito controlado, seja o principal fator a contribuir para a melhora da nossa rentabilidade”, afirma a companhia em seu release de resultados. “A
receita com serviços deve subir moderadamente. O custo de crédito deve se manter controlado. Já as despesas operacionais continuarão pressionadas, entre outros, pelos investimentos no plano de transformação. Em suma, esperamos que a nossa rentabilidade continue a aumentar de forma gradual e segura.”
Para este ano, a companhia projeta um crescimento da carteira de crédito expandida entre 4% e 8%; uma margem financeira líquida entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões; receitas de prestação de serviços com uma alta entre 4% e 8%; crescimento entre 5% e 9% para as despesas operacionais e entre 6% e 10% para os resultados das operações de seguros.
Em entrevista coletiva, Noronha definiu o guidance como “pé no chão e conservador”.
“Vimos a Febraban apontando 9-10% de crescimento de crédito e tínhamos 70% de convicção naquele cenário, mas vimos pressão na expectativa em relação à política fiscal”, explica. “Ainda assim, vamos crescer bem a nossa margem financeira líquida”.
Com relação ao apetite por risco, o executivo afirmou que o banco continuará buscando trabalhar com as melhores modalidades para garantir a qualidade dos ativos.
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O post Bradesco Consolida Recuperação, Mas Projeções Conservadoras para 2025 Desanimam o Mercado apareceu primeiro em Forbes Brasil.