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Os fundos de hedge perderam um pouco do brilho nos últimos anos, já que as instituições têm preferido investir nas novas febres de Wall Street, como o crédito privado, em busca de retornos mais previsíveis. No entanto, as empresas mais bem-sucedidas da velha guarda continuam entregando ganhos consistentes para seus investidores.
Os 20 maiores fundos de hedge do mundo, classificados de acordo com os ganhos líquidos estimados desde a sua criação, segundo a LCH Investments, acumularam um recorde de US$ 93,7 bilhões (R$ 548,2 bilhões) em lucros em 2024. A Citadel, a D.E. Shaw e a Millennium Management continuam ocupando as três primeiras posições desde sua fundação e também foram os três fundos com melhor desempenho no ano passado, se distanciando ainda mais do restante do setor.
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A Citadel, de Ken Griffin, segue confortavelmente na liderança, com US$ 83 bilhões (R$ 485,5 bilhões) em ganhos desde sua fundação em 1990. Já a D.E. Shaw, criada pelo bilionário David Shaw e atualmente administrada por um comitê executivo de sete pessoas, obteve um lucro estimado de US$ 11,1 bilhões (R$ 64,9 bilhões) em 2024, superando seus concorrentes.
O fundo principal da D.E. Shaw, o Composite, registrou um retorno líquido de 18% em 2024, enquanto seu fundo Oculus, focado em negociações macroeconômicas, rendeu 36%. Já o fundo Wellington, da Citadel, e o Millennium, do bilionário Israel Englander, tiveram um retorno de 15% cada. Segundo a LCH Investments, os 20 principais gestores geraram um retorno médio ponderado de 13,1% no ano passado, superando com folga a média dos fundos de hedge representada pelo HFRI Asset Weighted Composite Index, que teve um retorno modesto de 8,3%.
“Na maioria dos casos, esses gestores vêm apresentando um desempenho acima da média há várias décadas, refletindo a consistência de seus retornos superiores”, afirmou Rick Sopher, presidente da LCH Investments e CEO da Edmond de Rothschild Capital Holdings, em um comunicado à imprensa.
Prevenidas
Os investidores comuns que aplicam em fundos de índice podem não se impressionar com esses números, já que o S&P 500 teve um ganho de 23% em 2024, após uma alta de 24% em 2023, superando a maioria dos fundos de hedge. No entanto, as empresas mais bem-sucedidas de gestão de ativos são projetadas para oferecer proteção (ou hedge), mesmo em momentos de queda do mercado, daí seu nome.
Citadel, D.E. Shaw e Millennium são empresas multiestratégia, com milhares de funcionários divididos em equipes de negociação especializadas em diferentes abordagens, como trading quantitativo, macroeconomia e commodities. Seus métodos são mantidos em sigilo, mas elas conseguem entregar resultados com impressionante consistência. As três registraram retornos positivos de dois dígitos em 2022, ano em que o S&P 500 caiu 19%.
No caso da Citadel, o retorno anualizado é desde 1990 é de aproximadamente 19,5%, superando o S&P 500 em mais de oito pontos percentuais por ano, em média. O fundo de investimento conquistou a primeira posição na lista anual da LCH Investments em 2023, desbancando a Bridgewater, empresa de Ray Dalio, que desde então caiu para a quarta colocação.
Os 20 Maiores Fundos de Hedge, Segundo a LHC Investments
Citadel
Gestor: Ken Griffin
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 83 bilhões (R$ 483,06 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 9,0 bilhões (R$ 52,38 bilhões)
D.E. Shaw
Gestores: Vários
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 67,2 bilhões (R$ 391,18 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 11,1 bilhões (R$ 64,67 bilhões)
Millennium
Gestor: Israel Englander
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 65,5 bilhões (R$ 381,51 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 9,4 bilhões (R$ 54,85 bilhões)
Bridgewater
Gestor: Ray Dalio
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 63,5 bilhões (R$ 369,57 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 7,7 bilhões (R$ 44,87 bilhões)
Elliott
Gestor: Paul Singer
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 53,8 bilhões (R$ 313,07 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 6,2 bilhões (R$ 36,04 bilhões)
TCI
Gestor: Christopher Hohn
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 49,5 bilhões (R$ 288,69 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 8,2 bilhões (R$ 47,76 bilhões)
Viking
Gestor: Andreas Halvorsen
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 44,5 bilhões (R$ 259,59 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 3,6 bilhões (R$ 20,95 bilhões)
Soros Fund Management
Gestor: George Soros
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 43,9 bilhões (R$ 255,40 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: foram congelados quando retiraram o capital externo
Farallon
Gestores: Tom Steyer, Andrew Spokes, Nicolas Giauque
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 41,0 bilhões (R$ 238,62 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 5,3 bilhões (R$ 30,87 bilhões)
Lone Pine
Gestores: Steve Mandel, David Craver, Kelly Granat
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 40,6 bilhões (R$ 236,12 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 5,0 bilhões (R$ 29,10 bilhões)
Baupost
Gestor: Seth Klarman
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 39,1 bilhões (R$ 227,86 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 2,2 bilhões (R$ 12,84 bilhões)
SAC/Point 72
Gestor: Steve Cohen
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 38,0 bilhões (R$ 221,16 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 5,0 bilhões (R$ 29,10 bilhões)
Appaloosa
Gestor: David Tepper
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 36,9 bilhões (R$ 214,64 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 1,9 bilhões (R$ 11,07 bilhões)
Och Ziff/Sculptor
Gestores: Daniel Och/Jimmy Levin
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 35,5 bilhões (R$ 206,91 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 3,3 bilhões (R$ 19,25 bilhões)
Brevan Howard
Gestor: Alan Howard
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 30,5 bilhões (R$ 177,81 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 2,0 bilhões (R$ 11,64 bilhões)
Marshall Wace
Gestores: Paul Marshall, Ian Wace
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 29,5 bilhões (R$ 171,79 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 4,5 bilhões (R$ 26,17 bilhões)
Egerton
Gestor: John Armitage
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 27,1 bilhões (R$ 157,84 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 3,2 bilhões (R$ 18,62 bilhões)
Davidson Kempner
Gestores: Martin Davidson, Thomas Kempner, Anthony Yoseloff
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 24,5 bilhões (R$ 142,79 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 3,5 bilhões (R$ 20,37 bilhões)
Caxton
Gestores: Bruce Kovner, Andrew Lee
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 20,7 bilhões (R$ 120,77 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 1,2 bilhões (R$ 7,02 bilhões)
Pershing Square
Gestor: Bill Ackman
Ganhos líquidos desde a fundação: US$ 20,2 bilhões (R$ 117,16 bilhões)
Ganhos líquidos em 2024: US$ 1,4 bilhões (R$ 8,15 bilhões)
A LCH Investments é uma subsidiária do Edmond de Rothschild Group e a consultoria de investimentos da Leveraged Capital Holdings, o fundo de hedge mais antigo do mundo, que tem um retorno anual de 9,8% desde 1969. A LCH publica essa lista anualmente desde 2010, com base em encontros com fundadores e outras fontes confidenciais, optando por reconhecer os ganhos líquidos em dinheiro, em vez de métricas de retorno anualizado, que frequentemente são distorcidas por retornos mais altos quando os fundos eram menores.
Análise
Há 19 empresas ativas no top 20 – George Soros fechou seu fundo e não é mais acompanhado sistematicamente. As 19 gestoras geraram pelo menos US$ 1,2 bilhão (R$ 7,02 bilhões) em ganhos em 2024. Soros continua na oitava posição geral, após gerar US$ 43,8 bilhões (R$ 256,1 bilhões) para seus investidores ao longo de quatro décadas.
Fundos de hedge focados na escolha de ações, como o Children’s Investment Fund de Christopher Hohn, baseado em Londres, e o Lone Pine Capital de Steve Mandel, tiveram bons desempenhos. O portfólio de Hohn, com grandes participações concentradas em ações como General Electric, Moody’s, Microsoft e Visa, gerou mais US$ 8,2 bilhões (R$ 47,9 bilhões) em 2024, após um ganho de US$ 13 bilhões (R$ 76,1 bilhões) em 2023.
Esse desempenho o fez subir mais uma posição na lista, indo para o sexto lugar, com US$ 49,5 bilhões (R$ 289,3 bilhões) em ganhos desde sua fundação, feito que alcançou em bem menos tempo do que a maioria de seus colegas, já que seu fundo foi lançado em 2004.
Outro fundo de hedge britânico, o Marshall Wace, é novato na lista, ocupando a 16ª posição, com US$ 29,5 bilhões (R$ 172,3 bilhões) em ganhos desde a fundação e US$ 4,5 bilhões (R$ 26,3 bilhões) em 2024. Liderado por Paul Marshall e Ian Wace, o fundo gerencia US$ 69 bilhões (R$ 404,6 bilhões) em ativos e é 40% controlado pelo gigante americano de private equity KKR, que se associou a eles em 2015.
Pela primeira vez, a LCH Investments também divulgou dados agregados sobre taxas, revelando que, de forma geral, os gestores de fundos de hedge ficam com quase tanto para si quanto o que produzem para seus investidores. A empresa estima que todos os fundos de hedge tenham registrado US$ 3,7 trilhões (R$ 21,6 trilhões) em ganhos brutos desde 1969, mas US$ 1,9 trilhão (R$ 11,1 trilhões) em ganhos líquidos — 48% dos ganhos brutos foram consumidos por altas taxas de gestão e desempenho. Os 20 principais fundos são responsáveis por US$ 854 bilhões (R$ 4,99 trilhões) em ganhos líquidos, ou 44% do total da indústria.
Sopher afirma que investidores iniciais, como a LCH por volta de 1969, geralmente pagavam uma taxa de gestão de 1% e uma taxa de desempenho de 20%, mas as taxas fixas de gestão começaram a aumentar para 2% ou mais nos anos 2000. De fato, desde os anos 2000, as taxas representam uma ligeira maioria dos ganhos brutos, em parte porque muitos fundos de hedge sofreram perdas significativas durante a crise de 2008, o que anulou os ganhos, mas puderam manter as taxas de desempenho de anos anteriores.
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