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Os profissionais da Geração Z estão redefinindo o futuro do trabalho ao continuar priorizando um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional.
Em vez de esperar a aposentadoria (que talvez nunca chegue) para viajar e aproveitar a vida, os jovens da Geração Z estão tirando pausas entre empregos para descansar e viver novas experiências. “Os jovens priorizam a saúde mental, o crescimento pessoal e experiências significativas, em vez de se concentrarem apenas na longevidade e progressão da carreira”, afirma Guy Thornton, fundador da plataforma online Practice Aptitude Tests.
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O que é a “microaposentadoria”?
Um número crescente de jovens profissionais está aderindo à chamada “microaposentadoria”, uma tendência que viralizou no TikTok e em outras redes sociais. “Seja para viajar, tirar um merecido descanso ou explorar novas paixões, essa é a mais recente novidade no mundo corporativo.”
As novas gerações viram seus pais, familiares e até mesmo chefes e colegas de trabalho mais velhos que se dedicaram exaustivamente ao trabalho e muitas vezes não tiveram retornos expressivos. Os jovens entraram no mercado de trabalho logo antes, durante ou no pós-pandemia, com foco maior no bem-estar e na vida além do trabalho.
As redes sociais têm um papel fundamental no incentivo a essa tendência. Os jovens passam boa parte do seu tempo rolando a tela e se comparando com pessoas que talvez nunca tenham visto antes, mas que parecem aproveitar mais a vida do que eles. “As redes sociais amplificam o desejo de aproveitar oportunidades e criar memórias marcantes no momento presente, seja explorando o mundo, desenvolvendo hobbies ou se dedicando a projetos pessoais enquanto ainda têm energia e capacidade física.”
Aposentadoria é cada vez mais distante
A aposentadoria é uma realidade cada vez mais distante, e não só para profissionais brasileiros. Por aqui, aposentados seguem no mercado de trabalho para complementar a renda.
Thornton cita uma pesquisa recente com 6.000 pessoas nos EUA, que revelou que 45% dos entrevistados esperam trabalhar além da idade média de aposentadoria, sendo que três em cada quatro admitem ter feito pouco ou nenhum planejamento financeiro. “Esses dados mostram que as pessoas estão cada vez mais conscientes de que podem trabalhar até os 70 anos ou mais, e por isso estão planejando descansos periódicos ao longo da carreira, em vez de deixar todo o lazer para a terceira idade.”
Embora deixar um emprego possa parecer assustador, os jovens profissionais se mostram mais desprendidos para buscar diferentes oportunidades. Além disso, Thornton ressalta que os avanços tecnológicos dos últimos dez anos tornaram a busca por empregos muito mais eficiente. “Isso reduziu o medo de perder o ritmo da carreira após uma pausa”, afirma. “Além disso, alguns adeptos da microaposentadoria podem continuar trabalhando remotamente em meio período ou em projetos pontuais, mantendo sua fonte de renda sem abrir mão de novas experiências.”
O grande retorno dos aposentados
Enquanto a Geração Z adota a microaposentadoria, os Baby Boomers estão deixando a aposentadoria e voltando ao mercado de trabalho em grande escala. Mas por quê? De acordo com Shanna Milford, líder de RH da IRIS Software Group nos EUA, fatores financeiros, como o aumento do custo de vida e dívidas não relacionadas à saúde são os principais motivadores. “Além da estabilidade financeira, voltar ao trabalho oferece benefícios sociais, um novo senso de propósito e a possibilidade de reduzir o ritmo sem se afastar totalmente do mercado.”
O retorno dos aposentados – e a entrada de profissionais da geração Z – traz mais diversidade geracional para as empresas, o que fortalece a colaboração e a inovação.
Os aposentados representam um talento valioso para as empresas, segundo a executiva. “Eles costumam precisar de menos treinamento e podem preencher funções críticas com sua vasta experiência”, diz. “Em setores com escassez de mão de obra, como a contabilidade, onde 75% dos profissionais atingiram a idade de aposentadoria em 2020, isso é extremamente vantajoso. Além disso, os aposentados trazem um conhecimento institucional inestimável e são excelentes mentores para os mais jovens, auxiliando na formação de líderes e contribuindo em projetos estratégicos.”
Ambiente multigeracional
Com essas mudanças geracionais no mercado, especialistas argumentam que é fundamental reformular as práticas tradicionais de trabalho para criar um ambiente onde tanto Baby Boomers quanto a Geração Z possam prosperar. “Para atender às necessidades dos aposentados que retornam ao mercado, as empresas devem oferecer cargos flexíveis, como posições de meio período ou projetos temporários”, sugere Milford.
Combater o etarismo, oferecer treinamentos adequados e capacitação tecnológica para profissionais mais velhos também torna o ambiente mais inclusivo e melhora a eficiência. Além disso, as empresas podem oferecer benefícios personalizados, como planos de saúde adicionais e aposentadoria gradual, tornando as oportunidades mais atrativas para essa geração.
Outros especialistas defendem que a mesma abordagem deve ser aplicada à Geração Z, adaptando as práticas empresariais para que esses profissionais tenham oportunidades no mercado. No entanto, uma pesquisa revelou que 45% dos gestores consideram a Geração Z a mais difícil de gerenciar, levando alguns líderes a acreditarem que os jovens deveriam se adequar às normas corporativas, em vez de as empresas mudarem para atendê-los.
Talvez a solução ideal seja um equilíbrio: criar ambientes de trabalho onde todas as gerações se sintam respeitadas e bem-vindas. Dessa forma, cada profissional pode escolher seu caminho com base nas suas experiências e valores, seja retornando ao mercado ou aderindo à microaposentadoria.
*Bryan Robinson é colaborador da Forbes USA. Ele é autor de 40 livros de não-ficção traduzidos para 15 idiomas. Também é professor emérito da Universidade da Carolina do Norte, onde conduziu os primeiros estudos sobre filhos de workaholics e os efeitos do trabalho no casamento.
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