Como Um Ex-bilionário se Tornou Um dos Senadores Americanos Mais Pobres do País

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Quando o governador da Virgínia Ocidental, James Conley Justice II, concluir seu mandato em meados de janeiro e se dirigir a Washington, D.C., para tomar posse no Senado dos Estados Unidos, ele se tornará um dos senadores mais pobres do país.

Como isso é possível? Afinal, por quase uma década, até 2021, a revista Forbes estimava que Justice era bilionário, o homem mais rico do estado, graças a uma vida dedicada a acumular fortuna no setor de carvão e no mercado imobiliário, com ativos valiosos como o histórico resort Greenbrier, de 710 quartos, localizado nas Montanhas Allegheny, na Virgínia Ocidental, e que conta com um campo de golfe que sediou o torneio anual da LIV Golf.

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No entanto, uma análise mais detalhada das finanças de Justice revela que seu império está em sérios apuros. O Greenbrier, por exemplo, sofre com anos de negligência e pode valer hoje menos da metade do US$ 1 bilhão (R$ 6,1 bilhões) que Justice sempre alegou. Suas empresas de carvão, lideradas pela Bluestone Resources, ainda extraem cerca de 500 mil toneladas por ano, mas isso representa uma queda significativa em relação às 2 milhões de toneladas extraídas há uma década. Elas provavelmente geram US$ 150 milhões (R$ 915 milhões) em receitas e têm um valor de mercado inferior a US$ 200 milhões (R$ 1,22 bilhão).

Esses são ativos substanciais, mas as dívidas de Justice são muito maiores. Segundo estimativas da Forbes, ele acumula um passivo superior a US$ 1 bilhão (R$ 6,1 bilhões), incluindo empréstimos bancários pessoalmente garantidos, dívidas, decisões judiciais e passivos ambientais. Assim, a revista calcula que o novo senador republicano pela Virgínia Ocidental tem um patrimônio líquido negativo.

Os advogados e porta-vozes de Justice não responderam aos pedidos de comentários da Forbes.

Como surgiu a crise?

No ano passado, a crise de liquidez de Justice parecia tão grave que os funcionários do Greenbrier receberam uma notificação de seu plano de saúde informando que perderiam a cobertura porque o hotel não havia pago sua parte dos prêmios (o problema foi resolvido posteriormente).

O credor mais preocupado com cada centavo é o Carter Bankshares, um banco comunitário de Martinsville, Virgínia, com US$ 4,6 bilhões (R$ 28,06 bilhões) em ativos, conhecido como “o lar da conta corrente gratuita vitalícia”. Justice deve pessoalmente ao Carter cerca de US$ 375 milhões (R$ 2,29 bilhões). Os empréstimos são garantidos por uma primeira hipoteca sobre o Greenbrier e muitos outros ativos. Quando Justice deixou de fazer os pagamentos no início de 2024, o Carter anunciou que realizaria um leilão público do resort, mas desistiu no final de junho depois que Justice prometeu pagar pelo menos US$ 2 milhões (R$ 12,2 milhões) por mês em juros. O banco está tão preocupado com as dívidas de Justice que forçou a liquidação de garantias, incluindo milhares de hectares leiloados nos condados de Greenbrier e Monroe, como a propriedade Kate’s Mountain, de 500 acres.

Outros credores também estão buscando recuperar suas dívidas do senador de 73 anos. Em janeiro do ano passado, a Caroleng Investments Limited, da Rússia, que tem direito a US$ 10 milhões (R$ 61 milhões) em royalties das minas de carvão de Justice, obteve uma ordem judicial para confiscar o helicóptero da família, que foi vendido por US$ 1,4 milhão (R$ 8,54 milhões). Em junho, um tribunal ordenou que os US Marshals ajudassem a Caroleng a apreender ativos suficientes das empresas de carvão da família Justice para cobrir o restante da dívida.

Em outubro, investidores especializados em dívidas em dificuldades, McCormick 101 e Beltway Capital, de Maryland, também anunciaram um leilão do Greenbrier para recuperar US$ 20 milhões (R$ 122 milhões) de um título de dívida de US$ 140 milhões (R$ 854 milhões) que Justice havia deixado de pagar.

Como Justice, que comprou o Greenbrier por US$ 20 milhões (R$ 122 milhões) em 2009, pode agora estar prestes a perdê-lo? Porque, ao longo de uma carreira marcada por descumprimentos contratuais, desafiar ordens judiciais, atrasar pagamentos e quitar dívidas antigas com novas, ele esgotou a paciência de todos os seus credores. Executivos da indústria do carvão se recusam a fazer negócios com ele, afirmando que não é confiável. “Para ele, pagar contas é opcional e negociável. Ele só paga quando as pessoas o processam”, disse um alto executivo do setor de carvão, sob anonimato.

Ainda assim, de alguma forma, Big Jim sempre encontra uma nova tábua de salvação.

No caso do Greenbrier, a Fortress Investment Group, uma empresa de private equity de Nova York com US$ 49 bilhões (R$ 298,9 bilhões) em ativos, comprou a dívida de US$ 20 milhões (R$ 122 milhões) inadimplente (subordinada às reivindicações do Carter) e cancelou o leilão do resort. A Fortress foi cofundada em 1998 por bilionários como Wes Edens e Mike Novogratz. Em 2017, o Softbank Vision Fund, do bilionário Masayoshi Son, comprou 90% da Fortress por US$ 3,3 bilhões (R$ 20,13 bilhões), mas vendeu a participação em 2023 por US$ 3 bilhões (R$ 18,3 bilhões) para o Mubadala Investment, um fundo soberano de US$ 300 bilhões (R$ 1,83 trilhão) dos Emirados Árabes Unidos.

Agora que Justice está indo para Washington com apoio irrestrito às políticas do presidente eleito Donald Trump, é improvável que seus credores adotem medidas drásticas para executar suas dívidas. Como sempre, Big Jim pode encontrar uma maneira de sair do buraco.

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