Conheça a Brasileira Que Tem o Título de Melhor Produtora de Azeite do Hemisfério Sul

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O que faria um renomado chef norte-americano sair de North Palm Beach, na Flórida, onde está seu negócio familiar, a Olive Oil of the World, e pousar na minúscula Caçapava do Sul, município da Campanha Gaúcha de cerca de 30 mil habitantes a 270 quilômetros de Porto Alegre? Ah, e de quebra conhecer um rodízio durante o trajeto?  O nome desse desejo atende por Prosperato, marca reconhecida na sexta-feira (10) como a melhor produtora de azeite do hemisfério Sul, no EVOO World Ranking 2024 (EVOO, do inglês Extra Virgin Olive Oil). “É um reflexo não só da qualidade do nosso azeite e do nosso empenho”, diz Rafael Marchetti, 31 anos, sócio-fundador da empresa junto com o pai Eudes Marchetti, hoje com 65 anos e na ativa.

Rafael conta que não imaginava que o azeite da sua família pudesse trazer um chef como Rasheed Shihada até sua propriedade. Shihada esteve na Prosperato em 2019, depois que a fazenda foi premiada no New York International Olive Oil Competition. Rafael conta que não imaginava que o azeite da sua família pudesse trazer um chef como Rasheed Shihada até sua propriedade. 

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Desde então, a marca de Rafael acumula cerca de 100 premiações, incluindo a da semana passada.  “Muita coisa mudou depois que a gente começou a mandar os azeites para concursos, em 2016. Começamos a receber e-mails de pessoas querendo nos visitar, mas nunca vinham”, afirma. “De repente, o Rasheed estava aqui, maluco com a nossa produção. Ele compra nossos azeites até hoje e conta que a carne do rodízio de beira da estrada foi a melhor que havia comido.”

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Em 2024, a Prosperato trouxe para casa mais de 100 prêmios

De Mudas a 200 Hectares de Olival 

Eudes começou há 30 anos abrindo uma empresa de venda de mudas, a Tecnoplanta. Na época, ele era técnico agrícola e então coordenador de viveiro da Klabin, empresa florestal. “Meu pai brinca que um dia era funcionário e no outro dia tinha 150 funcionários”, conta Rafael. “Desde 1991, a empresa produz mudas florestais para o pequeno produtor e para as grandes empresas do Brasil que produzem celulose. Foi nesse contexto que surgiu a ideia de produzir azeite.” A decisão tinha um motivo.

Durante a crise financeira de 2008 – aquela, causada pelo colapso do mercado imobiliário nos EUA – a família se viu obrigada a diversificar os negócios. Nessa mesma época, o consumo de azeite estava crescendo no Brasil e mudas de oliveira pareciam uma opção de investimento. “Na época não tinha nenhum especialista no assunto”, diz Rafael. “Então, começamos a desenvolver mudas de oliveira, porque a propagação é semelhante ao que fazíamos com outras espécies florestais. Mas nem passava pela cabeça produzir nosso próprio azeite.”

Hoje, a Prosperato tem uma produção em quatro municípios. Além de Caçapava do Sul, onde também está lagar e uma loja, há produção em  Barra do Ribeiro, São Sepé e Sentinela do Sul. São 200 hectares de área plantada, com um processamento médio atual de 35 mil litros de azeites por ano. Em 2024, de acordo com Rafael, a família faturou R$ 8,6 milhões, 32% a mais que em 2023.

A marca trabalha com cerca de 50 variedades de pesquisa de oliva, mas em produção, se destacam as variedades de azeitonas Arbequina, Arbosana, Koroneiki, Picual, Frantoio, Coratina, Galega e Ascolana Tenera. 

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No começo do negócio, Eudes e Rafael Marchetti nem sonhavam em produzir azeite

A Prosperato também produz noz pecan e tem feito testes com a produção integrada de ovinos ao olival, mas as ovelhas não resistiram aos frutos. “No momento estamos sem ovelhas porque elas gostam de roer a casca de algumas variedades de oliveira e isso pode matar as árvores”, diz Rafael. Segundo ele, a pesquisa de integração com animais não foi descartada porque os ovinos são podadores naturais. Não por acaso, equinos ou suínos também podem ir para as lavouras.

É do Brasil e para o Brasil

Há um ditado popular, “quem tem cuidado não dorme”, que traduz no campo a pilha de premiações que a Prosperato acumula nos 12 anos de produção. “Sempre fazemos preparo e correção de solo, ciclos de cobertura vegetal para minimizar o uso de herbicidas e a nossa intervenção na produção da oliveira é mínima”, conta Rafael, que também lembra a importância da tecnologia. “A centrifugação e filtragem do azeite, com aparatos modernos, garantem que o produto vai ser de extrema qualidade”.

Para ele, o trabalho minucioso no campo e no lagar é o levou a Prosperato a ser reconhecida no mundo. “A produção de azeite é um trabalho de todos e uma orquestra que ninguém pode errar para sair o mais perfeito possível”. A empresa possui uma média de 35 funcionários, entre campo, indústria, loja física e online, mas na safra, pode aumentar para 80 a 100 pessoas. 

O produtor acredita que apostar no perfeccionismo não serve apenas para garantir a qualidade do azeite e as condecorações que tem ganhado mundo afora, mas, principalmente, para mostrar para o Brasil que o país pode ser um grande produtor. Vale lembrar que em 2024, para ser destaque no EVOO, a Prosperato trouxe para casa mais de 100 troféus internacionais, em premiações como o Athena IOOC, que ocorreu na Grécia, onde o azeite condimentado com pimenta jalapeño foi eleito o melhor do mundo na categoria de melhor azeite de oliva aromatizado ou infusionado. “Se não tivéssemos investido na produção de azeite, a gente não teria mostrado a viabilidade econômica, técnica e qualitativa do negócio para o Brasil”. 

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A Prosperato trabalha com cerca de 50 variedades de pesquisa de oliva

Em 2024, a produção nacional de azeite foi de cerca de 400 mil litros, concentrada principalmente no Rio Grande do Sul e na Serra da Mantiqueira, em São Paulo. Apesar do aumento de 23% em relação a 2023, o país importou 78 mil toneladas de azeite até dezembro do ano passado, e o principal fornecedor foi Portugal.

No caso do azeite premium, a produção nacional é ainda mais discreta e não há dados sobre ela. Mas as marcas já começam a chamar a atenção lá fora. A Prosperato, por exemplo, já tem clientes na Flórida, um deles trazidos justamente por Rasheed Shihada.

Para Rafael isso também é um prêmio, mas seu plano, segundo ele mesmo, é muito mais ambicioso: ele quer vender seu azeite para os brasileiros. “Enquanto muitos países usam os prêmios para conquistar outros mercados, a gente queria mostrar para o Brasil e que as pessoas dissessem ‘olha nosso azeite é bom’”. Faz sentido. Na ponta do lápis, o país não produz nem 1% de sua demanda.

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