O ano acaba de começar. É nessa época que muitas pessoas decidem definir, alinhar ou checar as próprias resoluções profissionais. Em um artigo do ano passado, publicado na mesma época do lançamento do Guia Salarial 2022, eu trouxe para essa coluna semanal algumas tendências do mercado de trabalho para este ano. Agora, com base em dados da 18ª edição do Índice de Confiança Robert Half, eu gostaria de compartilhar o que está propenso a acontecer na operação das organizações, com base na percepção de 387 recrutadores.
Contratar profissionais qualificados segue como um desafio
Apesar do alto número de desempregados na população em geral, encontrar aqueles com perfil técnico e comportamental adequado à vaga segue como um constante desafio para as organizações. A missão é categorizada pela maioria dos entrevistados como difícil (opinião de 57% deles) ou muito difícil (16%). Nesse cenário, minha recomendação é que os profissionais invistam na própria qualificação e que os empregadores entendam a contratação como parte da estratégia do negócio, considerando buscar o apoio de uma empresa especializada em recrutamento, principalmente quando o assunto é um perfil profissional muito específico, urgência na substituição do profissional, preenchimento de vagas estratégicas ou processos seletivos sigilosos.
Modelo híbrido de trabalho deve prevalecer em 2022
Dos 387 recrutadores entrevistados, 48% afirmaram que as empresas nas quais atual o modelo híbrido de trabalho foi o escolhido para o ano de 2022. Entre os restantes, 38% declararam que voltarão para o presencial e 3% optaram pela operação remota. Caso a sua organização esteja entre as 11% que ainda não se decidiram, minha recomendação é se abrir para entender quais são os desejos, as necessidades e as expectativas dos seus colaboradores. Essa iniciativa de escuta ativa tende a ampliar a perspectiva de quem precisa tomar uma decisão difícil como essa. Aos colaboradores que não se sentirem confortáveis com o modelo de trabalho escolhido pela empresa, sugiro uma conversa sincera com o gestor.
A característica híbrida também deve predominar nos processos seletivos
A pandemia nos trouxe muitos dissabores. Mas não dá para negar que foi um período em que aproveitamos para entender como otimizar muitos processos na nossa vida pessoal e profissional. Isso inclui os processos de recrutamento que, em 2022, devem ocorrer prioritariamente no formato híbrido. Pelo menos essa é a percepção de 71% dos recrutadores entrevistados para o ICRH. Apenas 18% afirmaram que vão manter o modelo presencial, enquanto 11% já migraram para o modelo totalmente remoto. Aos empregadores que optarem por algumas ou todas as etapas on-line, minha recomendação é manter atenção aos cuidados básicos do processo seletivo remoto para que a escolha final não seja prejudicada. Com relação aos candidatos a vagas, abuse das boas práticas para vencer a frieza da entrevista à distância.
Uma boa oportunidade vai além do salário competitivo
Na missão de atrair os melhores talentos do mercado, o 18º ICRH mapeou que as empresas estão prioritariamente se valendo da comunicação clara dos desafios de trabalho. A remuneração competitiva, permanece como algo muito importante, mas praticamente paralelo ao pacote de benefícios atrativo. Na sequência, aparecem o processo seletivo mais ágil, as boas práticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI, ações de responsabilidade social e projetos em prol do meio ambiente. No quesito retenção, o salário é imbatível, mas outros fatores têm se mostrado muito efetivos: feedbacks constantes, jornadas flexíveis, políticas de bem-estar e saúde mensal, treinamentos, planos de carreira e ações de DEI. No meu entender, os dados são um alerta para que tanto colaboradores quanto empregadores ampliem seus conceitos sobre o que torna um trabalho significativo.
É isso. Desejo que o nosso 2022 seja emocionalmente mais leve, mas desafiador o bastante para nos impulsionar a sermos melhores pessoas e profissionais.
Aqui neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half.
*por Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar