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O G20, no Rio de Janeiro, que acontece nesta segunda e terça-feira (18 e 19), no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, reúne 55 delegações de 40 países e 15 organismos internacionais das maiores economias do mundo. Discutir e coordenar políticas econômicas globais colocam na mesma mesa, de Xi Jinping, presidente da China que desembarcou no país neste domingo (17) a Javier Milei, presidente da Argentina, que chegou também com uma agenda paralela de encontros com líderes como o primeiro-ministro da Índia e o próprio presidente chinês.
Os debates nesses dois dias da Cúpula de 2024 são cruciais para o cenário global, com forte interesse para as políticas públicas e privadas nas quais os produtores rurais também estão envolvidos. O início da Cúpula do G20 representa uma oportunidade significativa para o agronegócio brasileiro. Aqui estão cinco razões fundamentadas que destacam essa importância, porque o setor também é parte da solução dos atuais desafios globais. O que ocorre país pode influenciar o mundo:
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1.Liderança em Segurança Alimentar Global
O Brasil, como um dos maiores produtores agrícolas do mundo, tem a chance de influenciar políticas globais de segurança alimentar. Durante a presidência brasileira do G20, foi lançada a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, visando erradicar a fome mundial até 2030. O Ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, afirmou: “A criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, sob a liderança do Brasil, é de todos nós.”
O país tem capacidade de produção em larga escala. Além de produtor é um dos maiores exportadores mundiais de alimentos, como soja, milho, carne bovina, suína e de frango. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Brasil é responsável por alimentar cerca de 10% da população mundial. O Brasil também tem capacidade para a diversificação da produção, fornecendo uma ampla gama de alimentos básicos e commodities a diferentes mercados. Atualmente, exporta para cerca de 200 países com segurança. Exemplo ocorreu durante a pandemia de Covid19, quando o Brasil manteve a exportação de produtos agrícolas, contribuindo para a estabilidade dos mercados alimentares globais.
2. Promoção de Práticas Agrícolas Sustentáveis
A cúpula oferece uma plataforma para o Brasil compartilhar e promover práticas agrícolas sustentáveis. Em setembro de 2024, o Grupo de Trabalho de Agricultura do G20 aprovou uma declaração ministerial destacando a promoção de práticas agrícolas sustentáveis como um dos eixos prioritários.
O Brasil é considerado um exemplo dessas práticas que combinam inovação, regulação e integração de tecnologias. Entre elas estão o Sistema de Plantio Direto (SPD), prática que evita o revolvimento do solo, mantendo a cobertura vegetal e reduzindo a erosão. Isso contribui para a conservação do solo e para o aumento da retenção de carbono. Na produção de cereais, a estimativa para o país é de cerca de 33 milhões de hectares em áreas de produção em SPD.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o SPD reduz em até 60% as emissões de gases de efeito estufa em relação ao sistema convencional de plantio. Há outras inovações, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e o Programa ABC+ (Agricultura de Baixo Carbono), em que o país foi pioneiro ao lançar o programa que incentiva práticas que capturam carbono e reduzem emissões no campo, como recuperação de pastagens degradadas, sistemas de plantio direto e ILPF. De 2010 e 2020, o programa ajudou a reduzir cerca de 170 milhões de toneladas de CO₂ equivalente.
O Brasil também tem investido em no desenvolvimento de biotecnologias em sementes e bioinsumos, na recuperação de áreas degradadas – segundo a Embrapa, mais de 50 milhões de hectares de pastagens degradadas já foram recuperados no Brasil – e o país tem um Código Florestal que está entre as legislações ambientais mais rigorosas do mundo. Ele exige que propriedades rurais mantenham Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais, protegendo biomas importantes. Na Amazônia, por exemplo, o código exige que 80% da área de propriedades privadas seja mantida como floresta nativa.
3. Acesso a Novos Mercados e Parcerias Comerciais
A participação ativa no G20 permite ao Brasil fortalecer relações comerciais e explorar novos mercados para seus produtos agrícolas. A cúpula facilita diálogos bilaterais e multilaterais que podem resultar em acordos comerciais. No G20, o Brasil tem a oportunidade de negociar diretamente com países como China, Estados Unidos e Índia, que são grandes importadores de commodities agrícolas brasileiras.
Durante cúpulas anteriores, diálogos bilaterais facilitaram a ampliação do mercado chinês para produtos brasileiros, como carne bovina e soja. Em 2023, o Brasil também ampliou sua presença no mercado asiático, com novos acordos para exportação de milho e carne para Indonésia e Tailândia, facilitados por discussões no G20. Há, também, a possibilidade de atração de investimentos e cooperação técnica.
4. Inovação e Tecnologia no Agronegócio
O G20 serve como um fórum para discutir e promover a adoção de tecnologias avançadas no agronegócio. A integração de inovações pode aumentar a produtividade e a competitividade do setor agrícola brasileiro no mercado global. Compartilhamento de tecnologias e boas práticas entre os países-membros, permite que o Brasil acesse inovações globais e adapte-as ao seu contexto agropecuário.
No apoio à transformação digital no agro, as discussões no G20 incluem iniciativas para promover a digitalização do setor agrícola, um tema prioritário para aumentar a eficiência e a competitividade do agronegócio brasileiro. A introdução de tecnologias digitais, como plataformas baseadas em inteligência artificial e blockchain, melhora o rastreamento de cadeias produtivas e a transparência para mercados internacionais.
O G20 oferece também oportunidades para o Brasil estabelecer parcerias em pesquisa e inovação, colaborando em projetos de ponta que podem beneficiar o setor agrícola. Por exemplo, a Embrapa, em colaboração com instituições internacionais, pode desenvolve novas variedades de cultivos adaptadas às mudanças climáticas, apoiadas por iniciativas discutidas no G20.
5. Fortalecimento da Economia Circular no Agro
A cúpula destaca a importância da economia circular, incentivando práticas que reduzem desperdícios e promovem a reutilização de recursos no agronegócio. O fortalecimento da economia circular no agronegócio brasileiro está ligado a vários aspectos. Um deles é a sustentabilidade ambiental. A adoção de práticas de economia circular permite a redução de resíduos e a reutilização de materiais, minimizando o impacto ambiental das atividades agrícolas. Por exemplo, a utilização de resíduos orgânicos como adubo natural contribui para a conservação do solo e a redução do uso de fertilizantes químicos.
Outro ponto é a eficiência econômica. Ao transformar resíduos em recursos, o agronegócio pode reduzir custos operacionais e aumentar a competitividade. A produção de bioenergia a partir de resíduos agrícolas, como a biomassa, é um exemplo de como a economia circular pode gerar valor econômico adicional. Há, também, o potencial atendimento às demandas de mercado.
Consumidores e mercados internacionais estão cada vez mais exigentes quanto à sustentabilidade dos produtos agrícolas. A implementação de práticas de economia circular pode agregar valor aos produtos brasileiros, atendendo a essas demandas e ampliando o acesso a novos mercados. No âmbito de políticas públicas e incentivos, ao longo dos anos, o governo brasileiro tem promovido a economia circular como estratégia de desenvolvimento sustentável.
A Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC), lançada neste ano, visa fomentar a inovação e a eficiência no uso de recursos, beneficiando diretamente o agronegócio. Também está no escopo a contribuição para a segurança alimentar, onde práticas de economia circular podem aumentar a resiliência e a produtividade agrícola. A regeneração de ecossistemas e a manutenção da fertilidade do solo são essenciais para sustentar a produção de alimentos a longo prazo.
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