Algodão na SPFW: da Roça à Passarela para Mostrar as Raízes da Moda Brasileira

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Na SPFW do algodão, 12 estilistas mostraram suas criações exclusivas

Cerca de 500 pessoas reservaram a noite de sexta-feira (18) para celebrar o algodão brasileiro em um dos maiores eventos de moda do mundo, a SPFW (São Paulo Fashion Week), que ocupou o Pavilhão de Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera. O desfile com tema “Manualidades – Raízes da Moda Brasileira”, organizado pelo movimento Sou de Algodão, trouxe a fibra em peças de tricô, renda e macramê, exaltando a tradição de tecer à mão.

“O desfile é resultado da união de todo mundo da cadeia do algodão, da união da tradição do passado”, diz Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e gestora do Sou de Algodão. “Faz parte da história do Brasil produzir peças com as mãos, com o olhar moderno do presente, da produção de algodão profissionalizada, com tecnologia, mas que ainda carrega a tradição do cuidado e da preocupação do produtor com a qualidade”.O movimento Sou do Algodão é uma iniciativa da Abrapa, criado em 2016.

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A produtora de algodão do Grupo Progresso, no Piauí, Ani Sanders, que esteve pela primeira vez na SPFW, diz que ficou emocionada ao ver a fibra que produz no centro das atenções de um dos maiores desfiles de moda do mundo. “Quem planta o algodão vive sonhando, imaginando onde estará a fibra que produz. Esse desfile foi um marco da qualidade e da valorização da nossa fibra, por meio de peças feitas por artistas renomados”, afirmou.

O resultado visto na passarela da SPFW é fruto de um processo cuidadoso que começa nos laboratórios e na lavoura. O algodão foi a matéria-prima de 36 peças em tons terrosos e floridas, produzidas por 12 estilistas parceiros que exploraram a fibra brasileira e a tradição ancestral da cultura regional. Entre eles estão Adriana Meira, Ateliê Mão de Mãe, Catarina Mina, David Lee, Heloisa Faria, Igor Dadona, João Pimenta, Martins, Ronaldo Silvestre, Thear, Walerio Araújo e Weider Silverio, que são nomes reconhecidos na moda brasileira. E alguns com presenças internacionais, como João Pinheiro na Paris Couture Week, ou Catarina Mina na Splash Paris, no White Milano e na Coterie New York.







































Para Rodrigo Burci Dias, gerente de marketing de algodão e feijão na Basf, multinacional de produtos químicos e biológicos, “o desfile começa quando a gente pega uma semente e cruza com outra, na primeira etapa, que é a do melhoramento genético”. E explica o porquê. “Assim, conseguimos produzir uma fibra de maior qualidade e um material genético que vai exigir menos uso de produtos químicos, o que ajuda muito o meio ambiente.”

Vale lembrar que 82% do algodão brasileiro possuem certificação socioambiental ABR (Algodão Brasileiro Responsável) e licenciamento Better Cotton, e com 100% da produção rastreada, além de ser uma fibra biodegradável e orgânica. Paulo Sergio Aguiar, vice-presidente da Abrapa, celebra o desfile e destaca a importância do trabalho da entidade como todos os elos envolvidos na cadeia produtiva do algodão. “Dentro da Abrapa e das outras associações, nós conseguimos, através do Algodão ABR, fazer uma certificação onde o consumidor pode identificar e saber todos os passos da produção. Isso precisa ser conhecido e valorizado”.

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De acordo com o executivo, o algodão tem sido uma constante na SPFW para mostrar qualidades em uma “passarela social” que começa nas inúmeras lavouras. O Brasil tem cerca de 2 mil produtores de algodão, a maior parte nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, com destaque para os estados de Mato Grosso, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul. Globalmente, cinco países — Índia, China, EUA, Brasil e Paquistão — representam uma parcela significativa da produção mundial da fibra, com contribuições menores de países como Turquia, Uzbequistão e Austrália. A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), estima que a indústria do algodão emprega cerca de 150 milhões de pessoas em 75 países.

“O algodão é a segunda maior cadeia de geração de empregos do mundo. Ou seja, queremos mostrar ao consumidor que ao escolher uma roupa de algodão, ele está colaborando com a responsabilidade social e ambiental de uma fibra biodegradável, orgânica”, afirma Aguiar.

Há 3 anos, organizar um desfile para exaltar o algodão na SPFW tem sido parte de uma estratégia para aumentar a adesão ao uso da fibra pelos próprios brasileiros. Mas o movimento Sou de Algodão não descarta a possibilidade de levar a pluma para a New York Fashion Week (NYFW), que acontece duas vezes por ano. Em fevereiro, para apresentar as coleções de outono/inverno, e em setembro, para as coleções de primavera/verão. Outras semanas da moda importantes ocorrem em Milão, Paris e Londres.

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