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A troca de ataques entre o Hamas, grupo terrorista que controla o governo de Gaza, e Israel desencadeou um conflito que elevou a tensão no Oriente Médio, uma região crítica para o mercado global de petróleo. Desde 7 de outubro de 2023, quando o Hamas realizou uma ofensiva surpresa invadindo território israelense, mais de 42 mil mortes foram registradas, além de 100 mil pessoas feridas.
O conflito escalou rapidamente, com a intervenção de outros grupos e países da região, como o Líbano, aumentando os riscos geopolíticos. Esses eventos impactaram diretamente o mercado de petróleo. O barril de Brent subiu mais de 5% ontem, data que marcou o primeiro ano do conflito, passando de US$ 80 e se aproximando do preço de um ano atrás, quando o barril encostou em US$ 88,15 justamente por conta do início das incursões israelenses em Gaza.
Apenas nos últimos 12 dias, a alta foi de quase 15%. O período corresponde a uma escalada do conflito, com o envolvimento de outros países da região.
O receio é de que interrupções na oferta de petróleo, especialmente se as hostilidades afetarem países produtores como o Irã, que, sozinho, é responsável por cerca de 4 milhões de barris por dia, causem impactos severos.
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Os mercados estão preocupados com a possibilidade de sanções econômicas adicionais ao Irã ou mesmo de interrupções nas rotas de transporte de petróleo, como o Estreito de Ormuz, que é responsável pelo fluxo de aproximadamente 21% do petróleo comercializado globalmente. Se o estreito for bloqueado ou houver ataques a instalações petrolíferas, a expectativa é que o preço do petróleo possa subir para US$ 90 ou mais, potencialmente superando os US$ 100 por barril, aprofundando a crise energética mundial.
Especialistas também avaliam que um aumento sustentado no preço do petróleo poderia levar a uma pressão inflacionária disseminada por todo o mundo, afetando custos de produção e transporte. Segundo Idean Alves, da Aware Investments, “um valor acima de US$ 90 por barril por um período prolongado pode pressionar os preços ao consumidor”.
A atenção do mercado agora está voltada para a possível resposta de Israel após mísseis disparados por Teerã atingirem seu território na semana passada. A situação adiciona uma camada de complexidade ao já volátil cenário no Oriente Médio, com especialistas avaliando a possibilidade de ataques israelenses contra instalações petrolíferas no Irã. Se isso ocorrer, o cenário de queda na oferta, junto à demanda que cresce após diversos países começarem os cortes de juros para estimular suas economias, pode gerar uma crise de impacto inimaginável no momento.
Diante dessa ameaça, o Ministro das Relações Internacionais do Irã, Abbas Araqchi, disse que “qualquer ataque às infraestruturas iranianas implicará em uma resposta mais forte”.
Um dia de cada vez
Se ontem o petróleo subiu 5%, hoje a queda é semelhante. Isso acontece porque, após intensificar os ataques, Israel está focando em atacar instalações militares no Irã e não nucleares como era imaginado inicialmente. Para a Ativa Investimentos, o mais provável é que o preço do barril se consolide na faixa entre US$ 70 e US$ 80, sem ocupar os extremos.
Petróleo e o impacto na economia
Qual o impacto de uma alta súbita dos preços do petróleo sobre a economia mundial (e a do Brasil)? Se for um movimento rápido, uma alta que se dissipe em poucas semanas, o efeito será reduzido. Porém, um período de alta prolongado terá um forte impacto inflacionário sobre os Estados Unidos e os demais países da Europa, além da China.
O petróleo é uma commodity estratégica, não apenas pelo transporte rodoviário, mas pela geração de energia. Por isso, cotações elevadas vão encarecer a eletricidade e pressionar a inflação, pois o aumento de custos poderá ser repassado a quase todos os demais produtos da economia.
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Uma alta da inflação americana tornaria mais difícil ao Federal Reserve (FED), o banco central americano, reduzir os juros nos EUA, o que manteria o dólar apreciado ante as demais moedas, o real inclusive, pressionando a inflação brasileira e levando o Comitê de Política Monetária (Copom) a elevar ainda mais os juros.
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