O ano de 2020 foi um choque. Nos adaptamos e, em 2021, aceleramos as mudanças que precisavam ser feitas para encararmos esta nova realidade. Em 2022, estaremos diante de uma nova era da humanidade, e o seu paradoxo. Ao mesmo tempo que será cada vez mais digital e norteada pelas novas tecnologias habilitadoras do futuro, também é humana e direcionada por novos questionamentos, que terão que ser respondidos para entendermos se estamos no lugar certo no nosso trabalho, como cidadãos e consumidores.
Por que estou fazendo esta tarefa? Qual a história por trás do produto ou solução que estou adquirindo? Reflexos de um cenário que acelerou mudanças, uma transformação reativa, forçada, não esperada. Os desafios econômicos, políticos e sanitários, que enfrentamos em uma intensidade que nem imaginávamos que seria possível, nos trouxeram até aqui, onde estamos agora.
E o que vem aí em 2022? Uma transformação real exige mudanças de mentalidade e novas habilidades. Agora, estamos falando de uma reinvenção que será intencional e, portanto, precisa ser planejada a partir dos ensinamentos que tivemos nesse período. Estamos redesenhando as nossas empresas e nos transformando a partir de uma realidade mais conectada e colaborativa.
Habilidades do futuro
A tendência para 2022 será de empresas mais fluidas, estruturas mais planas e não hierárquicas e reinvenção de onde o trabalho será feito. As organizações terão que ter muito claras as funções, habilidades e mentalidades que precisam ter no seu time para que ele consiga ser capaz de efetivar a sua estratégia de negócio. O caminho? Habilitar a lógica da agilidade de aprendizagem, capacitar as pessoas para serem mais produtivas e reconectá-las ao propósito da organização. Cerca de 50% de todos os funcionários precisarão de requalificação até 2025. Manter os times engajados é essencial para o sucesso das empresas. Trabalhadores altamente engajados costumam superar os demais em 10% na avaliação de clientes em 21% na produtividade e 22% na rentabilidade, aponta a especialista Stefanie Johnson, no livro Inclusifique.
Novas tecnologias
Vivemos para ver um voo orbital de turismo espacial em 2021 – aventura iniciada com a SpaceX, de Elon Musk. A tecnologia está nos levando a caminhos nunca antes imaginados, e isso deverá se consolidar em 2022, com o 5G habilitando uma série de evoluções como os carros autônomos, metaverso, computação quântica, Internet da Coisas e Inteligência Artificial. O nosso desafio? Fazer o melhor uso possível dessas tecnologias para acelerarmos os negócios, melhorarmos as nossas cidades e a qualidade de vida das pessoas.
Investimentos temáticos
Os clientes não vão mais aceitar a falta de cuidado das empresas com o mundo em que vivem. Isso é fato. Quase 6 em cada 10 consumidores estão dispostos a mudar seus hábitos de compra para reduzir o impacto ambiental, aponta o estudo Future of Work Trends 2022, da Korn Ferry, consultoria global. A proporção de empresas do ranking S&P 500 usando métricas Environmental, Social and Corporate Governance (ESG) deve crescer de 44% para 60% em 2022. Cerca de 71% dos profissionais dizem que considerariam receber menos para trabalhar em uma empresa mais alinhada com os seus valores. Os avanços tecnológicos e as novas demandas que surgem do mercado consumidor devem fazer com que tenhamos um crescimento dos fundos de investimentos temáticos, como os voltados para as mudanças climáticas. É uma diversificação que pode fazer com que os investidores consigam capturar as tendências e ter uma melhor performance.
As dores da sociedade
A busca de um melhor equilíbrio social é uma supertendência para a era pós-Covid segundo estudo do CreditSuisse. Empresas com soluções para abordar a igualdade de oportunidades e acessibilidade das necessidades humanas essenciais, como moradia, educação, saúde e segurança pessoal sairão na frente na preferência dos investidores.
Saúde mental é assunto sério
Sentimentos de exaustão, esgotamento de energia, negativismo em relação ao próprio trabalho e redução da eficácia profissional se intensificaram desde que iniciou a pandemia. Algumas empresas saíram na frente e criaram ambientes de acolhimento para ajudar os seus times e lidarem com o cenário desafiador da Covid-19. Agora, isso terá que ultrapassar as ações pontuais e fazer parte da estratégia das companhias. A partir do dia 1º de janeiro de 2022, a síndrome de burnout será considerada uma doença ocupacional, com a CID 11. Com a nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), burnout passa a ser considerado resultante exclusivamente do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso, exigindo uma maior responsabilidade das empresas para lidar com isso.
Liderança humanista
Estruturar um time é algo muito simples se ele for igual. Mas é isso que queremos e precisamos? No próximo ano, o desafio dos líderes será ainda maior. É preciso seguir acolhendo as diferenças para que as pessoas se sintam elas mesmas e, ao mesmo tempo, mostrar a cada integrante que ele é uma peça essencial e valorizada, para que ele sinta que pertence à organização.
O que nos aguarda em 2022? Vamos em frente, na direção de uma sociedade superinteligente. É o que os japoneses estão chamando de Sociedade 5.0, que emerge da pandemia com a tecnologia sendo aplicada para melhorar a vida das pessoas, do capitalismo sustentável e da cocriação de valor em tudo que fazemos.
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