IA: Oportunidade de Investimento é Comparável à da Internet nos Anos 1990

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Fachada da Nvidia: valorização de 183% em 12 meses pode parecer uma bolha

 

Nos 12 meses até a quinta-feira (19), as ações da Nvidia, principal fornecedora de equipamentos para a Inteligência Artificial (IA), haviam acumulado uma valorização de 183,1% em dólares. Para comparar, o índice americano S&P 500 subiu 28,6% no mesmo período. Tamanha valorização em um período curto de tempo levanta a pergunta: quem não investiu em IA perdeu essa oportunidade?

Para os especialistas, não. Um relatório do Bank of America indica que a IA ainda está em seus estágios iniciais em termos de oportunidades de investimento. O cenário atual é comparável ao da internet nos anos 1990: um grande potencial de valorização do setor, apesar de não se ter certeza de quais serão as empresas vitoriosas.

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O relatório foi publicado em um momento de ceticismo. Investimentos vultuosos vêm sendo anunciados, o que pode dar a impressão de bolha. Na quarta-feira (18), a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, anunciou um fundo de investimentos em IA de US$ 30 bilhões. Os recursos vão reforçar a infraestrutura de centros de dados e projetos de energia, em parceria com a Microsoft, a própria Nvidia e investidores de Abu Dhabi. No início deste ano, a Microsoft firmou um acordo energético de US$ 10 bilhões e 10 GW com a Brookfield Asset Management para apoiar a infraestrutura energética necessária para o desenvolvimento da IA.

Larry Fink, CEO da BlackRock, afirma que a infraestrutura de IA vai gerar oportunidades de investimento de trilhões de dólares. “Os centros de dados são a base da economia digital, e esses investimentos ajudarão a impulsionar o crescimento econômico, criar empregos e promover a inovação”, disse ele ao comentar o lançamento. Além dos US$ 30 bilhões em capital, o fundo pode captar mais US$ 70 bilhões por meio da emissão de dívida.

Segundo o relatório do BofA, “os céticos avaliam que o potencial de receita da IA Generativa não justifica esses investimentos em infraestrutura”. Porém, segundo o banco, vale uma comparação com o início da internet. “Muito mais significativos do que os primeiros casos de uso da internet, foram os milhares de negócios que surgiram por causa da internet.”

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O relatório baseia-se em uma pesquisa com cerca de 3 mil analistas de ações. A conclusão é que a IA Generativa, com o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022 é o terceiro grande ciclo tecnológico dos últimos 50 anos. O primeiro foi o surgimento da computação pessoal, em 1981 e o surgimento da internet em 1994.

No entanto, segundo os especialistas, há uma diferença. Os ciclos anteriores levaram cerca de 15 anos cada para se transformarem em produtos de massa, capazes de sustentar empresas. “O impacto da IA provavelmente se materializará mais cedo”, afirma o relatório. “A IA generativa pode catalisar uma evolução tecnológica que vai afetar todos os setores e transformar a economia global nos próximos cinco a dez anos.”

Impacto setorial

Os investidores estão superestimando o impacto da tecnologia no curto prazo e subestimando seu potencial transformador no longo prazo, afirma o relatório. “O investimento em capital em IA pode ultrapassar US$ 1 trilhão nos próximos anos, mas se compararmos o estágio atual com o surgimento da internet, ainda estamos em 1996.”
Os estrategistas preveem que a IA impulsionará a expansão de margens para a maioria dos grupos industriais. Os setores de semicondutores e software terão ganhos particularmente grandes, com crescimento de margem de aproximadamente 4,8% e 5,2%, respectivamente, nos próximos cinco anos.

Gerson Brilhante analista de investimentos da Levante Inside Corp, avalia que o mercado está “exausto” em recalcular para cima os lucros das empresas de IA a cada trimestre, refletindo a euforia recente com o setor. “No entanto, o potencial da IA ainda está longe de ser totalmente explorado, e o setor tem muito a acrescentar à economia no longo prazo”, diz ele. “A aplicação de IA em diversas indústrias e o impacto nos modelos de negócios e produtividade sustentam a ideia de que, mesmo com ajustes no caminho, o movimento é mais do que apenas passageiro.”

Brilhante diz concordar com a comparação com a internet na década de 1990. “Ambos os momentos representam revoluções tecnológicas com enorme potencial de transformação econômica e social, que culminam em ganho de produtividade”, diz ele. “Assim como a internet se consolidou e se tornou parte integral da economia global, a IA tem fundamentos sólidos para crescer de forma sustentada no longo prazo.”

Os números da Nvidia são um bom exemplo. Segundo Thiago Kurth Guedes, diretor da Bridgewise do Brasil, fintech israelense que usa IA para recomendar ações, a Nvidia apresenta métricas financeiras relevantes, com um patrimônio de US$ 34,1 bilhões. A geração de caixa medida pelo Ebitda é de US$ 9,8 bilhões e a rentabilidade patrimonial é de 29,7%. “A recomendação de compra para a Nvidia vem de seu desempenho financeiro geral e da posição competitiva no setor”, diz ele. “A diferença do cenário atual com o dos anos 1990 é o volume de receita: na bolha da internet, a maioria das empresas não tinha faturamento, mas a Nvidia e as grandes empresas de tecnologia são muito mais consolidadas.”

Riscos

Apesar do entusiasmo em torno dos potenciais ganhos de produtividade da IA generativa, há aqueles que veem sua ascensão futura com ceticismo.

Se as recentes valorizações das ações de empresas de tecnologia relacionadas à IA refletirem a antecipação de enormes ganhos de produtividade, os investidores poderão enfrentar turbulências se a revolução ocorrer um pouco mais tarde, ou de forma menos intensa do que o esperado, disse Christopher R. Jackson, vice-presidente sênior da UBS Wealth Management em uma entrevista ao The Wall Street Journal.

Dado o que as empresas estão gastando em aplicações de IA generativa, a tecnologia precisará ser revolucionária, afirma Jim Covello, chefe de pesquisa de ações globais do Goldman Sachs. E ainda não chegou lá, acrescenta ele. “A tecnologia de IA é excepcionalmente cara e, para justificar esses custos, a tecnologia deve ser capaz de resolver problemas complexos, o que ela não está projetada para fazer.”

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