Selic e Fed: como as decisões de juros impactam a economia em 2024

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Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic para 10,75% ao ano, enquanto o Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos reduziu em 0,50 ponto percentual suas taxas, deixando-as entre 4,75% e 5% ao ano.

São decisões que refletem realidades econômicas distintas e trazem implicações importantes para investidores e para a economia global.

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O cenário nos Estados Unidos

A decisão do Fed de reduzir as taxas de juros é um reflexo da busca por controlar a inflação que, embora venha dando sinais positivos após três anos de alta, ainda é considerada preocupante para os padrões norte-americanos.

Jerome Powell, presidente do Fed, justificou o corte como uma medida para evitar uma possível recessão, embora alguns analistas já não acreditem tanto nessa possibilidade, prevendo um “pouso suave” para a economia. A expectativa do mercado é de que aconteçam novos cortes ainda este ano, levando os EUA a encerrar 2024 com taxa de juros entre 4% e 4,5%.

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Inversamente ao que aconteceu nos Estados Unidos, o Banco Central do Brasil optou por um aumento na taxa Selic.

Este movimento tem impulsionado o mercado acionário americano, com destaque para as empresas de tecnologia. No entanto, setores mais tradicionais da economia, que ficaram para trás nessa alta da bolsa, podem agora encontrar um terreno mais fértil para crescimento com o estímulo dos juros mais baixos.

A decisão do Copom no Brasil

Inversamente ao que aconteceu nos Estados Unidos, o Banco Central do Brasil optou por um aumento na taxa Selic. Esta decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) reflete a preocupação com pressões inflacionárias, volatilidade cambial e a situação fiscal do país. O comunicado do Copom destaca uma “assimetria altista nos riscos” para a inflação, citando fatores como a resiliência da inflação de serviços e um cenário fiscal desafiador.

É importante notar que o Brasil foi um dos pioneiros a iniciar o ciclo de queda da Selic, que vinha ocorrendo desde agosto de 2023. A taxa chegou a 13,75% entre agosto de 2022 e agosto de 2023 para conter a inflação, e depois começou a cair gradualmente até atingir 10,5% recentemente.

A meta de inflação no Brasil é de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Atualmente, o IPCA acumulado em 12 meses está em 4,24%, próximo ao limite superior da meta,. Isso justifica a cautela do Banco Central em sua decisão de elevar a Selic.

Alguns analistas veem este aumento como pontual, não necessariamente sinalizando que a inflação esteja descontrolada. Há preocupações com fatores como a seca e as queimadas, que podem pressionar os preços dos alimentos, mas o cenário geral ainda é de relativo controle inflacionário.

Impactos nos Investimentos

Renda Fixa

Com o aumento da Selic, investimentos em renda fixa pós-fixada, como o Tesouro Selic, CDBs, LCIs e LCAs indexados ao CDI, tendem a oferecer retornos mais atrativos, podendo inclusive se beneficiar de novos aumentos na taxa de juros, já que a expectativa do mercado, de acordo com o último Boletim Focus, é de que o Brasil encerre 2024 com a Selic em 11,75% ao ano.

Bolsa de Valores

Na B3, acredito que podemos esperar uma performance diferenciada entre os setores. Empresas de setores não cíclicos, como seguradoras e bancos, tendem a se beneficiar do cenário de juros mais altos. Por outro lado, aqueles setores mais sensíveis à alta da taxa de juros, como varejo, shoppings e construção civil, podem enfrentar desafios devido ao aumento no custo de capital e possível redução no consumo, já que a subida da Selic torna os empréstimos mais caros tanto para as empresas quanto para as famílias.

Fundos Imobiliários

Os Fundos Imobiliários (FIIs) de tijolo podem sofrer pressão no curto prazo, mas já temos acompanhado o IFIX caindo há algum tempo, então, no geral, dá para concluir que o atual cenário já vem sendo precificado há algum tempo.

O que pode ocorrer, é termos alguma redução nos dividendos desses FIIs acompanhado por aquele movimento já conhecido, de investidores mais leigos que se assustam com a queda dos dividendos e acabam vendendo suas cotas. Isso pode até provocar alguma queda momentânea nos preços dos FIIs de tijolo, mas não imagino que vá ser algo muito significativo.

Além do mais, para quem investe para longo prazo, esse tipo de queda pontual é sempre uma oportunidade de comprar bons fundos a preços mais baixos.

Os FIIs de papel, em sua maioria não devem ter mudanças significativas, pois boa parte deles é atrelado ao IPCA,e a variação deste indicador não será algo tão impactante, já que a projeção do mercado é encerrarmos o ano com IPCA em torno de 4,35%.

Os fundos de papel que devem se beneficiar com o aumento das taxas de juros são aqueles atrelados ao CDI, pois seus dividendos certamente irão aumentar.

Investimentos nos EUA

Para quem investe no exterior, a redução das taxas de juros americanas, deve tornar ativos de risco, incluindo ações e criptomoedas como o Bitcoin, bem atrativos. E por aqui, essa queda dos juros nos EUA pode trazer um fluxo de capital de investidores estrangeiros em busca da Selic alta, potencialmente fortalecendo o real e ajudando no controle da inflação no médio prazo.

Perspectivas para o pequeno investidor

O cenário econômico global ainda tem muitas incertezas geopolíticas e pressões inflacionárias. Aqui no Brasil, a sinalização do Banco Central é de seguir vigilante, com possíveis ajustes na política monetária conforme a evolução do cenário econômico.

Sugiro a você que mantenha o foco na diversificação e balanceamento de seus investimentos, sem ficar girando carteira em função de movimentos momentâneos.

É comum que as pessoas vejam a Selic alta e busquem os títulos do governo visando ganhar na marcação a mercado, o que é bem interessante e pode ser lucrativo, desde que você tenha experiência, pois isso é fazer trade em renda fixa, então, requer que se saiba analisar gráficos da curva de juros futuros para entender os movimentos e agir no timing certo.

No geral, para quem investe para médio e longo prazo, a diversificação continua sendo uma estratégia muito mais interessante, principalmente se você não for um investidor experiente.

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No meu canal do youtube eu fiz um vídeo analisando com mais detalhes as perspectivas de mercado com alta da Selic e queda de juros nos EUA. Te convido a assistir e, se tiver perguntas sobre o tema, ficarei feliz em te responder por lá.

Eduardo Mira é investidor profissional, analista CNPI, pós graduado em pedagogia empresarial, coordenador do MBA em Planejamento Financeiro e Análise de Investimentos da Anhanguera Educacional, sócio do Clube FII e sócio fundador da holding financeira MR4 Participações.

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