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O investidor bilionário Walter Kortschak está confiante em sua fórmula do sucesso: “Investir é sobre duração e persistência”, afirma. “Eu não conheço muitas pessoas nessa indústria que tenham feito investimentos desde estágios iniciais, crescimento de capital e private equity e feito isso bem, por tanto tempo, de forma consistente”, disse Kortschak, 65, à Forbes.
O experiente investidor possui casas em Aspen e Londres, além de um terreno de mais de mil hectares na ilha de Kauai. Ele adquiriu a maior parte de suas terras no Havaí, onde a franquia Jurassic Park foi filmada e próximo da propriedade de Mark Zuckerberg, em 2003.
Hoje, os ativos de Kortschak são avaliados em cerca de US$ 1,6 bilhão (R$ 8,9 bilhões), graças ao seu tempo na firma de growth equity Summit Partners e, mais tarde, aos seus investimentos pessoais em empresas em estágio inicial que renderam grandes retornos.
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A trajetória do bilionário Walter Kortschak
Nascido no Canadá, filho de pai austríaco e mãe americana, Kortschak teve uma infância internacional, crescendo grande parte em Genebra, já que seu pai trabalhava na filial suíça da fabricante de produtos químicos DuPont.
Inicialmente, Kortschak queria ser engenheiro de software e obteve dois diplomas na área: um bacharelado pela Oregon State University e um mestrado pelo Caltech.
Em seguida, ele se juntou a uma startup de computação em 1982, que mais tarde se tornou a MSC Software. Alguns anos depois, voltou à escola de negócios na UCLA, onde foi um dos dois “Venture Fellows” em 1985. Por meio do programa de bolsas, que coloca os alunos para trabalhar em empresas de capital de risco durante o verão, Kortschak estagiou na Crosspoint Venture Partners, uma empresa de investimentos em estágio inicial. Ele ingressou na Crosspoint em tempo integral em 1986, uma época difícil para entrar no venture capital. Ele diz que havia “provavelmente oito” posições de associado em toda a indústria naquele ano.
Kortschak deixou a Crosspoint e se juntou à Summit Partners em 1989 para se concentrar em investimentos em estágios mais avançados: empresas lucrativas e em fase de crescimento, principalmente no setor de tecnologia. Na época, a Summit era uma empresa de cinco anos com US$ 400 milhões (R$ 2,2 bilhões) sob gestão, e Kortschak foi encarregado de abrir o escritório da costa oeste da companhia, sediada em Boston. Um de seus primeiros grandes investimentos foi na empresa de segurança McAfee em 1991, que abriu capital apenas um ano depois, proporcionando um retorno de 9 vezes para a Summit.
Durante suas duas décadas na companhia, Kortschak fez seu nome, figurando na Midas List da Forbes – a lista dos melhores investidores de capital de risco do mundo – de 2005 a 2009. Ele esteve envolvido em muitos investimentos e aquisições tecnológicas da Summit, incluindo a empresa de ótica computacional E-Tek Dynamics (com um retorno de 61 vezes) e a empresa de redes de dados Xylan (com um retorno de 127 vezes).
Ele deixou seu papel ativo na Summit em 2010, quando a empresa já havia ultrapassado US$ 5 bilhões (R$ 27,8 bilhões) em ativos, e tornou-se investidor-anjo e consultor, cargo que ocupa até hoje.
Carreira solo
Com décadas de experiência no currículo, o bilionário decidiu seguir carreira solo e retornar aos investimentos em estágio inicial.
Por meio da Firestreak Ventures, Kortschak investe em infraestrutura de aprendizado de máquina e empresas voltadas para desenvolvedores, e com a Kortschak Investments, investe em empresas de software, saúde, fintechs e energia limpa em estágio de crescimento.
Kortschak foi um dos primeiros investidores em várias empresas que agora são públicas, incluindo The Trade Desk, Lyft, Palantir, Robinhood e Twitter. Ele agora também está apostando em IA, com participações na OpenAI e Anthropic, entre outras empresas.
Ele diz que sua carreira de investidor de fato completou um ciclo – do estágio inicial ao capital de crescimento e agora de volta ao estágio inicial – ainda que, desta vez, os tipos de empresas sejam diferentes.
Confira, abaixo, destaques da entrevista do investidor bilionário Walter Kortschak para a Forbes:
Forbes: Há alguma ideia de investimento atual ou tema que você considera mais importante hoje?
Walter Kortschak: Acredito que os investidores, independentemente do estágio, precisam analisar cuidadosamente a quantidade de capital necessária para levar uma empresa ao ponto de equilíbrio. Estamos enfrentando condições de mercado financeiro que não são favoráveis para IPOs, e um mercado de fusões e aquisições (M&A) que tem se tornado cada vez mais seletivo e encolhido há algum tempo.
Os investidores precisam ser pacientes, pois seus investimentos permanecerão privados por mais tempo e terão menos oportunidades de liquidez. Como resultado, o ônus agora recai sobre o investidor de venture capital para ajudar suas empresas a alcançarem a lucratividade e equilibrar isso com o crescimento da receita, mas de maneira eficiente em termos de capital.
O caminho de saída mais comentado hoje é por meio de private equity, mas esses compradores tendem a ser conservadores na forma como precificam e geralmente não pagam a mais, além de não gostarem de financiar perdas operacionais. Quanto mais capital investido, mais difícil é criar um alinhamento entre a gestão e os investidores.
Falando em setores, obviamente, todos estão focados em IA. É uma espécie de corrida do ouro agora. Muitos casos de uso serão automatizados pela IA e impulsionados por aplicativos construídos sobre modelos fechados, como a OpenAI, ou modelos de código aberto. No curto prazo, os resultados dos investimentos em IA podem decepcionar, mas no longo prazo, o impacto da IA em praticamente todas as indústrias será profundo. Meu conselho pessoal é ser seletivo, investir em fundadores fora da curva e ser disciplinado no número de investimentos que você está fazendo e no capital que está alocando para gerenciar a exposição ao risco.
Qual é o maior risco que os investidores enfrentam hoje, seja de uma perspectiva ampla de estratégia ou do ambiente atual de investimentos?
FOMO, ou medo de ficar de fora. Tentar vencer negócios que todos querem ganhar, essencialmente os “negócios quentes”. O risco é que os investidores fiquem desesperados, especialmente quando perderam recentemente um processo competitivo. Daí o FOMO. Os investidores então tendem a exagerar ao investir em um setor a qualquer custo e tomar atalhos.
A outra estratégia é a chamada “caça às trufas”, que envolve uma abordagem mais deliberada e paciente de identificar oportunidades subvalorizadas, em setores que outros investidores não estão olhando. Essa estratégia exige considerável expertise no setor, então conversar com fundadores, investidores e especialistas da indústria, além de mapear o cenário, é fundamental. Ambas as estratégias funcionam. É apenas uma questão de ter disciplina para não se deixar levar pela histeria coletiva de um setor.
Qual investimento você considera seu maior triunfo?
Meu maior investimento na Summit foi a E-tek Dynamics. A E-tek foi pioneira no setor de componentes ópticos. Eu liguei diretamente para a fundadora, Theresa Pan, em 1996. Ela e seu marido, J.J. Pan, dirigiam a E-tek há mais de 14 anos, crescendo o negócio para mais de US$ 30 milhões (R$ 167,13 milhões) em receitas e alcançando a lucratividade.
Eles estavam buscando diversificar seu patrimônio líquido e trazer uma equipe para ajudar a empresa a ir mais longe. Passei um ano convencendo Theresa a trabalhar com a Summit em vez de vender o negócio para a Corning. Em 1997, ela e o marido concordaram em vender 60% da empresa para a Summit por US$ 120 milhões (R$ 668 milhões). Eu me tornei presidente e parte do plano era ajudá-la a se afastar da empresa para dedicar mais tempo à sua filha adolescente. Recrutamos um CEO, Michael Fitzpatrick, como parte de uma estratégia de sucessão e montamos uma equipe de gestão de classe mundial. A nova equipe diversificou a linha de produtos da empresa para subsistemas ópticos integrados, que se tornaram uma commodity valiosa para provedores de telecomunicações que construíam a infraestrutura de fibra óptica. A empresa concluiu um IPO em 1998, fez várias ofertas subsequentes, duas aquisições e, finalmente, vendemos a empresa para a JDS Uniphase por US$ 18,4 bilhões (R$ 102,5 bilhões) em 2000, em uma das maiores fusões tecnológicas da história. A Summit investiu US$ 108 milhões (R$ 601 milhões) em 1997 e retornou US$ 4,2 bilhões (R$ 23,3 bilhões), gerando um múltiplo de 40x sobre o custo e um IRR de 350%.
Meu maior investimento como investidor-anjo foi o The Trade Desk (TTD) em 2012. O TTD é uma plataforma de publicidade programática voltada para o lado da demanda. Fui apresentado à empresa por meio da minha rede de investidores no sul da Califórnia e fiquei impressionado com o fundador, Jeff Green, e sua grande visão para a empresa. Nós temos a mesma filosofia de levantar o mínimo de dinheiro necessário para alcançar a lucratividade. Investi US$ 367 mil (R$ 2 milhões) na rodada da Série A em 2012 por 2% da empresa, ou uma avaliação de US$ 18,75 milhões (R$ 104,45 milhões). A empresa fez IPO em 2016 e agora tem um valor de mercado de quase US$ 50 bilhões (R$ 278,5 bilhões). Minha participação ajustada se tornou 6,66 milhões de ações, e com o preço das ações a US$ 90 (R$ 501), isso valoriza o investimento em cerca de US$ 600 milhões (R$ 3,3 bilhões), ou um múltiplo de 1.600x sobre o custo.
Qual investimento você considera sua maior decepção e o que aprendeu com isso?
Sem revelar nomes, um dos meus investimentos pessoais concluído em 2015. A empresa levantou muito capital durante o auge da bolha de financiamento em 2018, a uma avaliação muito alta. O capital deu à empresa carta branca para expandir o negócio em várias direções. Já é difícil construir uma startup focando em resolver um problema, mas praticamente impossível construir três negócios distintos, apenas distrações demais. O que aprendi: é perigoso supercapitalizar uma empresa jovem e a combinação de um negócio intensivo em capital com margens brutas relativamente baixas é muito difícil de superar.
O que você aprendeu com alguns de seus mentores?
Vá a uma reunião com a mente preparada e esteja pronto para defender sua posição. Tenha uma opinião. Além disso, lembre-se de que investir em venture capital é tanto sobre entrar quanto sair. Poucos em nossa indústria são habilidosos em fazer os dois. Aqueles que são, tornam-se lendas na nossa área.
Livros que você recomenda a todo investidor?
“Bad Blood”, de John Carreyrou. É o livro sobre a Theranos, a startup de testes de sangue e sua fundadora e CEO, Elizabeth Holmes, que se tornou o maior caso de fraude corporativa desde a Enron. Para mim, esse livro foi um alerta para funcionários, investidores, membros do conselho e até parceiros corporativos.
“O Dilema da Inovação”, de Clayton Christensen. Ele fala sobre por que certas empresas líderes de mercado se tornam vulneráveis a startups quando se tornam complacentes e avessas ao risco. Isso ressoou muito comigo, especialmente por minha experiência como investidor na Diamond Multimedia Systems, que foi desafiada pela Nvidia.
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