Campeão da F3 e recorde na F2: a trajetória de Gabriel Bortoleto rumo à F1

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Bortoleto bateu um recorde ao vencer a corrida mesmo largando na última colocação

A chance de o Brasil voltar ao grid da F1 aumentou nas últimas semanas e graças ao desempenho de uma jovem promessa que conquistou títulos do kart, na F3 e bate recordes na F2: Gabriel Bortoleto. Seu nome está sendo cotado para a última vaga de titular ainda em aberto para 2025, na equipe Sauber (que foi comprada pela Audi).

A vaga é bem concorrida, incluindo nomes que já venceram na F1, como o dono atual do assento, o finlandês Valtteri Bottas, mas Bortoleto mostrou na pista o porquê de as especulações com seu nome aumentarem nos últimos dias: em Monza, onde nossa reportagem esteve presente na cobertura do GP da Itália, o brasileiro bateu um recorde ao vencer a corrida mesmo largando na última colocação, saindo em 22º lugar.

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“Foi a melhor corrida da minha vida e espero que tenha sido um importante marco para o meu futuro”, disse Bortoleto a FORBES após a corrida. Essa foi a segunda vitória do piloto de 19 anos na principal categoria preliminar da F1 – vale lembrar que este é o seu ano de estreia na categoria, após o título de campeão da F3 em 2023.

Um piloto vencer as duas categorias preliminares (F3 e F2) em seu primeiro ano é um forte atrativo para as equipes e pode ajudar a garantir vagas – como aconteceu com Charles Leclerc, da Ferrari, e Oscar Piastri, da McLaren – coincidentemente primeiro e segundo colocados no GP da Itália de F1 deste ano.

Além disso, Bortoleto já tem bom vínculo com o meio da F1: integra a academia de jovens pilotos da McLaren, tem sua carreira gerenciada pela agência de Fernando Alonso e conta com bons patrocinadores brasileiros, como Porto e Banco BRB.

A própria dona da categoria, Liberty Media, sabe da importância da volta de um piloto brasileiro no grid para seus negócios. Atualmente, o Brasil, com 212 milhões de habitantes, é um dos únicos países do mundo a contar com transmissão em TV aberta, que ainda representa aqui um meio de comunicação com amplo alcance de público. Assim, os bons números de audiência no Brasil ajudam a alavancar o retorno de mídia de centenas de marcas globais atreladas à F1.

O último titular do País foi Felipe Massa na temporada 2017 na Williams e a última participação de um brasileiro no grid foi com Pietro Fittipaldi na Haas nos dois últimos GPs de 2020. Mas, afinal, como Bortoleto está trilhando seu caminho para a F1?

O paulista começou a correr de kart aos seis anos, por influência do irmão mais velho, Enzo Bortoleto. Vice-campeão da Stock Light, Enzo abriu mão de sua carreira para que o irmão mais novo pudesse seguir adiante, e hoje trabalha com sua equipe na Stock Car, a KTF Sports, além de outras categorias do automobilismo, como Stock Series e Turismo Nacional.

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Bortoleto já tem bom vínculo com o meio da F1_ integra a academia de jovens pilotos da McLaren

Gabriel foi campeão sul-americano de kart e com as conquistas por aqui embarcou para a Europa, indo morar na Itália ainda na adolescência. “Este passo foi decisivo, porque foi quando passei a me dedicar 100% do tempo a vida de piloto”, diz Bortoleto, que passou a competir com a elite do kartismo mundial, no WSK (World Series Karting), campeonato que ajudou a revelar nomes como Lewis Hamilton, Max Verstappen, Leclerc e outros tantos talentos da atual F1.

No kart, Bortoleto conseguiu ótimos resultados, como top-10 no Mundial e vice-campeão do WSK Super Masters Series. Com o sucesso, o brasileiro passou para as corridas de fórmula, conseguindo uma vitória logo em seu ano de estreia na F4 Italiana, uma competição que reúne mais de 40 pilotos de 20 nacionalidades diferentes para revelar talentos para os campeonatos preliminares da F1.

O passo seguinte foi na FRECA (Fórmula Regional Europeia), onde Bortoleto novamente venceu e mostrou velocidade suficiente para subir de degrau para a F3, onde aí sim sua carreira passou a chamar atenção das equipes da F1.

Logo em seu primeiro final de semana na preliminar da F1, no Bahrein, Bortoleto conseguiu pole e vitória na corrida principal, com direito a Fernando Alonso, já seu empresário, tirando fotos contentes no pódio para celebrar o momento de seu jovem pupilo.

Com duas vitórias, seis pódios e uma pole position com a equipe Trident, o brasileiro foi campeão e entrou na academia de pilotos da McLaren. O destaque em 2023 rendeu inclusive para Gabriel Bortoleto a nomeação para a lista FORBES UNDER 30.

Para 2024, Bortoleto saltou mais uma vez de categoria e impressionou pela rápida adaptação aos carros mais potentes, correndo nos mesmos circuitos da F1. Em seu ano de estreia, já conseguiu duas vitórias, cinco pódios e duas poles, números que o colocam apenas 10,5 pontos distante do líder do campeonato.

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Nesta temporada, o jovem talento de 19 anos Bortoleto homenageou seu grande ídolo, Ayrton Senna, com um desenho no capacete inspirado no legado de 30 anos do piloto. A estreia foi em Ímola, mas o sucesso foi tanto (seja pela repercussão nas redes sociais seja pelo resultado de pole e pódio na Itália) que ele manteve o desenho agora como o seu pessoal para todas as corridas – e desde então os resultados foram ainda mais impressionantes.

O ótimo desempenho em seu ano de estreia é tão surpreendente que já se especula no paddock que, mesmo que não garanta uma vaga de titular para 2025, Bortoleto já não precisaria fazer a F2 para garantir um lugar no grid para 2026, quando uma série de mudanças de regulamento deve tornar a F1 ainda mais competitiva. Terminando assim o campeonato, o brasileiro já teria inclusive os pontos da Super Licença, como é chamada a habilitação especial para os pilotos poderem competir na F1.

“Meu sonho sempre foi chegar na F1 e não apenas estar no grid, mas sim lutar por vitórias e títulos”, diz Bortoleto. O último título do Brasil na categoria foi conquistado justamente pelo ídolo dele, Ayrton Senna, em 1991, com a McLaren. A julgar pelo desempenho que Gabriel mostrou em Monza largando em último e vencendo, o primeiro objetivo de chegar na F1 será mesmo só uma questão de tempo.

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