Agronegócio do Brasil vê salto na demanda da China

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Os volumes das exportações de importantes produtos do agronegócio do Brasil registram fortes aumentos para a China no acumulado do ano de 2024. Com isso, soja, café, açúcar, algodão e carne bovina têm maior demanda, em meio a preços menores de algumas mercadorias. As informações são dgoverno federal e de associações do setor.

Os embarques mais volumosos à China também ajudam a limitar um recuo na receita total das exportações gerado por preços internacionais mais fraco. De um lado, é o caso do açúcar e do café, que cresceram quase 80% de janeiro a julho ante o mesmo período do ano passado; de outro, da soja.

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O faturamento das exportações do agro do Brasil à China somou US$ 34,1 bilhões (R$ 191 bilhões, na cotação atual) nos sete primeiros meses do ano. O valor representa uma queda de 4,5% ante o mesmo período de 2023. Isso porque os preços da soja (principal produto exportado pelo Brasil) caíram 17% no período. Já os da carne bovina cederam mais de 8%.

No entanto, o volume de soja enviada ao principal parceiro comercial brasileiro aumentou quase 10%, para mais de 55 milhões de toneladas. Esse aumento ocorreu apesar de uma quebra de safra do Brasil, que teve na China o destino de mais de 73% oleaginosa exportada neste ano.

“Há um aumento no consumo interno (chinês) e consequentemente das importações da China”, disse o diretor de Economia e Assuntos Regulatórios da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Amaral, à Reuters.

Além disso, uma demanda firme da China também foi considerada pelo Ministério da Agricultura brasileiro como um dos principais fatores da alta da exportação de soja e outros produtos. Procurado pela Reuters, o ministério citou números de consumo chinês mais forte de vários produtos.

A China respondeu por cerca de 35% dos US$ 97,8 bilhões (cerca de R$ 550 bilhões) em divisas obtidas pelo agronegócio brasileiro de janeiro a julho. O montante é recorde para o período, segundo dados do ministério. A soja em grão capturou quase US$ 33 bilhões (R$ 185 bilhões) do valor total, sendo que US$ 24 bilhões (R$ 135 bilhões) foram obtidos com embarques da oleaginosa à China.

Carne e açúcar

Fatores conjunturais do mercado internacional e relacionados a políticas de estoques da China também têm influenciado positivamente os volumes exportados pelo Brasil. É o caso especialmente para o açúcar e o algodão, segundo associações setoriais, que citam também o trabalho dos exportadores para conquistar mercados como os de café e carne bovina no país asiático.

“Este ano estamos passando por um período de déficit mundial de açúcar na safra mundial, o que reduz estoques, e o Brasil é o país que tem capacidade de ampliar a oferta a baixo custo e de forma rápida”, explicou o diretor de Inteligência Setorial da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Luciano Rodrigues.

A exportação de açúcar do Brasil para a China subiu 77,6% nos primeiros sete meses do ano, para 1,38 milhão de toneladas. Com preços firmes, o faturamento com a exportação da commodity avançou mais de 70%, segundo dados do governo.

A China normalmente é o maior comprador de açúcar no Brasil, que colheu uma safra recorde na temporada passada.

Já os embarques de carne bovina do Brasil para ao país asiático cresceram 13%, para quase 690 mil toneladas, de janeiro a julho, respondendo por pouco menos da metade do total exportado pelos frigoríficos brasileiros. Com isso, apesar de uma queda nos preços, a receita com as exportações aos chineses ficou praticamente estável, em cerca de US$ 3 bilhões (R$ 16,8 bilhões).

Para o presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Camardelli, os números evidenciam e consolidam a parceria com o mercado chinês, que tem requisitos que o Brasil consegue atender. “Nós temos mantido a média de 100 mil toneladas mensais, isso significa uma média de abate mensal de 600 mil animais, que tem como destino exclusivo a China. São processos lastreados na certeza de que tudo o que vendemos será entregue, dentro dos padrões estabelecidos por eles”, ressaltou.

Algodão e café

Os embarques de algodão aos chineses, por sua vez, saltaram cerca de oito vezes, para mais de 620 mil toneladas, à medida que a China recompôs seus estoques em meio a uma safra recorde brasileira. “Esse foi o efeito que proporcionou o aumento expressivo”, disse o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus, citando ainda a safra americana menor, que permitiu que o Brasil assumisse a liderança a exportação de algodão pela primeira vez.

No caso do café, novos hábitos de consumo aquecem o mercado da China, que tem ampliado as compras do Brasil nos últimos anos. “Com predominância de café arábica e o interesse de criar formas de consumo à base de café, as cafeterias puxam esse consumo, especialmente dos jovens”, afirmou o diretor-geral do conselho de exportadores Cecafé, Marcos Matos.

Enquanto a exportação de café do Brasil para todos os destinos cresceu 50% em volume este ano, para a China os embarques aumentaram em quase 80%, para mais de 600 mil sacas de 60 kg, segundo dados do governo brasileiro.

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