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A explosão de um caminhão atolado na areia, que levava material para a construção de uma escola, iniciou um incêndio devastador no Pantanal (Mato Grosso do Sul), dia 23 de julho, e, além de dizimar fauna e flora que encontrou pela frente em 305 mil hectares, castigou a estrutura do Onçafari.
A organização, que começou a atuar em 2011 no Refúgio Ecológio Caiman (o melhor hotel do Pantanal para avistamento de onças e outras dezenas de espécies) com o intuito de habituar as onças à presença humana dentro de veículos, agora precisa – com urgência – da sua ajuda.
Participe da campanha emergencial (www.recuperapantanal.com.br ou Pix Onçafari: 24.030.384/0001-53) que pretende reunir mais de R$ 2 milhões para reconstrução dos recintos onde eles trabalham com os animais; resgate e cuidados veterinários; brigadistas e equipamentos; suplementação de alimentos aos animais e construção de poços de água.
“Até 2020, os focos de incêndio eram combatidos pela propriedade onde o fogo começava”, explica Mario Haberfeld, fundador e CEO do Onçafari. “A partir daí, todo mundo começou a investir mais em prevenção de incêndio, em comunicação com os outros vizinhos, pois aprendemos que é impossível vencer um grande incêndio em andamento.” O fogaréu iniciado pelo caminhão só foi domado no fim da semana passada graças às chuvas que caíram no Pantanal.
“Mesmo com o apoio de sete ou oito aviões de Caiman, mais as grandes estruturas de água que construímos para interromper o caminho fogo, mais os experientes bombeiros do Ibama…, se, por acaso, não chovesse, a gente não teria como parar esse incêndio – as labaredas cruzavam rios enormes como o Aquidauana, com mais de 100 metros de largura.”
Mario alerta que, independentemente de como o fogo se inicia, o bioma está mais propenso a esse tipo de tragédia graças ao aquecimento global. “Com certeza o fato de o Pantanal estar mais seco, e com temperaturas mais altas, é o principal problema. O Pantanal é um bioma que depende das cheias – e esse ano não teve cheia. Espero que volte a encher na virada deste ano.”
Ele também sublinhou que a conexão vital entre os biomas brasileiros está desregulada. “Existem estudos que mostram que o desmatamento na Amazônia afeta o regime de chuvas no Pantanal por causa da [não formação] dos rios voadores. A tendência é só piorar.”
O fundador e CEO do Onçafari disse que a prioridade agora “está na emergência de conseguir cuidar dos bichos que sobreviveram” – tanto dos feridos como dos que não se machucaram, mas precisam de condições mínimas para não morrer de fome e de sede.
Entre as onças que morreram no incêndio, está Gaia, uma das oito monitoradas com o colar do Onçafari (na região de Caiman circulam cerca de 60 onças). Gaia é filha de Esperança, a primeira que foi monitorada há mais de 10 anos.
Quem encontrou o corpo de Gaia foi o biólogo Bruno Sartori. “Quando vimos que o sinal não se movia, comecei a torcer para ser o colar caído. Entramos em um acurizal que havia queimado inteiro e infelizmente encontramos ela morta. O animal que já proporcionou milhares de avistamentos não conseguiu encontrar uma rota de fuga. Foi um baque muito grande para a equipe toda. A gente mal conseguia conversar.”
Ao completar 13 anos de existência, o Onçafari se tornou uma referência internacional na conservação da biodiversidade brasileira graças à proteção de áreas naturais e do apoio ao desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais. Chegou a hora de retribuirmos essa missão hercúlea, fazendo doações que garantam a continuidade imediata de um trabalho sem precedentes no Pantanal. Sua participação é fundamental.
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