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A Pinduoduo (PDD Holdings), gigante de compras online fundada pelo segundo bilionário mais rico da China, Colin Huang, está enfrentando uma crise. Vendedores da popular plataforma global de comércio eletrônico Temu foram às ruas de Guangzhou para protestar contra o que chamaram de tratamento desprezível.
As ações da PDD listada na Nasdaq caíram 3,5% em um único dia, eliminando US$ 1,6 bilhão (R$ 9,05 bilhões, na cotação atual) do patrimônio líquido de Huang apenas na última terça-feira (30). Naquele dia, os investidores tiveram a primeira reação à manifestação da véspera na cidade do sul da China.
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Huang, de 44 anos, deixou o cargo de presidente da PDD em março de 2021, mas a origem da sua riqueza continua sendo uma participação na empresa. Agora tem uma fortuna de US$ 43,4 bilhões (R$ 245,2 bilhões), de acordo com estimativas da Forbes.
Investidores temem que autoridades chinesas possam intervir para examinar o tratamento da empresa aos vendedores no Temu, diz Robert McKay, um associado sênior de pesquisa da empresa de pesquisa Blue Lotus Capital Advisors, em Shenzhen. De acordo com um clipe postado na plataforma de microblog Weibo da China, várias centenas de comerciantes se reuniram nos escritórios da PDD em Guangzhou, na segunda-feira (29) para exigir tratamento melhor, incluindo mais transparência nas multas cobradas a eles pela plataforma.
Os comerciantes alegam que a Temu frequentemente retém pagamentos ou cobra multas por problemas de qualidade ou serviço pós-venda ruim sem explicação detalhada. McKay diz que as multas são muito altas, até cinco vezes o valor dos produtos vendidos. “Eu não ouvi falar sobre tais problemas em outras plataformas. Alguns comerciantes têm sugerido mudar para o AliExpress”, diz.
Um porta-voz da Temu disse que um grupo de comerciantes se reuniu recentemente em uma filial de logística da empresa em Guangzhou. Segundo ele, a Temu está trabalhando em conjunto para encontrar uma solução às reclamações.
“Eles estavam descontentes com a forma como a Temu lidou com questões de pós-venda relacionadas à qualidade e conformidade de seus produtos, disputando um valor de vários milhões de yuans”, disse o porta-voz por e-mail. “Esses comerciantes se recusaram a resolver as disputas por meio da arbitragem normal e dos canais legais declarados nos acordos do vendedor.”
Quem é a Temu?
Fundada em 2015 por Huang, um ex-engenheiro do Google, a gigante do comércio eletrônico lançou o site de compras Temu em 2022 para se expandir globalmente. Ela oferece bens e produtos de baixo custo na China e usa táticas como descontos agressivos e marketing chamativo para interessar consumidores no exterior.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a Temu ganhou destaque graças aos seus comerciais do Super Bowl, que este ano incluíram mais de US$ 15 milhões (quase R$ 85 bilhões) em cupons e brindes, e apresentavam slogans como “Compre como um bilionário”.
A Temu, que agora está se expandindo na Europa e no Sudeste Asiático, é essencial para o rápido crescimento da PDD. A empresa passou a operar no Brasil em 2024, acirrando a competição no e-commerce brasileiro, atualmente dominado por Shopee e Shein.
Em uma nota de maio publicada pela plataforma de pesquisa SmartKarma, os analistas da Blue Lotus Capital Advisors escreveram que a melhora da economia unitária da Temu — como maiores vendas e menores custos de logística — gerou lucros maiores do que o esperado na PDD durante o primeiro trimestre.
E-commerce gigante
Ao todo, o volume global bruto de mercadorias (GMV) da Pinduoduo chega a US$ 450 bilhões (R$ 2,5 trilhões) por ano. Atualmente, a China é o maior e mais maduro mercado de e-commerce do mundo, com GMV global de US$ 2,3 trilhões (R$ 12,99 trilhões) – um valor três vezes superior ao dos EUA.
Além disso, a China também possui o maior mercado logístico do mundo, enviando 100 bilhões de pacotes por ano – cinco vezes mais do que os EUA.
Nos primeiros três meses de 2024, toda a empresa mais que dobrou as vendas para 86,8 bilhões de yuans (US$ 12 bilhões ou R$ 67,8 bilhões) em relação ao ano anterior, enquanto o lucro líquido disparou 246% para 28 bilhões de yuans (US$ 3,86 bilhões ou R$ 21,82 bilhões).
No fim do ano passado, a empresa ultrapassou brevemente a Alibaba como a empresa de comércio eletrônico mais valiosa da China por capitalização de mercado. Seu ritmo de crescimento impressionante uma vez levou o cofundador da Alibaba, Jack Ma, a escrever uma carta interna. Ma, agora o sexto homem mais rico da China com uma fortuna de US$ 24,9 bilhões (R$ 140,7 bilhões), escreveu na época: “Acredito firmemente que a Alibaba mudará e se corrigirá”.
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