De Michael Jackson a Pavarotti: conheça a trajetória de Dody Sirena

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Marcos Hermes

Dody Sirena

“Seja ao vivo ou numa tela, você com certeza já assistiu a alguns dos shows que Dody Sirena organizou. De Michael Jackson ao rei Roberto Carlos – de quem foi empresário por 30 anos -, Dody se envolveu com artistas de diversos estilos, estabelecendo relações que ajudaram a colocar o nosso país na rota dos grandes eventos artísticos do planeta.” Decidi começar a abertura deste texto com trecho do recém-lançado livro “Dody Sirena: Os Bastidores do Show Business” porque ele exemplifica perfeitamente as mais de quatro décadas de carreira de Sirena no entretenimento brasileiro.

Escrita pela jornalista e amiga pessoal, Léa Penteado, a biografia revisita a jornada do empresário gaúcho, desde as origens humildes no interior do Rio Grande do Sul até se tornar um dos maiores nomes do showbiz brasileiro. “Nos anos 80, Rio e São Paulo eram centros dos grandes shows, furar essa bolha, saindo de Porto Alegre, foi um desafio. Era algo possível só para quem era jovem e acreditava no sonho”, disse o empresário em conversa exclusiva com a Forbes.

Empreendedor nato, Sirena fundou a produtora DC Set aos 19 anos ao lado do amigo Chicão Chies. O negócio nasceu da repercussão das festas dançantes que a dupla realizava em terras gaúchas, e se tornou um conglomerado com mais de 23 empresas, responsáveis por produzir importantes apresentações como as de Paul McCartney, Coldplay, Shakira, U2 e Harry Styles, além de organizar grandes festivais como Tomorrowland Brasil e Planeta Atlântida. 

Confira algumas fotos de Dody Sirena com as estrelas:







 Dos 30 anos em que esteve à frente da carreira do rei Roberto Carlos, rompidos amigavelmente em 2023, Sirena disse só guardar as melhores lembranças. Sob sua tutela, o Rei cantou para mais de 12 milhões de pessoas em mais de 1400 espetáculos. “Dessa parceria duradoura, nasceram frutos como o projeto Emoções em Alto Mar, uma revolução no turismo de entretenimento em grandes cruzeiros”, orgulha-se.

Confira a conversa com Dody Sirena a seguir:

Começou no showbiz quando o Brasil não era rota de grandes shows e festivais. Como vê a evolução do setor em todos esses anos?

Nos anos 80, Rio e São Paulo eram centros dos grandes shows nacionais e internacionais. Diziam que o artista para fazer sucesso precisava estrear no Rio , era o tambor de ressonância da arte do país.  Furar essa bolha, saindo de Porto Alegre, foi um desafio. Lembrando que a comunicação era precária, a inflação chegava a 2000% ao ano, não havia compra de ingressos antecipados. Era algo possível só para quem era jovem e acreditava no sonho. Em 1993 já protagonistas do show business internacional, finalmente decidimos  abrir um escritório para São Paulo, centralizando nossas operações do continente sul americano na capital paulista, concluindo naquele período a tour dos Guns N Rosas e iniciando a mega produção do show do Michael Jackson. Foi um movimento para estarmos próximos dos parceiros, mercado publicitário e dos grandes veículos de abrangência nacional. A tecnologia em todos os pontos de vista, as boas relações com os empresários internacionais, o resultado positivo dos festivais e grandes eventos, as boas relações com marcas patrocinadoras, foram consolidando o Brasil como um excelente destino para o showbusiness.

O que tá bom e o que ainda precisa melhorar?

O relacionamento com os agentes internacionais tá muito bom. Precisa melhorar a relação com o Governo, que precisa olhar o mercado como um produto de grande expansão. O Governo precisa destravar a máquina pública para facilitar e incentivar o empreendedor privado da indústria da música e do entretenimento a investir no nosso país. 

Como as redes sociais colaboram para grandes shows aconteceram no Brasil? E como elas podem ser maléficas ao mesmo tempo? 

Quando as redes sociais surgiram já havia um forte apoio da imprensa aos grandes shows. Jornalistas, críticos, comentaristas cresceram junto com esses grandes eventos. Hoje, as redes sociais se tornaram uma das ferramentas mais importantes para a indústria da música. Permite relação direta dos artistas com seus fãs. A última tour do U2 no Brasil, por exemplo, vendemos quatro Estádios do Morumbi em poucas horas somente pelas redes sociais. 

Qual sua opinião sobre o cancelamento das turnês de Ivete Sangalo e Ludmila por falta de adesão aos ingressos? 

Estamos em tempo de refletir melhor sobre o crescimento de turnês e festivais, mas aos poucos o mercado vai conhecendo a sua medida. Não acompanhei a construção e estratégias por trás dessas turnês das consagradas Ivete Sangalo e Ludmilla, mas acredito ter havido uma sucessão de erros.

Quais as melhores memórias que guarda de todos esses anos realizando grandes shows? 

Seria injusto selecionar alguns shows entre as centenas realizadas ao longo desses 45 anos. Mas sempre lembro do primeiro grande show, Van Hallen em 1983; a turnê de Rod Stewart em 1989, que me conectou ainda mais com empresários do mercado internacional na década de 1980; a direção artística e de produção do Rock in Rio 1991/ Maracanã; Michael Jackson em 1993; Julio Iglesias a partir de 1998 como produtor de shows e empresário para a América Latina; Pavarotti duas vezes; a criação do Planeta Atlântida; a concepção e realização do Projeto Emoções em Alto Mar, entre tantos outros.

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Quais lembranças guarda dos muitos anos em que foi empresário do cantor Roberto Carlos? 

Muito orgulho e as melhores memórias. Foram grandes projetos, inovações e espetáculos incríveis. O prazer de ter realizado um show em Jerusalém, aos pés da Cidade Sagrada, para um público de 5 mil pessoas, e transformado em dvd, filme e livro foi uma grande honra. Foram 30 anos de sociedade e parceria profissional que me permitiu participar e negociar estratégias que, por exemplo, fizeram as vendas de discos pularem de 70 para 150 milhões. Foram mais de 1400 shows, mais de 12 milhões de pessoas em mais de 30 países.

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