Na tarde desta quarta-feira (26), o coletivo da Forbes Brasil FMA (ForbesMulher Agro) se reuniu na capital paulista. O grupo formado por cerca de 50 produtoras rurais e líderes do setor se encontrou para falar sobre um tema atual e que hoje está na agenda destas mulheres: os conselhos e como formar autoridade visando sua estruturação nas empresas familiares e nas companhias do setor. Além disso, o FMA celebrou uma parceria com o movimento Pacto Contra a Fome, que tem como sua cofundadora a empresária Geize Diniz.
O Encontro FMA aconteceu no Palácio Tangará, foi apresentado pela Chevrolet, patrocinado pelo Bradesco BBI e com os apoios de Prya, Royal Salute e Terrazas. “O FMA, que nasceu há um ano em Ribeirão Preto, durante a Agrishow”, é uma voz forte no campo e de mulheres muito fortes nas suas convicções”, disse Antonio Camarotti, CEO da Forbes Brasil.
Com uma experiência sólida como conselheira, embora ela diga que é “uma aprendiz”, Gabriela Feffer Mol, vice-presidente da Suzano Holding e conselheira da Suzano SA, abriu a mesa “Mulheres em conselhos do agro”, falando sobre a importância do grau de envolvimento na construção desses organismos administrativos e familiares.
“Meus pais foram obrigados a trabalhar na empresa. Já minha geração foi estimulada a ser autônoma e tomar suas próprias decisões”, diz ela, que faz parte da quarta geração à frente do negócio de celulose da Suzano. “Estou no conselho e nos comitês, e pude acompanhar a evolução deles — não nasceram assim, demoraram até chegar ao nível em que estão hoje. Como fazer as pessoas entrarem em acordos para resolver as questões importantes? Isso leva tempo.”
Graziella Parenti, a vice-presidente de relações institucionais e sustentabilidade da Syngenta para a América Latina, integrante do conselho da Alvear Lácteos e mediou uma conversa com Daniela Cachich, presidente BU Beyond da Ambev América do Sul e do board do Grupo Boticário, e com Andréa B. Cruz, CEO da SERH1 Consultoria, conselheira do Capitalismo Consciente e da Will Women Latin America, e professora convidada da Fundação Dom Cabral, sobre a construção de liderança visando os conselhos.
“Ter conselhos é dar transparência e celeridade às discussões”, disse Graziella. “E a diversidade nos grupos tem cada vez mais se mostrado rentável na economia. No agro, as mulheres são muito unidas. Elas estão muito dedicadas e em número crescente.”
Daniela e Andreia falaram sobre os desafios dessa construção, pontuando como fazê-la. “A gente sonha com o que a gente vê”, disse Daniela. “É preciso fazer e estar disposta a uma escuta ativa”, afirmou Andréa.
Ainda nesse caminho da construção de lideranças, três heads do Bradesco BBI mostraram a visão do mundo das finanças nesse cenário. Claudia Bollina Mesquita, Marina Milanez e Denise Chicuta, especialistas em mercado de capitais, contaram como a instituição tem criado mecanismos de fala feminina. “As novas gerações têm um papel fundamental aí”, disse Marina. André Moor, head de agro da instituição, disse que para o mercado de capitais “o que importa são os resultados” e “compartilhar as experiências”. Denise falou sobre compartilhar: “é um caminho onde as facilitações acontecem”.
O que elas dizem
Uma das fundadoras da Boa Safra Sementes em Formosa (GO), Camila Colpo preside há quatro anos o conselho da empresa familiar. O negócio tem 15 anos. Ela conta por que o conselho foi criado em 2020. “Um dos requisitos (para abrir capital) era ter conselho”, disse ela. “Antes, não tínhamos o nível de governança que temos agora. A empresa ficou mais estruturada e melhorou sua entrega de resultados, foi uma virada de chave para nós.” O IPO (abertura de mercado) ocorreu há quatro anos.
Já Andréia Fernandes, a conselheira da Cerradinho Bioenergia, que deve processar 5,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e milho para produzir etanol, açúcar e energia na safra de 2024/25, é a única mulher de um conselho com três conselheiros internos e três externos.
“Nós temos uma governança bem moderna, que começou em 2009 — já somos uma empresa de capital aberto, mas ainda não estamos listados na Bolsa”, disse ela. “As decisões, procuramos que sejam colegiadas, sempre de acordo com as regras de boa governança.”
Para Alessandra Zanotto, que faz parte da nova geração de produtora de grãos e algodão em Luís Eduardo Magalhães (BA), além de vice-presidente da Abapa (Associação Baiana dos Produtores de Algodão) e futura presidente da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), a comunicação do setor agrícola deve ser uma prioridade nesse compartilhamento de ideais. “Investir em lideranças femininas é uma saída para isso. Na comunicação do agro, o papel da mulher é de grande importância.”
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