Do Vidigal, Alessandra Montagne se tornou chef respeitada na França

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Stéphane de Bourgies

Alessandra Montagne foi escolhida para comandar um novo restaurante no Museu do Louvre, em Paris

Quase 25 anos separam a jovem Alessandra Montagne, vendedora de coxinha na rua, da chef respeitada de hoje, que serve esse e outros quitutes brasileiríssimos na França e acaba de ser escolhida para comandar um novo restaurante no Museu do Louvre, em Paris. De quebra, lançou, no ano passado, o livro com sua trajetória de vida, além de virar apresentadora de um programa de TV francês. “Não gosto de ficar na zona de conforto.”

Muitos motivos de orgulho, mas conquistados a duras penas. Nascida no Vidigal (RJ), Alessandra tinha apenas oito dias de vida quando foi deixada na pequena cidade mineira de Poté para ser criada pelos avós. Foi ali que começou seu relacionamento com a cozinha – aos 5 anos, já fazia arroz, em pé sobre uma banqueta à beira do fogão.

Até a adolescência, a vida se resumia à roça, até sua mãe reaparecer, casada com um estrangeiro, morando na França. Foi a deixa para Alessandra fazer as malas para uma viagem, inicialmente de seis meses, só para aprender o idioma. “Mas, quando vi a Torre Eiffel pela primeira vez, tomei a decisão de que nunca mais voltaria a morar no Brasil”, diz ela, sobre o dia em que pisou em Paris, aos 22 anos.

Por dinheiro, trabalhou de babá e fez faxina, mas o que a mineira gostava mesmo era de cozinhar. “Como ainda não sabia o idioma, minha língua era a comida. Fazia empada, coxinha, pão de queijo – e eles adoravam.” Essa ligação afetiva com a cozinha (junto aos elogios que recebia de quem provava seus quitutes) logo foi se canalizando em profissionalização: primeiro, com cursos de culinária; então, com a abertura do seu próprio restaurante.

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Daí nasceu o Tempero, em 2012, onde a chef serve uma mistura da roça com a França. Pense em pão de queijo com caviar ou barriga de porco pururucada com creme de salsão. “Já no primeiro dia, lotou. Não tinha comida suficiente. Até hoje não sei como isso aconteceu”, lembra rindo. “A cozinha me salvou. Quando abri meu restaurante, sinto que passei a existir profissionalmente.

Um dos impressionados pela comida de Alessandra foi o chef multi-estrelado Alain Ducasse. Foi ele quem a selecionou a dedo para comandar um dos novos restaurantes do Louvre, que deve ser inaugurado depois das Olimpíadas de 2024. E a escolha não foi à toa. Destaque na cena gastronômica francesa, hoje a brasileira comanda dois restaurantes em Paris (além do Tempero, tem o Nosso) e acumula uma série de marcos no currículo: de menus assinados para o Festival de Cannes a jantares com o presidente francês, Emmanuel Macron, e uma temporada no hotel Plaza Athénée.

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Além do sucesso, a chef de 46 anos tem mais um foco: retribuir. “Quero ser um canal para as pessoas. Meu sonho é ser o primeiro degrau na escada que ajude mais gente a ir para cima.

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*Reportagem publicada na edição 116 da revista Forbes, em fevereiro de 2024.

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