House of the Dragon retornou na noite deste domingo (16), após uma pausa de quase dois anos, com um lembrete sombrio: essa não é uma série feliz. A primeira temporada não foi particularmente alegre, mas a segunda já começa de maneira ainda mais sombria e depravada – e isso não é algo ruim.
O episódio “Um filho por um filho” é uma estreia de temporada brilhante. Somos levados de volta a Westeros – 200 anos antes dos eventos de Game of Thrones – de maneira bem suave, com nosso primeiro vislumbre de Winterfell e do Norte desde a temporada final da série original. É quase como se estivéssemos voltando para casa.
Os Starks de Winterfell são muito parecidos com Ned e sua família. Aqui vemos o filho mais velho dos Velaryon, Jace (Harry Collett), se juntando a Lorde Cregan Stark (Tom Taylor) em uma fria visita à Muralha. Stark diz ao jovem que é leal a Rhaenyra (Emma D’Arcy), mas não pode ceder seus soldados tão perto do inverno, que, ele nos lembra, está chegando. Jace zomba de Stark por defender o Norte de “selvagens e do clima” e Stark, tão sombrio quanto se espera de um lorde do Norte, diz que não são apenas essas ameaças que eles e a Patrulha da Noite defendem. “Então o quê?” Jace pergunta. “A Morte,” responde o lorde Stark. Nunca mudem, Starks de Winterfell.
É até um pouco engraçado o quão pouco as coisas mudaram em Westeros. Em 200 anos, os Starks ainda serão os senhores de Winterfell, os Lannisters ainda serão os lordes ricos de Rochedo Casterly e os Targaryen ainda terão os cabelos brancos de sempre. As mesmas armaduras serão usadas. A tecnologia praticamente não avançou ao longo dos séculos.
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Se eu tenho alguma reclamação sobre House of the Dragon, pode ser essa. Dois séculos, mesmo em uma versão de fantasia dos tempos medievais, deveriam resultar em grandes mudanças. Grandes Casas caem. Novas instituições nascem. Guerras e avanços tecnológicos e o fim de linhagens e outros inúmeros fatores reconfiguram a sociedade ao longo de tanto tempo. Em Westeros, a única coisa que realmente muda é que no tempo de Rhaenyra havia dragões. Quando Daenerys nasce, eles estão todos mortos e esquecidos. Mas os navios ainda são os mesmos e escorpiões ainda guardam as muralhas de Porto Real.
De qualquer forma, Cregan Stark é nosso primeiro novo personagem principal adicionado à segunda temporada, mas não o único. Também temos Alyn de Hull (Abubakar Salim), apresentado enquanto trabalha no reparo do navio de Lorde Corlys Velaryon (Steve Toussaint). Não vou dar spoilers de quem exatamente é Alyn de Hull e por que ele é um personagem tão significativo, embora talvez você possa adivinhar pela reação que a Serpente do Mar parece ter ao falar com ele.
Time Negro vs Time Verde
Provavelmente não é surpresa para ninguém que esta estreia de temporada é projetada para desafiar nosso senso de qual lado deve ser considerado os “mocinhos” e quais os “vilões”. A resposta é “nenhum”.
Ambos os lados são compostos por cavaleiros e damas honrados e corajosos, e ambos têm cavaleiros e damas vingativos, perversos e violentos. E conselheiros. E dragões. Ao contrário de Game of Thrones, onde havia muitos personagens “cinza”, House of the Dragon é muito menos preto no branco.
No primeiro episódio da segunda temporada, vemos Aegon (Tom Glynn-Carney) presidindo a corte para o povo comum de forma muito parecida com seu pai, tentando fazer o melhor para tratá-los bem e com honra e generosidade. Ele é contido pela Mão do Rei, o sempre intrigante Otto Hightower (Rhys Ifans), mas é difícil não ver um pouco de bondade em Aegon, mesmo que durante o Pequeno Conselho ele claramente tenha pouco gosto por governar e prefira mimar seu filho, Jaehaerys.
E então há a cena abominável que encerra o episódio: Daemon (Matt Smith) emprega dois vagabundos para se infiltrar na Fortaleza Vermelha e matar Aemond (Ewan Mitchell). Esses homens são Sangue, um guarda da cidade desonrado, e Queijo, um caçador de ratos. No livro de George R.R. Martin (“Fogo e Sangue”, no qual a série é baseada), a história desses homens e o brutal assassinato do filho de Aegon foi contada pelo bobo da corte, Mushroom.
No livro, Daemon não instrui os assassinos a encontrar e matar Aemond. Na verdade, não fica claro quem era o alvo – talvez o próprio Aegon, embora ele provavelmente estivesse muito bem protegido por seus guardas.
Para quem leu o livro, essa cena era muito esperada em House of the Dragon. Mas ela se desenrola de maneira muito diferente, embora mantenha o mesmo efeito. No livro, Sangue e Queijo encontram Alicent e a amarram, amordaçando-a e matando seu guarda. Eles então esperam até que Helaena (Phia Saban) chegue com seus três filhos, incluindo o pequeno Maelor, de dois anos. Eles então dão a ela uma escolha entre os dois meninos: “Escolha,” dizem a ela, “ou matamos todos eles.” Ela escolhe Maelor, e Queijo se vira para o menino e diz “Ouviu isso, garotinho? Sua mamãe quer que você morra.” Então Sangue mata Jaehaerys com um único golpe, e eles fogem com sua cabeça, deixando todos os outros vivos.
Aqui, Helaena é a única adulta presente e ela foge para os aposentos de sua mãe, dizendo apenas: “Eles mataram o menino.” O rosto horrorizado de Alicent é a última coisa que vemos antes dos créditos.
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A série é muito macabra, mas não mais do que o material de origem de George R.R. Martin.
No geral, uma ótima estreia de temporada, embora muito sombria e perturbadora.
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