O centro-oeste do Brasil, conhecido por sua produtividade agrícola impressionante, parecia ter atingido seu ápice. No entanto, com a introdução da conectividade e das tecnologias de agricultura digital, está claro que ainda há margem para crescimento.
Água Boa, município situado no Vale do Araguaia, em Mato Grosso, é um exemplo emblemático dessa transformação. Com sua economia baseada no agronegócio, especialmente na produção de grãos, ele abriga a Fazenda Conectada Case IH, propriedade pioneira no uso das tecnologias da chamada agricultura 4.0.
Lançada em 2021 pela Case IH, a região recebeu o projeto 4G TIM no Campo, para reunir todas as soluções avançadas da marca, e se tornou um laboratório de agricultura digital, com resultados impressionantes. A produção da safra 2022/23 foi de 12.925 toneladas, sendo 13,4% mais produtiva do que a média do Brasil.
Os números são resultado de um estudo desenvolvido pela Agricef e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que avaliaram os pilares eficiência agrícola, viabilidade econômica e sustentabilidade. “Os dados nos mostram como a conectividade impacta efetivamente o resultado final da safra. O monitoramento em tempo real permite que dados se tornem informações e que a tomada de decisão seja mais rápida e eficiente”, diz Christian Gonzalez, vice-presidente da Case IH para a América Latina.
“Vários estudos e publicações científicas afirmam que as tecnologias digitais podem revolucionar a agricultura, aumentando a produtividade e a sustentabilidade, enquanto reduzem os impactos ambientais”, diz Efraim Albrecht, diretor de operações da Agricef. “Nesse contexto, o projeto Fazenda Conectada é muito importante, porque viabiliza a implementação prática de conceitos propostos, avaliando a sua efetividade em condições reais de operação. Além disso, aborda a integração de novas tecnologias com conhecimentos e práticas agrícolas tradicionais”, completa o executivo.
A verdadeira vantagem da Fazenda Conectada veio em uma comparação com uma fazenda da mesma região que pertence ao mesmo grupo gestor, mas que não conta com conectividade: a tecnologia proporcionou aumento de 3,5% na produtividade, equivalente a 2,35 sacas de soja a mais por hectare em uma área de 3,2 mil hectares. “A safra 22/23 da Fazenda Conectada foi mais eficiente, produtiva e sustentável graças à conectividade”, conclui Gonzalez.
EFICIÊNCIA OPERACIONAL
Outro destaque é a eficiência operacional. Na comparação entre três colheitadeiras que trabalharam na safra anterior sem conectividade, as máquinas conectadas diminuíram o tempo de motor ocioso em 5,7% e aumentaram o tempo de trabalho em 4,2%. Isso proporcionou a redução de três dias de trabalho na janela de colheita.
A gestão de frota em tempo real também garante economia no consumo de combustível. A análise levou em consideração todas as máquinas da fazenda e constatou a redução de 25% no consumo de combustível em litros por hectare, representando uma economia de mais de R$ 300 mil na safra 2022/23, em comparação com a anterior.
Os benefícios vão além do aspecto econômico: a Fazenda Conectada também se destaca por sua contribuição para a sustentabilidade ambiental. Com a economia de combustível e de fertilizantes, além do aumento da produtividade da safra, o estudo mostrou que a fazenda reduziu a emissão de carbono em 12,5 kg de CO2 equivalente por tonelada de soja. Isso representa 10% de queda na intensidade de emissão do poluente.
INVESTIMENTO
Com um investimento de R$ 1,4 milhão, a Fazenda Conectada está no caminho para alcançar retorno financeiro em apenas um ano. O valor foi necessário para a instalação da antena 4G, manutenção, kit de telemetria para as máquinas e consultoria e monitoramento. O cálculo levou em consideração a área da fazenda e o aumento de duas sacas por hectare, o ganho real que a conectividade proporcionou entre uma safra e outra.
“Esse valor investido potencialmente irá cair, porque a tendência é que a produtividade aumente ainda mais. Além disso, também depende da frota que o produtor possui. Desde 2023, todas as máquinas da Case IH saem com conectividade de fábrica, fator que reduz os custos de eventuais instalações de kit de telemetria, além de facilitar a operação do produtor, que passa a tomar decisões mais assertivas com a base de dados gerados pelas máquinas”, explica o vice-presidente Gonzalez.
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