Como os coquetéis BuzzBallz se tornaram uma divertida fortuna de R$ 2 bilhões

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Merrilee Kick, fundadora e CEO da BuzzBallz, construiu um verdadeiro império na indústria de bebidas alcoólicas. Começando como um projeto paralelo, os coquetéis prontos para beber da BuzzBallz agora são vendidos em milhares de locais nos Estados Unidos, desde supermercados até postos de gasolina. Com nomes divertidos como “Cran Blaster” e “Forbidden Apple”, essas bebidas coloridas e vibrantes conquistaram consumidores em todo o mundo.

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“Eu tenho vivido o Sonho Americano,” diz Kick. “Construímos um legado. Nos tornamos um grande concorrente em um espaço onde as mulheres nunca foram.”

Em seus 14 anos de existência, a BuzzBallz cresceu rapidamente, se expandindo para 29 países e alcançando uma receita anual estimada em cerca de US$ 500 milhões (R$ 2,6 bilhões na cotação atual). Kick, uma ex-professora de escola pública, nunca vendeu uma participação na empresa, mas deu 24,5% a cada um de seus dois filhos, Alex e Andrew, que agora desempenham papéis de presidente e vice-presidente da BuzzBallz.

Merrilee Kick, a fundadora e CEO da BuzzBallz que fala em crescimento exponencial

A recente aquisição da BuzzBallz pela Sazerac, um conglomerado de bebidas destiladas, solidificou ainda mais o sucesso de Kick. Embora o valor do negócio não tenha sido divulgado oficialmente, a Forbes estima que ela embolsou pelo menos US$ 400 milhões (R$ 2 bilhões) após a venda. Isso a coloca na posição 84ª na lista anual da Forbes das mulheres self-made mais ricas dos EUA.

O sucesso da BuzzBallz é impressionante considerando a escassez de fundadoras mulheres na indústria de bebidas alcoólicas. Kick é vista como uma exceção, tendo construído um negócio lucrativo do zero e sem financiamento externo significativo.

Divulgação

Coquetéis divertidos e com alto teor alcoólico foi a base do projeto

“A indústria tem uma concentração significativa nas marcas estabelecidas há tanto tempo que é extremamente raro começar algo do zero,” afirma Alix Peabody, fundadora e ex-CEO da marca de vinho enlatado Bev, adquirida pela E. & J. Gallo Winery em 2023. “Iniciar um negócio dessa envergadura, especialmente sem nenhum financiamento, é praticamente inédito.”

A BuzzBallz tem sido rentável desde o segundo ano e se posiciona no nicho lucrativo dos jovens adultos que buscam conveniência e praticidade. Ela atua em um dos segmentos mais competitivos da indústria de destilados. Segundo a Spins, que monitora as vendas no varejo em todo o país, a categoria tem crescido 30% ao ano. De acordo com a InsightAce Analytic, o setor deve alcançar US$ 5 bilhões (R$ 26 bilhões) em vendas até 2030.

“É um mercado altamente competitivo e ela encontrou uma solução, além de ter a determinação para fazê-la funcionar”, comenta Jake Wenz, presidente da Sazerac, líder do acordo. “Kick apostou em si mesma, com conhecimento e recursos limitados, em uma indústria muito difícil de entrar. Para cada BuzzBallz, há milhares de pessoas que tentaram e nunca alcançaram o sucesso.”

Trajetória de Kick

Kick atribui grande parte de sua determinação ao fato de ter crescido em uma família que enfrentou várias falências. Seu pai teve dificuldades e acabou perdendo seu negócio de madeireira porque, como Kick lembra, ele não tinha “habilidade financeira”. Quando criança, ela se recorda de “ter que criar algo a partir do nada” e de aprender a “nunca desistir”.

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Mais tarde, em 2009, aos 46 anos, enquanto era professora de negócios em uma escola pública no Texas, Kick estava corrigindo trabalhos quando teve a ideia que se transformaria na BuzzBallz: coquetéis divertidos e com alto teor alcoólico servidos em recipientes esféricos de plástico coloridos e fáceis de segurar.

“Eu pensei que deveria existir um coquetel de plástico, seguro para a piscina.” O conceito animou Kick, que estava cursando seu MBA na Texas Woman’s University e almejava mais independência financeira enquanto ela e seu marido consideravam o divórcio. Ela não tinha economias nem nenhum recurso para contar.

O BuzzBallz foi lançado em 2010, após Kick encontrar um fabricante na China para produzir seus recipientes. Desde os primeiros dias, ela desejava que seu negócio fosse único e deixasse uma marca na cabeça das pessoas. Kick demonstrava um talento natural para começar com pouco. Operava os equipamentos para o BuzzBallz, carregava os caminhões e distribuía amostras nas lojas. Além de uma herança de US$ 28 mil de seu avô, também utilizou o limite total dos cartões de crédito.

Conseguiu empréstimos no valor de US$ 247,5 mil (R$ 1,2 milhão) e alugou um depósito de 650 metros quadrados, adquirindo os equipamentos necessários e contratando um funcionário por US$ 13 (R$ 68) por hora para gerenciar a produção enquanto ela continuava dando aulas. “Eu me esforcei muito”, comenta Kick. “Peguei cada centavo que pude encontrar e o investi no negócio.”

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No primeiro ano, o BuzzBallz registrou prejuízo. No segundo ano, Kick alcançou US$ 1 milhão  (R$ 5,2 milhões) em receita e US$ 100 mil (R$ 524 mil) de lucro. Após o terceiro ano, Kick quitou seu empréstimo e deixou de dar aulas.

Mas ela ainda estava buscando expandir seu negócio. A grande oportunidade surgiu em 2012, quando participou de uma feira de atacadistas e, em um único dia, 15 estados se inscreveram para distribuir o BuzzBallz. “É tão desafiador entrar em novos mercados – e fazê-lo sem rodadas de captação de recursos”, comenta Jill Kuehler, fundadora e CEO da Freeland Spirits, explicando que expandir significa investir uma quantia considerável de dinheiro meses antes de começar a ter retorno.

BB_divulgação

Embalagens da bebida foram concebidas para serem fáceis de carregar

Nos primeiros dias, Kick vendia o produto manualmente para varejistas até que os consumidores começassem a demandar por ele. Em 2014, as vendas cresceram em dois dígitos em supermercados e lojas de conveniência como Walmart.

Sucesso do BuzzBallz

Assim, o negócio continuava a crescer. Até 2016, o BuzzBallz alcançou uma receita anual de US$ 20 milhões (R$ 104 milhões), com os coquetéis se tornando os mais vendidos em lojas de conveniência, além de arenas esportivas e companhias aéreas. Em 2019, as vendas ultrapassaram US$ 100 milhões (R$ 524 milhões).

“Minha principal meta era alcançar independência financeira e proporcionar aos meus filhos algo em que pudessem se sustentar e ter um emprego após a faculdade para ganhar dinheiro”, diz Kick. “Nunca foi parte dos meus planos querer dinheiro de investidores de private equity.”

Ter controle sobre a cadeia de suprimentos do BuzzBallz foi crucial. À medida que a marca crescia, Kick percebeu a importância de controlar a produção de suas esferas de plástico patenteadas, e transferiu a produção para fora da China.

Kick havia rejeitado investidores interessados em uma parte de seu negócio por anos. No entanto, três anos atrás, ela tentou vender o BuzzBallz para a Sazerac  – que possui mais de 400 marcas, desde Pappy Van Winkle até o uísque Fireball – que recusou, considerando o preço muito alto.

No entanto, em maio deste ano, a Sazerac decidiu adquirir a empresa e finalizou as transações em poucas semanas. Jake Wenz, presidente da Sazerac, afirmou que planeja melhorar a distribuição e a taxa de venda do BuzzBallz, além de expandir sua presença internacional.

À medida que a empresa entra em sua próxima fase, Kick e sua família (incluindo seu marido, Tim, com quem Kick se reconciliou e que atua como CFO desde 2018) permanecerão no comando. Todos os quatro assinaram contratos de trabalho para os próximos quatro anos. Com 1.000 funcionários e o apoio da Sazerac, Kick acredita que a marca está bem posicionada para o futuro.

O BuzzBallz vendeu quase 7 milhões de caixas no ano passado e, antes da aquisição pela Sazerac, planejava aumentar esse total para mais de 9 milhões até o final de 2024. Ela, agora, planeja dobrar o negócio novamente em 2025, enquanto o BuzzBallz mira metas ainda mais ambiciosas. “Eu não vendi porque não gostava do que estava fazendo ou queria sair. Eu vendi por causa do crescimento exponencial,” diz Kick, “e porque é egoísta segurar isso. Realmente tem potencial.”

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