A Rumo, empresa de logística da Cosan, começou 2024 transportando no primeiro trimestre do ano 17,4 bilhões de TKU (sigla para a métrica que multiplica a tonelagem transportada pela distância), volume 8% acima de igual período de 2023 e com um Ebitda de R$ 1,7 bilhão, equivalente a um crescimento de 43%.
No ano passado, a Rumo transportou cerca de 49 milhões de toneladas, com expectativa de crescer 10% ao ano até 2025. Os principais produtos foram a soja em grão e farelo, milho, açúcar, fertilizantes e etanol.
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“O estado tem um potencial de produção enorme que continuará crescendo”, disse Pedro Palma, CEO da Rumo. Ele está há 11 anos na empresa e desde março assumiu o novo cargo. Nesta quinta-feira (23), Palma participou de um evento do BTG, em Cuiabá (MT).
“A nossa competição é com os outros grandes corredores logísticos do mundo. Temos que garantir mais eficiência do que tem os corredores americano, argentino, entre outros”, disse ele. O executivo falou sobre investimentos no Centro-Oeste, infraestrutura e como a empresa vem gerenciando as demandas do setor:
Expansão dos trilhos do Terminal Rondonópolis
Sobre o terminal de Rondonópolis ligando o complexo a Cuiabá, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, um trecho de 730 km, Palma disse que a obra é fato consumado. A estrada é uma ferrovia estadual, em parceria com o governo de Mato Grosso.
“Estamos a todo vapor no primeiro trecho. Agora, em junho e julho, chegaremos a quase 5 mil pessoas trabalhando nos primeiros 200 km. Nesse trecho, o investimento é de R$ 4 bilhões para que seja executado dentro do prazo combinado para a primeira operação, que é 2026. Esse é o compromisso com o Governo do Estado, com os produtores que estão nessa região e com todo o mercado”, afirmou. Os investimentos totais podem chegar a R$ 15 bilhões.
“O sentido para a ferrovia é se aproximar cada vez mais do núcleo de produção, das áreas de expansão, seja na produção agrícola, seja no núcleo de consumo de produção industrial, na região de Cuiabá”, disse Palma.
Apesar de Mato Grosso responder por cerca de 30% da produção nacional de grãos, possui pouco mais de 350 366 km de ferrovias. Isso significa apenas 1,16% da malha transportes.
Capacidade de cargas sobre os trilhos
Mas o trabalho de crescimento não é só da expansão de capacidade por novos trilhos. A empresa também vem apostando na capacidade de operação dos trens. “Em Rondonópolis, ela foi de 12,5 milhões de toneladas para praticamente 25 milhões de toneladas”, afirma o executivo. “Os trens, que eram composições de 80 vagões, estão operando com até 120 vagões homologados.”
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Está no projeto a ampliação de pátios ao longo da via férrea, para operar trens de 135 vagões. Ao aumentar o tamanho do trem, na prática aumenta a capacidade de carga, mas isso traz novas complexidades no processo. “É preciso colocar também mais inteligência e tecnologia na gestão desses trens maiores”, diz o executivo. “Então, um dos elementos muito importantes de investimento hoje, somente para dar um exemplo, é o sistema de comunicação, uma siglazinha em inglês, o PTC.”
No ano passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), financiou parte do projeto no valor de R$ 686 milhões. Batizado de Positive Train Control 2.0 (PTC 2.0), o sistema é capaz de determinar com precisão a localização, direção e velocidade dos trens ao longo de toda a malha. “No lado prático, isso vai fazer com que cada trem se comunique entre si e não somente junto ao sistema de controle. Isso vai permitir que se reduza a distância mínima entre cada um dos trens”, diz Palma, o que leva a maior tráfego de cargas.
Etanol nos trilhos
O crescimento da produção de etanol em Mato Grosso levou o estado a ocupar na safra 2023/24, o segundo lugar para o combustível de cana-de-açúcar e milho, ficando atrás apenas de São Paulo. Para o grão, o estado já é o maior produtor nacional.
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Na safra encerrada, a produção total de etanol no estado foi de 5,72 bilhões de litros, um recorde e crescimento de 32% ante a safra anterior. O produto interessa à Rumo tanto quanto os grãos.
“Um mercado que tem sido muito promissor, excepcionalmente e que a gente uma alavanca de crescimento gigantesco é o etanol de milho”, diz Palma. Ele conta que quando a Rumo assumiu a ferrovia, o grande volume que de carga de combustível dentro da operação era levar derivado de petróleo de Paulínia (SP) para o Terminal de Rondonópolis.
No trecho Mato Grosso-São Paulo, em volume, cerca de 30% dos vagões continham biodiesel, com alguma carga no retorno. “Com o aumento da produção do etanol à base de milho, hoje esse processo já se inverteu”, afirma. “Até subimos com vagões vazios, porque há demanda para descer etanol para o complexo de Paulínia (SP)”.
Na distribuição do biocombustível, a partir desse complexo, são servidos os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, na proporção de 25% da demanda. “Quando assumimos a ferrovia, nós não tínhamos essa perspectiva do etanol de milho. Foi a partir da criação de sistemas, infraestrutura e da própria demanda do mercado que passamos a adaptar o nosso sistema para fazer a captura desse processo”, disse Palma.
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