Mia Mottley, durante a conferência climática COP26, em novembro. (Foto de Jeff J Mitchell / Getty Images)
Todos os anos, o processo de compilação da lista das 100 Mulheres Mais Poderosas do Mundo começa por um relato do que aconteceu ao longo do ano: quem foi eleita, nomeada ou promovida para um cargo de poder. Quais fundadoras abriram o capital de sua empresa, obtendo grande riqueza, grande aclamação ou as duas coisas. E quais mulheres fizeram os maiores avanços ao usar sua voz, seus recursos ou sua plataforma pública para gerar mudanças duradouras e significativas ao redor do mundo.
Como observamos todos os anos, o simples fato de não estar em nossa lista não significa que uma mulher não seja poderosa. Há muitas mulheres cujo poder está aumentando – e, para uma pequena elite, crescendo a uma velocidade que pode garantir a elas um lugar na lista já no ano que vem. Isso posto, abaixo vão as mulheres para ficar de olho em 2022.
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Mia Mottley: Primeira mulher a exercer o cargo de primeira-ministra de Barbados, Mottley teve um final de 2021 agitado. Em novembro, ela causou forte impressão no cenário mundial, advertindo os líderes reunidos na COP26, a Conferência da ONU sobre o Clima: “Quando é que nós, como líderes mundiais, vamos abordar as questões urgentes que preocupam nosso povo – seja o clima, sejam as vacinas? Quando é que os líderes vão liderar?” Quatro semanas depois, ela fez sua ilha sair da monarquia britânica e iniciar uma vida nova como república, empossando Sandra Mason (outra mulher que merece atenção no ano que vem) como sua primeira chefe de estado local. “Acreditamos que é chegado o momento de reivindicarmos o nosso destino por completo. É uma mulher da terra a quem esta honra está sendo concedida”, disse Mottley.
Najla Bouden Romdhane: Professora de geologia por profissão, tornou-se, em outubro, a primeira mulher a assumir o cargo de primeira-ministra da Tunísia. Embora ela tenha alguma experiência política – em 2011, foi nomeada diretora-geral responsável pela qualidade no Ministério da Educação Superior da Tunísia, os observadores políticos estão questionando quanta autoridade Romdhane exerce de fato: ela foi designada para seu cargo por um presidente que chegou ao poder fechando o parlamento e tomando o controle para si mesmo.
Lynn Martin: A Bolsa de Valores de Nova York anunciou que sua presidente, Stacey Cunningham, entregará o bastão da liderança a Lynn Martin, atual chefe do segmento de serviços de dados e renda fixa da Intercontinental Exchange, divisão que emprega 2,5 mil pessoas e que gerou US$ 1,4 bilhão em receita nos primeiros nove meses de 2021. A nomeação de Martin será oficializada em janeiro e, se a presença constante de Cunningham, sua predecessora, na Lista de Mulheres Poderosas servir de parâmetro, a inclusão de Martin poderá acontecer em breve.
Angela Williams: Integrante da lista 50 Over 50: Impact, ela tem um currículo impressionante – é doutora em direito e mestre em teologia e, no início da carreira, atuou ao mesmo tempo como advogada e pastora ordenada. Em 2018, tornou-se a primeira mulher negra a ser presidente e CEO da Easterseals, a maior organização sem fins lucrativos norte-americana dedicada à defesa dos portadores de necessidades especiais. Agora, ela tem uma função ainda mais importante: em setembro, foi nomeada presidente e CEO da United Way, a maior organização sem fins lucrativos com financiamento privado do mundo. Ela será a primeira CEO mulher e afro-americana e comandará um trabalho fundamental, ajudando cerca de 48 milhões de pessoas a proteger sua saúde e segurança econômica. Dean MacKenzie / The Forbes Collection
Ao longo de 2021, várias CEOs-fundadoras fizeram aberturas ou aumentos de capital de destaque – e rentáveis. É por isso que Melanie Perkins, cofundadora do Canva, Shivani Siroya, fundadora da Tala, Whitney Wolfe Herd, cofundadora do Bumble, e Caryn Seidman– Becker, cofundadora da Clear Secure, estão todas na lista de mulheres para ficar de olho. Cada uma delas dirige a empresa que ajudou a conceber, cada uma vem causando disrupção no setor em que atua e cada uma está comprometida em usar sua empresa ou riqueza para fazer diferença para os outros. “Se tudo se resumisse a obter riqueza, seria a coisa menos inspiradora que eu poderia imaginar”, disse Perkins à Forbes em setembro. “É estranho quando as pessoas se referem a nós como ‘bilionários’, pois não parece ser um dinheiro nosso; sempre sentimos que somos apenas guardiães dele”, acrescentou ela depois.
Kathy Hochul: A 57ª governadora de Nova York é a primeira mulher na história a administrar o estado. Hochul assumiu em agosto, quando Andrew Cuomo renunciou em meio a uma série de acusações de assédio sexual, e começou a trabalhar imediatamente, implementando a obrigação universal de uso de máscara em certas situações no estado de Nova York e anunciando um fundo de auxílio a proprietários de casas no valor de US$ 539 milhões, voltado a cidadãos em risco de mudança de residência ou de execução de hipoteca. Porém, seu mandato talvez seja curto: ela está se candidatando à reeleição em novembro de 2022 e enfrentando forte concorrência de Letitia James, procuradora-geral de Nova York, e de Jumaane Williams, defensora pública de Nova York. A presidente da comunidade Waorani, Nemonte Nenquimo (C), fala durante manifestação contra a entrada de petroleiras em terras ancestrais da Amazônia para atividades de exploração, em frente ao palácio presidencial Carondelet, em Quito, em 25 de junho de O governo do Equador havia recorrido – em abril – de uma decisão judicial a favor da tribo indígena equatoriana Waorani, o que desencadeou uma batalha judicial sobre a extração de petróleo bruto na Amazônia.
Nemonte Nenquimo: Ativista indígena Waorani, Nenquimo fundou a Ceibo Alliance para proteger a terra em seu Equador natal. Seu trabalho, que ajudou a proteger cerca de 200 mil hectares de floresta amazônica e de território Waorani contra a extração de petróleo, rendeu a ela o Prêmio Goldman e a honraria de “Defensora da Terra” do Programa Ambiental da ONU em dezembro de 2020.
Presidente da comunidade Waorani Nemonte Nenquimo (C) fala durante manifestação contra a entrada de petroleiras em terras ancestrais da Amazônia para atividades de exploração.
No mundo da mídia e do entretenimento, uma nova geração de mulheres deve ganhar poder – devido, em grande medida, ao enorme público já conquistado. Há a comediante chinesa de standup Yang Li, coroada a “rainha da piada” de seu país por suas alfinetadas nos homens “médios”, e a estrela pop franco-maliana (e integrante da lista Forbes 30 Under 30 Europe) Aya Nakamura, um dos maiores sucessos da França no streaming. Outras, como Minyoung Kim, vice-presidente de conteúdo da Netflix para a Ásia-Pacífico – e, o mais importante, a pessoa responsável por levar “Round 6” às nossas telas –, estão exercendo sua influência na cultura ao moldar o futuro da narrativa. E algumas, como Michaela Coel, criadora de “I May Destroy You”, estão delineando o futuro não apenas com o conteúdo que estão criando, mas também com as orientações que já começaram a dar a quem queira seguir seus passos. “Escreve a história que te assusta, que te causa insegurança, que te incomoda. Eu te desafio”, disse Coel a outros escritores em seu discurso de aceitação do Emmy, em setembro. “O mundo nos seduz a navegar pela vida dos outros para nos ajudar a determinar melhor como nos sentimos a nosso próprio respeito e nos leva a sentir a necessidade de estar sempre visíveis, pois visibilidade hoje em dia parece, de alguma forma, ser sinônimo de sucesso. Não tenha medo de desaparecer dele, de nós, por um tempo e ver o que vem para você no silêncio.” É um bom conselho. Afinal, existe poder na quietude. E estaremos de olho para ver o que vem daí.
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