À medida em que acompanho o desenvolvimento do setor de tecnologia e as rodadas multimilionárias de startups em países como o Brasil e em outros mercados desenvolvidos como os Estados Unidos, onde estou baseado, invariavelmente o foco está na palavra valuation, ou seja, quanto vale a empresa em questão.
Existem muitos métodos de avaliação do valor de uma companhia, desde regras baseadas em ativos tangíveis e projeções de fluxo de caixa até o retorno sobre o investimento esperado pelo investidor. Além disso, as empresas de melhor desempenho normalmente atrairão mega-rodadas com base em fatores como a forma como endereçam necessidades de mercado, a execução inteligente de uma estratégia, receita em crescimento exponencial e qualidade dos cofundadores.
No entanto, a vantagem de empresas de alto desempenho – em tecnologia ou qualquer setor – pode desaparecer rapidamente se os fatores listados acima não estiverem vinculados a um item fundamental, que é a cultura. Se a cultura começa com as pessoas e abrange o que elas fazem, qual é o papel do indivíduo nesse processo? Mais especificamente, como as pessoas, especialmente líderes de equipes e de organizações inteiras, podem aumentar seu próprio valuation?
Ao olharmos para o futuro considerando os desafios pessoais, financeiros, sociais e ambientais do nosso tempo, o valor profissional estará cada vez mais atrelado a um conceito muito básico: a capacidade de fazer a diferença na vida das pessoas e no ambiente em que ela está presente. Nosso “valor de mercado” é definido pela extensão em que somos capazes de impactarmos positivamente e de gerarmos uma energia que fomente a criatividade e a inovação.
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Navegar as ondas da incerteza e, ao mesmo tempo, expressar otimismo, esperança e entusiasmo para continuar não é uma tarefa fácil. Por outro lado, fazer isso de forma consciente é crucial, não apenas para o nosso próprio bem, mas para aqueles que trabalham ao nosso redor. Então, como esse processo de aumentar o valuation de alguém acontece na vida corporativa cotidiana?
Em primeiro lugar, é importante sermos capazes de aplicar uma certa flexibilidade ao que fazemos. Isso é especialmente verdadeiro em negócios baseados em tecnologia e particularmente em startups: ser capaz de alterar um caminho rapidamente, estar sintonizado com as sutilezas do processo e abandonar uma ideia se ela não funcionar. Isso soa familiar? Talvez, mas este princípio raramente é aplicado na prática porque a maioria de nós ainda não aprendeu que é impossível controlar todas as variáveis.
Uma vez que não podemos garantir que tudo correrá exatamente da maneira que gostaríamos, a melhor maneira de avançar é fazer o nosso melhor dentro das variáveis que podemos controlar. Embora o conceito de “fazer o nosso melhor” possa parecer um tanto imaterial, ele abrange uma série de fatores sobre os quais temos escolha e poder. Da construção do conhecimento e da atitude positiva à geração de resultados e à criação de um legado, existem várias possibilidades que podem ser exploradas na estratégia de construção de nosso próprio valor enquanto profissionais e pessoas.
Minhas experiências pessoais no mundo corporativo me levaram a acreditar que, independentemente da senioridade, trabalhar com confiança, franqueza, empatia e esperança em uma atmosfera onde as pessoas genuinamente se preocupam umas com as outras e se beneficiam das conquistas do grupo é o melhor caminho a seguir – e todos são capazes de contribuir para tal visão. É uma questão de, como diz a marinha britânica, “alegria em meio à adversidade”, junto com uma dose de realismo. O que posso dizer é que aqueles que promoveram a criação destes ambientes são os indivíduos com o maior valuation pessoal na minha memória.
Além de ter líderes com uma visão positiva que conseguem propor soluções ao mesmo tempo em que são vulneráveis o suficiente para lidar com coisas que não conhecem, empresas querem pessoas valiosas em equipes, da mesma forma que investidores buscam startups valiosas. Organizações só conseguem prosperar com uma cultura positiva, e isso depende de equipes de pessoas. Portanto, cabe a cada um de nós contribuir com nossa própria criação de valor pessoal para criar um todo que realmente vale a pena.
Marvio Portela é vice-presidente sênior para Estados Unidos, América Latina e Caribe do SAS. O executivo passou por grandes empresas como Oracle e IBM, trazendo uma vasta experiência na área de vendas e gestão de parcerias. Sua carreira no SAS teve início em 2010.
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