Na última semana, participei do Advanced Prostate Cancer Consensus Conference (APCCC 2024), na Suíça. Este é um dos eventos mais reputados na área de câncer de próstata, em que um grupo muito seleto de médicos, de diversas especialidades, é convidado para participar e debater o tratamento desta doença que atinge centenas de milhares de homens em todo o mundo.

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Neste ano, além de participar dos debates sobre diagnóstico e tratamento, fui convidado para dar uma aula sobre propostas para os problemas encontrados no Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro.

Nesta breve palestra, falei sobre o trabalho da pesquisa clínica com parte da solução. Pesquisa clínica significa evolução da Medicina, melhor cuidado do paciente, investimento em Saúde, capacitação. 

Houve um espaço especial para falar da Rede Vencer o Câncer de Pesquisa Clínica. Este projeto, desenvolvido pelo Instituto Vencer o Câncer, já estabeleceu seis centros de pesquisa no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, ampliando o acesso a estudos clínicos para pacientes de hospitais filantrópicos e do SUS. Nosso objetivo é promover a expansão do projeto para 20 centros neste ano. 

Também destaquei o papel das políticas públicas em aumentar o acesso a novas medicações, à radioterapia e à cirurgia, dentro do conceito de custo-efetividade. Houve espaço, ainda, para apresentar a importância da educação médica em nosso país, para poder trabalhar com as sociedades de especialidades e fazer o melhor para o cuidado do paciente oncológico dentro das limitações que enfrentamos.

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Este é um trabalho conjunto, que merece o envolvimento de toda a sociedade, não apenas para o atendimento aos mais de 70 mil brasileiros que vão receber o diagnóstico de câncer de próstata só neste ano, mas para todas as pessoas que enfrentam a jornada contra o câncer.

Melhores tratamentos para o câncer de próstata

Os trabalhos apresentados na APCCC discutiram o papel da cirurgia e da radioterapia como procedimentos curativos contra o câncer de próstata localizado. Foram debatidos vários avanços nas técnicas cirúrgicas e nas técnicas radioterapia.

Como consequência, temos muito mais gente se curando, com os efeitos colaterais cada vez menores. Só pra se ter uma ideia, os protocolos de radioterapia envolvem muito menos sessões e a cirurgia, feita nos grandes centros, com a robótica, tem algumas vantagens importantes.

Precisamos informar que há boas notícias para os pacientes. Hoje os tratamentos são muito melhores e muito menos lesivos em termos de efeitos colaterais. Nosso desafio, agora, é garantir que mais brasileiros tenham acesso ao diagnóstico em tempo oportuno, que possa garantir o melhor tratamento possível.

Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.

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