Em um ano de forte instabilidade na economia e inflação crescente, as grandes varejistas, como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3), têm sofrido com a volatilidade da Bolsa e com as perspectivas para o setor.
Nos últimos seis meses, os papéis da Magazine Luiza caíram de R$ 23,98 para R$ 6,37, queda de 73,4%; as ações da Via recuaram 65,9% de R$ 16,08 em junho para R$ 5,46; já os ativos da Americanas de R$ 73 no mesmo período para R$ 28,3, redução de 61%. Os valores correspondem ao fechamento de sexta (10).
Ao contrário de grande parte do mercado, as empresas se saíram bem durante a pandemia do novo coronavírus, graças a investimentos no setor de e-commerce, cujo faturamento cresceu quase 50% em 2020, segundo pesquisa Ebit/Nielsen. No entanto, nos últimos meses, os negócios foram fortemente afetados pelo cenário macroeconômico – o que refletiu no desempenho das ações na Bolsa.
A Forbes entrevistou quatro especialistas do mercado financeiro que afirmaram, com unanimidade, que as quedas dos papéis são resultado do elevado nível de inflação, juros em alta e crescimento do desemprego. Para eles, esses fatores impactam negativamente o poder de compra dos brasileiros, o que naturalmente afeta as varejistas. Outro ponto que também tem balançado a confiança nas empresas é a presença de fortes competidores, como Amazon e Mercado Livre.
Momento de comprar ações?
Este é um momento de muita análise e cautela, segundo Alexsandro Nishimura, sócio da BRA; Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos; Rodrigo Oliveira, analista-chefe fundamentalista da DV Research; e Everton Medeiros, especialista da Valor Investimentos.
“O investidor deve sempre tomar cuidado com as tentações de achar que um papel já caiu muito e que só por isso pode estar diante de um ponto de compra”, alerta Nishimura. Segundo ele, é preciso analisar também outros fatores antes de descartar ou incluir essas ações no portfólio.
Para Oliveira, da DV Research, o investidor com uma visão de longo prazo pode se beneficiar do movimento de desvalorização. “Entendemos que as quedas recentes no preço das ações de empresas de e-commerce oferecem uma boa janela de oportunidade para a compra de papéis excessivamente descontados. O cuidado, como sempre, deve ser em escolher ativos com qualidade para atravessar esse período mais conturbado”, afirma.
No caso dos investidores que buscam lucros no curto prazo, agora parece não ser o momento ideal para adquirir as ações, diz Moliterno, da Veedha. Ele afirma que uma boa hora para comprar os papéis das varejistas seria “quando conseguirmos vislumbrar uma estabilidade nos juros e uma queda da inflação. As festas do fim de ano ainda devem ser fracas e refletir em resultados negativos nas empresas. Elas estão aparentemente baratas, mas não quer dizer que vão se recuperar agora”.
Em qual empresa apostar?
Apesar da visão neutra para todos os papéis no momento, os analistas, em sua maioria, tendem a dar preferência para as ações da Magazine Luiza, que contam com múltiplos superiores aos das outras empresas.
“Não podemos esquecer que a Magalu é uma empresa de sucesso, principalmente no digital. Pode ser uma boa oportunidade de compra, já que ela é uma empresa inteligente e com descontos significativos, especialmente se a conjuntura melhorar em 2022”, diz Everton Medeiros, da Valor.
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