Pode ser difícil ser um profissional da Geração Z hoje em dia, em um mundo que exige competências que eles ainda não tiveram a oportunidade de desenvolver da mesma forma que as outras gerações.
Além disso, à medida que a Geração Z entra no mercado, eles não têm nenhum ponto de referência sobre como o trabalho costumava ser. Por esses e outros motivos, mais de 90% desses profissionais afirmam estar estressados e 98% se sentem esgotados, de acordo com uma pesquisa da Cigna, multinacional americana de serviços de saúde e seguros.
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As habilidades de que a geração Z precisa
Como a Geração Z pode sobreviver ao mercado de trabalho e, mais do que isso, ter sucesso nesse ambiente?
Estas são as principais competências que eles devem desenvolver:
1. Habilidades interpessoais
A Geração Z relata falta de amizades: de acordo com uma pesquisa da YouGov, 25% não têm amigos ou possuem apenas um amigo próximo.
É claro que eles teriam dificuldades com relação a isso, porque cresceram se comunicando por meio de telas e se relacionando a distância, mesmo antes da pandemia. Muitos se sentem mais confortáveis com mensagens de texto do que com ligações e evitam ou se sentem constrangidos em interações cara a cara.
Desenvolver habilidades para ler os outros, ser sensível e demonstrar empatia são fundamentais. E progredir na vida requer a capacidade de ouvir, articular o seu ponto de vista, trocar ideias e chegar num ponto comum.
A Geração Z não é desprovida dessas competências, mas para expandi-las, precisam buscar oportunidades de colaboração com outras pessoas e de trabalho em equipe. Eles podem se conectar por meio de atividades fora do trabalho ou até mesmo de associações profissionais.
2. Gestão de conflitos
Muitas pessoas acreditam que qualquer discordância é ruim, mas é irreal pensar que a vida possa ser livre de conflitos. Na realidade, as melhores inovações geralmente são resultado de debates calorosos, que levam ao surgimento de novas ideias.
A Geração Z precisa aprender a tolerar diferentes pontos de vista e valorizar divergências – o que pode ser uma fonte para entender mais sobre as perspectivas dos outros e também sobre as suas próprias. É importante ser capaz de deixar de lado o julgamento e compreender a posição de outra pessoa – e depois permanecer firme ou mudar de ideia com base na escuta e na aprendizagem.
3. Responsabilidades
Um número preocupante de 68% dos donos de empresas considera a Geração Z a “menos confiável” de todos os seus funcionários, segundo pesquisa do Freedom Economy Index. Ao mesmo tempo, muitos profissionais dessa geração disseram que não estão engajados no trabalho, de acordo com a pesquisa da Cigna.
A Geração Z foi criada sendo recompensada por resultados, ao invés do esforço. Para muitos, isso reforçou a preferência por evitar coisas difíceis e, em vez disso, buscar conquistas garantidas. Eles também podem ter a crença de que suas capacidades são fixas, em vez de acreditar no desenvolvimento de novas competências. Uma mentalidade de crescimento pressupõe que você sempre pode aprender e se desenvolver, mesmo que falhe no início.
E o trabalho exige colocar esforço e energia em tarefas que podem não ser divertidas ou simples. Mas, curiosamente, quanto mais você trabalhar em algo, mais feliz e satisfeito ficará com o resultado. Suar (literal ou figurativamente) traz enormes benefícios na construção de confiança, autoestima e no desejo de tentar novamente numa próxima vez.
A Geração Z pode desenvolver esse tipo de responsabilidade comprometendo-se com o trabalho, seguindo em frente e persistindo quando as coisas ficam difíceis. Também é aconselhável buscar tarefas desafiadoras. O fracasso é um termômetro do esforço – e se você não falhar de vez em quando, pode não estar se esforçando o suficiente.
Eles têm muito a aprender com o fracasso. Quando as pessoas olham para o que deu errado e refletem sobre os seus erros, conseguem ter sucesso com mais frequência no futuro, de acordo com uma pesquisa publicada na revista científica Frontiers of Behavioral Neuroscience.
A paciência também está relacionada com isso – e é algo que a Geração Z precisará ter para continuar com um trabalho que talvez não ame, manter relacionamentos que podem não ser fáceis e aguardar o crescimento na carreira, o que exige experiência.
4. Pensamento crítico
Outra habilidade fundamental que a Geração Z deve desenvolver é a capacidade de interpretação e pensamento crítico. Todos somos bombardeados todos os dias com notícias, mídias sociais e informações de todos os lados. Temos dados ao nosso alcance, mas uma habilidade fundamental é ser capaz de encontrar ordem no caos e discernir o que é relevante e verdadeiro — e o que não é.
A Geração Z tem um desafio único, pois nasceu em um mundo ligado o tempo todo. Eles devem desenvolver a habilidade de saber no que prestar atenção e o que ignorar. E também precisam ser capazes de se desligar e se distanciar do tumulto (especialmente virtual).
Eles podem estabelecer limites de quanto tempo passarão online, além de criar hábitos de busca de informações confiáveis, questionando e analisando as questões mais profundamente. Também devem buscar diversos pontos de vista – indo além do que os algoritmos lhes apresentam e explorando além dos seus feeds.
5. Resiliência
Muitas pessoas da Geração Z são frágeis em termos de bem-estar e autoestima. Para enfrentar com sucesso uma vida que inclui dificuldades inevitáveis, eles precisam ter resiliência.
Essa geração precisa se lembrar de que a felicidade tem altos e baixos, e é normal ter momentos difíceis. Apesar das manchetes que sugerem que a vida deve ser fácil e todo estresse é negativo, um certo nível de estresse contribui para a felicidade. O “eustresse” é a quantidade ideal de desafio que motiva a ação e o engajamento na vida – e é saudável abraçar oportunidades de crescimento.
Também devem desenvolver a habilidade de olhar além de si mesmos e estender sua perspectiva para o bem-estar dos outros.
Ambiente multigeracional
Na verdade, todas as gerações precisam desse tipo de competências, e a Geração Z pode liderar o caminho para expandi-las e aprimorá-las.
A vida sempre terá imprevistos e situações que não são ideais, mas é possível criar condições para a felicidade e o bem-estar, mesmo diante desses desafios. O desenvolvimento de diversas habilidades ajudará a garantir um futuro brilhante para esses jovens e para todos.
*Tracy Brower é colaboradora da Forbes USA. Ela é socióloga, conselheira, especialista em assuntos relacionados ao universo profissional e autora de “The Secrets to Happiness at Work” (Os Segredos da Felicidade no Trabalho, em tradução livre).
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