Quase 50% dos 18 mil funcionários da Gerdau no Brasil são negros, e mais de 70% deles atuam na operação industrial da empresa. “Conforme avançamos na hierarquia da organização, essa representatividade reduz significativamente”, afirma Carla Fabiana Daniel, gerente global de diversidade e inclusão da Gerdau.
Pensando nisso, a maior empresa brasileira produtora de aço lançou, no ano passado, o programa Potências, com o objetivo de desenvolver a carreira de lideranças negras por meio de mentorias.
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A ideia é que os profissionais tenham acesso a líderes seniores para trocar conhecimentos e receber conselhos. “Foi uma alegria imensa ter a Flavia Dias, diretora global de suprimentos da Gerdau, como minha mentora nesse programa”, conta Tatiana Gomes Torres Silva, que está há quase 20 anos na empresa e foi promovida a gerente de projetos de engenharia depois do programa. “Poder contar a minha trajetória profissional e conhecer uma diretora da organização, com certeza, tiveram impacto e influência na minha carreira.”
A ação foi desenhada junto da consultoria Singuê, que tem entre os clientes outras grandes empresas como Nubank, Natura e Netflix. “Mesmo sendo a maioria dos empregados, a baixa mobilidade social no país faz com que pessoas negras fiquem estagnadas em cargos operacionais”, afirma Eliezer Leal, sócio-fundador da Singuê. Segundo ele, esse cenário impacta a renda dessa população, o desenvolvimento do país e os resultados das empresas, que perdem a oportunidade de desenvolver e reter talentos.
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Como funciona o programa
Hoje, 28% dos líderes da Gerdau (a partir da coordenação) são negros, e a meta é atingir 30% até 2025.
Para participar do programa, os mentorados devem ter pelo menos um ano de empresa e estar há três anos em cargos iniciais de liderança.
Um recorte para incluir o público feminino também foi aplicado: pelo menos 30% dos mentorados são mulheres negras. A empresa também tem o programa global Helda Gerdau, focado no desenvolvimento de mulheres para cargos gerenciais.
Durante o programa, os participantes terão um primeiro encontro para discutir como o racismo pode impactar suas carreiras, mentoria coletiva com o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, e sessões individuais com seus respectivos mentores. Do outro lado, a iniciativa também ajuda no letramento racial e de gênero das atuais lideranças. “Quando bem aplicados, esses programas fomentam uma liderança mais representativa da diversidade da organização, combatem vieses e ampliam conexões”, afirma Talita Matos, fundadora da Singuê e especialista em diversidade, equidade e inclusão.
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