Eu sei que não parece existir um jeito certo, já que nada nunca estará bom para todos. Porém, existe, sim. Se uma mulher se veste de forma mais conservadora, alguns acharão apropriado, outros acharão muito puritano e esquisito.
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Se uma mulher for assertiva na sua comunicação, pode ser considerada arrogante. Se for meiga demais é burra. Se sonhar com uma carreira de sucesso é gananciosa demais e não pensa na família. Se quiser ser dona de casa, não tem ambição e é uma coitada.
Seria possível citar milhares de outras contradições no julgamento sobre as mulheres, mas meu objetivo não é esse. Quero refletir sobre o Dia da Mulher.
Essa data lembra o dia 8 de Março de 1908, quando operárias de fábricas têxteis e confecções em Nova York entraram em greve exigindo melhores salários, redução da carga horária e condições de trabalho mais seguras. Este evento foi um marco importante na luta das mulheres por direitos trabalhistas.
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Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas em Copenhague, a líder socialista alemã Clara Zetkin propôs a criação de um dia para promover a igualdade de gênero e os direitos das trabalhadoras em todo o mundo. Em 1911 o Dia Internacional da Mulher foi celebrado pela primeira vez em vários países.
As demandas nunca foram específicas ou limitada. Ao contrário, o propósito sempre foi garantir o direito de as mulheres atuarem de forma importante na sociedade. Essa luta trouxe diversas mulheres para posições de destaque e liderança. Quer um exemplo? Eu. Tenho uma coluna em uma das revistas mais prestigiadas do mundo e posso escrever sobre o assunto que eu quiser, da forma que eu bem entender! Mas não ganhei esse espaço de mão beijada.
Minha avó materna era excepcionalmente inteligente, mas não pôde cursar uma universidade quando era jovem. Ela teve de escolher entre estudar ou casar com meu avô materno. Depois que meu avô faleceu, viúva com três filhos para criar, cheia de dívidas, minha avó foi à luta. Se formou em Direito e atuou como advogada. Ela foi importante para que eu pudesse, inclusive, cursar uma universidade também e me pós graduar em filosofia, o curso que ela sempre sonhou em fazer em primeiro lugar.
Ser mulher está longe de ser algo objetivo, binário, zero ou 1. Ser mulher é um conceito multidimensional. Envolve camadas subjetivas e objetivas, pessoais e sociais. Acima de tudo, a luta por ser valorizada como mulher é individual, é de cada uma de nós.
A verdade é que existe sim um jeito certo. A partir do momento que as infinitas formas de ser mulher nunca serão aceitas e validadas por todos, o que nos resta é entender que a validação e reconhecimento como mulher precisa começar dentro de nós mesmas. Comporte-se como quiser, aja do jeito que quiser e fale como quiser. Suas intenções e seu caráter sempre serão julgados por alguém no fim do dia.
A mulher ideal não é a dona de casa, que cuida dos filhos e vive para o lar. E a mulher ideal também não é a que persegue o seu sonho de carreira e escolhe nunca casar.
A mulher ideal é aquela que está alinhada com o que ELA MESMA acredita ser o ideal de mulher, dentro das suas crenças e realidade. O jeito certo de ser mulher é fazer o que VOCÊ decidir fazer e se comprometendo sua visão ideal. E, claro, aceitando o que vem com isso, tanto as consequências boas quanto as ruins. O jeito certo de ser mulher é escolher aquilo que você quer. E, em vez de tentar impor essa visão ao mundo, encontrar as pessoas que compartilham dessa mesma visão que você, e se rodear delas!
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Existe sim um jeito certo de ser mulher, e esse jeito é fazendo, apesar de tudo e todos te dizendo o contrário, o que você acredita ser certo, e o que você quiser.
Feliz dia das mulheres para todas que estão aqui lendo essa coluna. Parabéns por lutarem, por terem coragem, se arriscarem e resistirem em meio as tantas violências que somos submetidas diariamente. Caminhar e conquistar com vocês é um grande prazer!
Isabela Matte é especialista em creator economy e mercado digital. Começou a empreender com 12 anos e foi reconhecida no ranking Forbes Under 30 de 2018. É fundadora do IMATIZE, empresa de educação focada no digital, palestrante, creator e escritora.
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