Plantae Agrocrédito prevê originação de R$ 200 milhões em crédito baseado na LCA

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Wolney Arruda Filho, do Plantae Agrocrédito, diz que mercado vai em frente

O banco digital Plantae Agrocrédito, com sede em Presidente Prudente, no interior paulista, e com foco exclusivo no setor, tem um funding – que é captação de recursos financeiros – baseado em LCA (Letras de Crédito do Agronegócio), da ordem de 80%. Esse título de renda fixa, que foi criado em 2004 para ampliar a participação do setor privado no financiamento das atividades agropecuárias, demorou para cair no gosto do mercado financeiro.

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Mas, nos últimos anos, o peso do setor na economia mostrou ao investidor deste papel algumas vantagens em sua escolha, como o risco relativamente baixo, uma opção segura na diversificação dos investimentos e contar com isenção do Imposto de Renda. E mais, o aprimoramento das regras do jogo vem dando brilho à LCA. Para o fundador e presidente do Plantae Agrocrédito, Wolney Arruda Filho, 51 anos, as mudanças recentes na LCA trazem mais luz às negociações. A estimativa do executivo para o primeiro semestre de 2024 é atingir R$ 200 milhões em crédito destinado ao agro.

“Tivemos uma mudança importante nas LCAs e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e para nós isso foi ótimo”, afirma Arruda. “Antes, era um carnaval, porque qualquer pedaço de recibo de padaria que alguém tivesse vendido para um produtor rural, poderia ser emitido como um CRA. Agora, a política de lastro para a emissão tem que ser mesmo de um recebimento dentro do agronegócio.” O CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) é um tipo de título que, quando um volume é empacotado, se “torna” uma LCA.

Pela legislação, para a safra 2023/24, o CMN (Conselho Monetário Nacionao) determinou que 50% da captação em LCAs devem ser investidas no próprio agronegócio. Os dados mostram que as LCAs têm crescido a taxas de fazer inveja a qualquer negócio. Em 2023 as LCAs fecharam o ano com estoque da ordem de R$ 459 bilhões, uma alta de 36% ante o saldo final de 2022. Em 2021, o saldo era de R$ 178 bilhões.

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Mas onde Arruda Filho fundamenta sua crença no crescimento de seu negócio nos próximos meses, em um ambiente conturbado de queda de preços das commodities e pressão no mercado de proteína animal, especialmente a pecuária? “Grãos e pecuária não estão bem, mas outras commodities sim”, diz ele, que também é produtor rural. “Muitos produtores deveriam estar capitalizados, principalmente o de grãos, mas é o seguinte: tudo o que eles ganharam nesses últimos cinco ou sete anos, foi investido no próprio negócio. O produtor investe na expansão e na lavoura e, se tiver financiamento, ele compra.” O banco Plantae possui uma carteira de cerca de 400 clientes.

No cenário atual, Arruda Filho considera um bom momento para a cana-de-açúcar, por exemplo, que deve atingir 43 milhões de toneladas na safra 2024/25, com um mix mais açucareiro voltado à exportação. O Plantae tem atualmente uma exposição de 65% no setor sucroalcooleiro, outros 25% são de pecuária e grãos, com o restante distribuído em setores como laranja, eucalipto e outros.

“Enquanto a cana vem amarrada em cinco ciclos, como a pecuária também de ciclo longo, considero o grão uma atividade de um ciclo só. O que a gente vê é que o mercado de grãos espera algumas quebras, mesmo com o replantio de áreas de soja. Diria que temos 5% de luz amarela e 2% de luz vermelha no nosso mercado”, afirma Arruda Filho. “E também muitos produtores perderam a janela do milho. Então, pode ser que tenha aí no segundo semestre uma surpresinha positiva em termos de preço desse grão, porque a produção vai ser menor.”

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O Plantae se tornou um banco em meio a um movimento do mercado financeiro da última década em se aproximar mais do produtor, fora das linhas de dinheiro carimbado. Nasceu como instituição financeira em 2021, a partir de um negócio de factoring (ou fomento mercantil) criado há duas décadas, que se resume à compra de direitos creditórios de contas a receber a prazo. Mas isso não significa clientes menores. Faz parte desse grupo nomes como MFG Agropecuária, Marfrig, Minerva, Tereos, Cofco, Adecoagro, Cocal, Grupo CMAA, CMNP, Usina Jacarezinho, Energética Santa Helena, Viterra Bioenergia, ATVOS, Citrosuco, COFCO, ADM e Cargill.

No ano passado, a originação de negócios, segundo a instituição, foi de R$ 320 milhões, empatando com o desempenho de 2022. Para a carteira de crédito, o crescimento ficou de 5% no ano, registrando um saldo de R$ 168,1 milhões. Os dados foram apresentados no início deste mês de fevereiro.

Arruda Filho diz que mira também o crédito subsidiado via Plano Safra, mas esse é um movimento no longo prazo. “No caso de juros subsidiados, para acesso à subvenção do Tesouro, há um leilão reverso sobre o volume que uma instituição financeira consegue aplicar e o seu custo. E o recurso vai sendo distribuído a quem oferece um custo menor, até esgotar aquele limite.” Segundo o executivo, vontade não falta. “Financiamento para o agronegócio é um crédito extremamente peculiar, diferente de todos os outros créditos. Porque ele depende não só dos dados cadastrais econômicos do produtor rural, como também dos dados agroeconômicos da produção e da região. Nós conhecemos o produtor e ficamos com ele durante todo o processo de financiamento e liquidação.”

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