Agricultores estão protestando por toda a Europa. E isso está dando certo

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Reuters

Protesto de agricultores espanhóis perto de Barcelona.

Os países da União Europeia (UE) se orgulham de defender o meio ambiente. Mas essa reputação está sendo testada pelos protestos de agricultores por toda a Europa. A Comissão Europeia, o braço executivo da UE, agora pretende abandonar planos de reduzir em 50% a utilização de pesticidas. Além disso, a UE também decidiu na semana passada tirar o setor agrícola de um cronograma rigoroso para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 90% antes de 2040.

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Diversos fatores que levaram os agricultores a protestar nas últimas semanas, causando alguns danos em capitais como Paris. Estes incluem o aumento dos custos, o aumento da dívida, a concorrência de mercados mais baratos e a queda dos preços de venda. O preço médio dos produtos agrícolas que os agricultores recebem diminuiu 9% no terceiro trimestre de 2023, em comparação com o ano anterior.

As manifestações atravessaram o Canal da Mancha e chegaram ao Reino Unido no fim da semana. Agricultores britânicos, cujo país já não faz parte da UE, fizeram uma demonstração improvisada de tratores na cidade portuária de Dover na sexta-feira, enquanto protestavam contra as importações estrangeiras de alimentos.

O Comissário da Agricultura da UE, Janusz Wojciechowski, disse estar “feliz” com as mudanças, pois, segundo ele, as decisões não haviam sido “totalmente justas”. Segundo Wojciechowski, “precisamos de reduzir o uso de pesticidas, mas não forçar os agricultores [a fazer isso]”. Ele afirmou que que a solução é fornecer mais subsídios financeiros ao setor para incentivá-lo a prosseguir práticas mais verdes.

Os agricultores estão no centro de uma das peças legislativas mais importantes e históricas da UE: a Política Agrícola Comum, que fornece € 55 bilhões (R$ 291 bilhões) todos os anos em subsídios ao setor. A UE pretende tornar-se neutra em carbono até 2050. Quer também reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em pelo menos 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990.

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Questionado se estas últimas mudanças na política poderiam comprometer essas metas ambiciosas, Wojciechowski disse: “Esta é a meta geral para toda a economia, mas na agricultura devemos ter em conta as especificidades da agricultura”.

A reavaliação das suas políticas climáticas ocorre em mm momento em que a UE se aproxima das eleições parlamentares em junho, que deverão trazer mais legisladores de extrema-direita para o Parlamento. “A questão dos agricultores deverá dominar a competição eleitoral, tornando-se uma das poucas questões que vai envolver todos os países e todos os partidos”, diz Alberto Alemanno, professor do H.E.C. Paris Business School.

“O próximo ciclo político da UE (2024-29) será menos verde”, diz ele. “Os protestos recentes são apenas um prelúdio de novos confrontos que estão por vir”.

Segundo Luc Vernet, secretário-geral do think tank Farm Europe, os agricultores precisam de mais apoio ao investimento. “Os agricultores já não têm acesso a dinheiro barato e os banqueiros estão muito mais relutantes em emprestar. Precisamos refletir dentro da União Europeia sobre como concretizar a transição, porque é claramente necessário seguir em frente”, disse ele.

(com Reuters e CNBC)

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