A temporada 2024 da Stock Car começa no dia 2 de março, em Goiânia, mas os pilotos e as equipes da categoria já estão pensando em 2025. Depois de mais de uma década competindo com o mesmo modelo, a mais importante categoria do esporte a motor brasileiro vai adotar um novo carro a partir do ano que vem. E com uma inovação inédita em pistas mundiais, adotando SUVs em seu grid, com a entrada do Chevrolet Tracker e Toyota Corolla Cross.
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As duas marcas já estão no grid atual e devem se juntar a outras duas montadoras a partir de 2025 – Fiat, Renault, Hyundai e Volkswagen estão entre as possíveis candidatas. Será a primeira vez que a Stock Car terá SUVs em seu grid, quebrando uma tradição de sedãs, que por mais de quatro décadas foram os protagonistas nas pistas.
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“Somando o comportamento do mercado, a nossa interlocução com as montadoras e a pesquisa com os fãs, concluímos que este movimento que vamos fazer para 2025 é 100% consistente com as aspirações de toda a comunidade da Stock Car e do esporte a motor como um todo. Ficamos muito surpresos com a receptividade tanto do público quanto dos pilotos e investidores na categoria. É o rumo certo para garantir uma longevidade sadia para a Stock Car”, disse Fernando Julianelli, CEO da Vicar.
A promotora da Stock Car também justificou sua escolha com dados da Fenabrave que mostram o domínio dos SUVs no mercado. Hoje este tipo de carroceria representa o segmento com maior número de vendas, com 777.993 emplacamentos, ante 231.018 sedãs em 2023.
A mudança promovida pela Stock Car representa também uma chance para a Chevrolet colocar nas pistas um de seus modelos mais vendidos, enquanto o atual modelo do sedã usado na Stock Car (Cruze) já saiu de linha no Brasil. A história da marca é intrinsecamente ligada a categoria, que nasceu com as corridas de Opalas de fábrica (daí o nome “carros de estoque”, ou Stock Car em inglês).
“Os SUVs já representam mais de 40% das vendas de veículos de passeio e evoluíram muito em design, tecnologia e dinâmica veicular. O Chevrolet Tracker é referência nesse sentido, motivando a decisão de levá-lo também às pistas. O intuito é trazer ainda mais emoção e apelo para a Stock Car”, destacou Chris Rego, diretora de Marketing da GM América do Sul.
No caso da Toyota, o modelo seguirá sendo o Corolla, mas agora não mais em sua versão sedã, e sim SUV – o Toyota Corolla Cross. “A estratégia da Toyota Gazoo Racing permanece sendo a de superar os limites para ir além, buscando sempre vitórias na Stock Car, independente dos adversários e de outras marcas que estejam envolvidas no campeonato. Nossa ideia é seguir caminhando em conjunto com a categoria, incentivando o esporte a motor brasileiro e trazendo para a competição o DNA vencedor da Toyota Gazoo Racing, que acumula títulos no Mundial de Endurance (WEC), Dakar e Mundial de Rally (WRC)”, comentou Daniel Grespan, líder de projeto da Toyota Gazoo Racing no Brasil.
Fim dos motores V8
Apresentado no final do ano passado, o novo carro da Stock Car segue em fase de testes antes de passar a ser usado pela categoria. Desenvolvido pela Audacetech, tanto o Corolla Cross quanto o Tracker ganharam linhas agressivas, que, de fato, remetem a carros de corrida.
“São designs que inspiram: você olha e já imagina eles na pista. O visual sugere dois carros puro-sangue, realmente com pedigree de competição”, opinou Enzo Bortoleto, CEO da Audacetech. “Tecnicamente, o maior desafio será a equalização aerodinâmica, que já está em andamento e tem mostrado resultados bem animadores. Temos certeza de que vamos manter o impressionante equilíbrio da Stock Car, que tem classificatórios com até 30 carros separados por apenas meio segundo, um índice espetacular que vamos preservar”, destacou.
O conceito atual da Stock Car permanecerá com o novo carro: todas as equipes e pilotos terão o mesmo chassi, com as carrocerias diferentes representando cada uma das quatro marcas.
Além da mudança para SUV, 2025 também marca o fim da era dos motores V8. A partir de 2025, a Stock Car usará motores turbo quatro cilindros, com 500 cavalos de potência e movidos a etanol. Na parte esportiva, outra novidade será a adoção do DRS, a asa móvel, assim como acontece na F1.
O novo carro já está participando de testes privados, mas ainda sem presença de equipes, pilotos e mídia. A apresentação em pista do novo modelo deve acontecer ainda no primeiro semestre. Até lá, os pilotos estarão disputando milésimo a milésimo de segundo cada uma das 12 corridas deste ano. Mas também gastando alguns preciosos segundos imaginando planos para uma temporada que deve ser histórica em 2025.
*Rodrigo França é repórter especializado em esporte a motor desde 1997. Em 25 temporadas, cobriu mais de 1.000 corridas de F1, Indy, Le Mans, Formula E, Nascar, Stock Car e Truck, acompanhando GPs em mais de 20 países diferentes. Também é autor do livro “Ayrton Senna e a Mídia Esportiva”, apresentador do programa “Momento Velocidade” na TV Gazeta e do canal Senna TV. Em 2023, cobriu 8 GPs da F1 por Forbes Motors.
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