Corredores amadores e atletas profissionais intensificaram os treinos nas últimas semanas para aproveitar a retomada do calendário de provas de rua. Muitos já se preparam para o retorno da principal prova de rua do país, a tradicional Corrida de São Silvestre, disputada no último dia do ano.
Porém, depois de tantas restrições e mudanças de rotina, alguns erros simples podem comprometer a performance. São equívocos que envolvem desde a alimentação até o treinamento.
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O primeiro deles é subestimar o tempo de descanso perto da prova. Muita gente acredita que os treinos mais leves não auxiliam na preparação e apostam em rotinas mais pesadas, que melhorariam o tempo na corrida. Seguir um treinamento com um educador físico para ter acompanhamento personalizado é fundamental. Não fazer programação dos treinos e, no dia da prova, querer correr a mais do que o programado pode ter resultados desastrosos. Hoje há muito conhecimento técnico para que o atleta não “pule etapas”, não tenha lesões e consiga cruzar a linha de chegada como planejado.
O outro erro comum é o planejamento nutricional. Muitas vezes o atleta vai para a prova sem estar adequadamente nutrido. Corridas mais longas necessitam de uma reserva de glicogênio adequada. Ter esta reserva mais alta em provas de endurance (provas longas) resulta em melhora tanto no tempo quanto na execução da corrida. A orientação é se alimentar adequadamente, principalmente na semana anterior da corrida, e usar suplementos de carboidratos, para melhorar a reserva de glicogênio e ter mais energia para utilizar durante a prova.
Ainda falando sobre falha nutricional, às vezes o corredor troca de suplemento no dia da corrida. Esse é um erro bem comum que pode custar caro, gerando desconforto abdominal ou diarreia, dificultado o término da prova.
Outra troca desaconselhável é mudar o tênis no dia da corrida. Isso pode causar bolhas, dor ou desconforto durante a prova, e até o abandono do percurso.
Por último, mas não menos importante, principalmente para quem vai correr nas próximas semanas aqui no Brasil, com temperaturas elevadas, peço muita atenção à hidratação. No início da prova e durante o percurso é muito importante o consumo de água, para que não haja desidratação. Ressalto que uma desidratação relevante, de 3% a 5% do peso, torna difícil o término da prova.
Faço, aqui, um alerta aos pacientes que tiveram Covid-19: antes de uma prova longa ou treinos intensos, converse com seu médico (cardiologista ou médico do esporte), para ter segurança nos esforços de competição ou alta intensidade. Os cuidados de higiene e distanciamento, claro, devem ser mantidos.
Com relação às máscaras na corrida, pesquisadores dos Estados Unidos avaliaram que o uso da proteção no nariz e na boca não causou alterações na temperatura ou na frequência cardíaca em treinos leve a moderado (estudo completo no link https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/19417381211028212). No entanto, houve um aumento da percepção de cansaço pelos atletas, que relataram dificuldade respiratória, mas sem alterações fisiológicas. O que o estudo deixa claro é que é mais importante a segurança tanto do corredor quanto de quem está em volta também. Onde há orientação para o uso de máscaras, elas devem ser usadas. É possível, sim, fazer a atividade física, sem prejuízos.
Cuide-se e boas provas!
Eduardo Rauen é médico nutrólogo e diretor técnico do Instituto Rauen.
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