Em um avanço notável, pesquisadores dinamarqueses, liderados por Sune Lehmann, desenvolveram uma ferramenta impulsionada por IA para prever a morte. Eles analisaram minuciosamente conjuntos extensos de dados, revelando padrões sutis que podem fornecer informações sobre a expectativa de vida de um indivíduo. Isso não apenas anuncia uma nova era de esperança para intervenções médicas precoces, planos de tratamento personalizados e alocação estratégica de recursos em resposta às crescentes necessidades da população, principalmente idosa, mas também inicia uma conversa vital sobre as ramificações éticas de tais inovações.
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Criamos nosso próprio Oráculo?
Como vimos muitas vezes, mais recentemente com o surgimento da tecnologia de edição genética CRISPR, cada avanço tecnológico carrega consigo uma teia de complexidades. O esforço para prever a mortalidade transcende a mera busca científica e é, de fato, uma odisseia nas profundezas da psique humana. A revelação da expectativa de vida potencial de alguém, embora capacitadora em sua clareza, também semeia ansiedade, temor e inquietação existencial.
Smriti Kirubanandan, especialista em Saúde e Tecnologia, articula esse paradoxo: “O poder preditivo dessa tecnologia, embora perturbador para alguns, revela oportunidades extraordinárias para o autoempoderamento. Equipados com insights sobre seus riscos de saúde, os indivíduos estão aptos a decisões certeiras sobre seu estilo de vida, cuidados com a saúde e considerações para o fim da vida.”
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É um cuidado verdadeiramente centrado no paciente?
O avanço da predição de mortalidade por meio de modelos sofisticados de IA representa um momento crucial que gera implicações profundas tanto para pacientes e servidores – transcendendo as práticas convencionais. Para instituições como seguradoras e agências governamentais de saúde, isso é revolucionário. Ao mesclar análise avançada de dados com aprendizado de máquina, eles podem refinar modelos com precisão, permitindo a criação de ações que reflitam genuinamente trajetórias de saúde individuais. Isso possibilita uma abordagem mais personalizada, resultando na alocação mais eficiente de recursos e maior sustentabilidade nos modelos de financiamento e seguro de saúde.
Talvez o mais importante seja o impacto desse avanço tecnológico nas políticas públicas, que com estratégias orientadas por dados, podem melhorar significativamente a saúde global da população.
Vamos substituir uma crise de dados por uma crise existencial?
Embora essa ferramenta de IA possa anunciar uma mudança significativa em nossa capacidade de avaliar a saúde, ela também introduz um reino de complexidades psicológicas e éticas. Kirubanandan captura esse dilema: “Isso é preocupante, pois a consciência da mortalidade, especialmente quando prevista com precisão, pode desencadear preocupações existenciais para pessoas que lidam com sua mortalidade e a fragilidade da vida.”
Além disso, o uso de dados pessoais de saúde na predição de mortalidade levanta questões significativas sobre privacidade e ética. Diante dessas considerações, é crucial que governos e prestadores de cuidados de saúde reconheçam e abordem os impactos psicológicos e emocionais desses modelos. O desafio reside em harmonizar os benefícios da análise preditiva com suas possíveis repercussões psicológicas, garantindo que os avanços na tecnologia de saúde contribuam positivamente para o bem-estar geral.
Saber ou não saber – eis a questão?
Enquanto estamos na encruzilhada da inovação tecnológica e da curiosidade humana, enfrentamos um dilema: abraçar o conhecimento da morte ou não. Esse desafio introduz uma camada adicional de complexidade aos debates éticos existentes sobre IA. A jornada na tecnologia de predição de mortalidade exige um robusto arcabouço ético e de governança, navegando pelos desafios de discriminação, privacidade e profundos impactos psicológicos. Esse caminho pede um equilíbrio entre o avanço tecnológico e a integridade ética. Talvez, no final de tudo, a verdadeira pergunta não seja quanto tempo viveremos, mas quão sábios e humanos permanecemos.
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