A busca por oxigênio pode ser crucial para encontrar civilizações alienígenas, mas o motivo não é tão simples quanto se pode pensar, argumenta um novo artigo. Enquanto isso, um segundo estudo sugere que planetas com pouco dióxido de carbono em sua atmosfera podem apresentar sinais de água líquida — e possivelmente vida.
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Busca por oxigênio
O oxigênio torna a atmosfera da Terra habitável para a vida aeróbica complexa, o elemento também é um indicativo da existência de fogo — componente essencial para o desenvolvimento da civilização tecnológica na Terra.
Um novo artigo financiado pela NASA, publicado na Nature Astronomy, destaca as ligações entre o oxigênio atmosférico e a detecção de tecnologia extraterrestre em planetas distantes, sugerindo que priorizar a busca por altos níveis de oxigênio em exoplanetas poderia ser uma pista significativa para encontrar potenciais “tecnossignaturas”.
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Oxigênio, fogo e ‘tecnossignaturas’
Exoplanetas são planetas que orbitam uma estrela diferente do nosso sol — ao todo, mais de 5.200 já foram encontrados e têm suas atmosferas estudadas pelo Telescópio Espacial James Webb. E “Tecnossignaturas” são evidências científicas de tecnologia passada ou presente, indicando a presença de vida em outro sistema estelar.
Argumenta-se que pode ser mais fácil encontrar tecnossignaturas em planetas distantes do que evidências diretas de vida microbiana nas atmosferas dos planetas — conhecidas como biossignaturas. Exemplos de tecnossignaturas incluem sinais de rádio, luz artificial, painéis solares, enxames de satélites ao redor de um planeta, megaestruturas de algum tipo e poluição industrial na atmosfera.
Força motriz
Os pesquisadores afirmam que o fogo tem sido a força motriz por trás das sociedades industriais. A tecnologia se desenvolveu na Terra porque a combustão ao ar livre — o fogo — é possível. O fogo exige combustível e um oxidante, geralmente oxigênio. O fogo torna possível cozinhar, forjar metais para estruturas, criar materiais para casas e aproveitar a energia através da queima de combustíveis.
Eles também descobriram que o uso controlado do fogo só foi possível quando os níveis de oxigênio na atmosfera atingiram ou excederam 18% — muito mais alto do que o necessário para sustentar a vida biologicamente complexa. O ar na atmosfera da Terra é composto por cerca de 78% de nitrogênio e 21% de oxigênio, de acordo com a NASA.
“Você pode conseguir biologia — até mesmo criaturas inteligentes — em um mundo que não tem oxigênio”, disse o co-autor Adam Frank, professor de física e astronomia na Universidade de Rochester e autor de “The Little Book of Aliens”. “Mas sem uma fonte pronta de fogo, você nunca vai desenvolver uma tecnologia mais avançada, porque isso requer combustível e fusão.”
Busca por carbono
Em um artigo separado publicado na Nature na semana passada, cientistas argumentam que a ausência de dióxido de carbono na atmosfera de um planeta rochoso — em comparação com outros no mesmo sistema estelar — pode indicar a presença de água líquida na superfície do planeta. Os níveis mais baixos de dióxido de carbono na Terra, em comparação com Vênus e Marte, resultam de um ciclo da água envolvendo oceanos. Os pesquisadores reforçam que um padrão semelhante em um exoplaneta poderia significar oceanos e vida. “Na Terra, grande parte do dióxido de carbono atmosférico foi sequestrado na água do mar e em rochas sólidas ao longo de escalas geológicas, o que ajudou a regular o clima por bilhões de anos”, disse o co-autor Frieder Klein.
Assinatura distintiva
De maneira crucial, a assinatura distinta do dióxido de carbono pode ser alcançada com o Telescópio Espacial James Webb, da NASA, argumentam os pesquisadores, ao contrário de muitas outras biossignaturas. O dióxido de carbono é um forte absorvedor no infravermelho e pode ser facilmente detectado nas atmosferas de exoplanetas. Em julho de 2022, o JWST detectou dióxido de carbono na atmosfera de WASP-39b, um gigante gasoso quente orbitando uma estrela semelhante ao Sol a cerca de 700 anos-luz da Terra. Biossignaturas — como oxigênio e dióxido de carbono — podem ser detectadas na atmosfera de um exoplaneta usando espectroscopia, que analisa a luz que passa pela atmosfera.
“O Santo Graal na ciência de exoplanetas é procurar mundos habitáveis e a presença de vida, mas todas as características que foram discutidas até agora estiveram fora do alcance dos observatórios mais recentes”, disse Julien de Wit, professor assistente de ciências planetárias no MIT, em um comunicado de imprensa. “Agora temos uma maneira de descobrir se há água líquida em outro planeta. E é algo que podemos alcançar nos próximos anos.”
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