Morando em Berlim no ano passado, Isabela Chusid parou uma mulher na rua para perguntar onde ela havia comprado sua sandália. “No Brasil”, respondeu a moça, que usava uma Linus, a marca de sandália vegana criada por Isabela há cinco anos.
O sapato foi comprado aqui, mas hoje também também está presente em mais de 350 pontos de vendas físicas – dentro e fora do Brasil. Desde 2021, a Linus mira sua expansão global: já chegou a Portugal, Espanha e desembarca agora no Chile, Peru, Austrália e Nova Zelândia.
Isabela captou o interesse dos estrangeiros pela sua marca por meio de uma plataforma que rastreia os acessos ao e-commerce. “Tinha muita gente da Europa de modo geral, mas principalmente da Península Ibérica, por conta da facilidade da língua”, lembra ela, que começou a se mexer para atender a demanda.
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Revenda em Portugal
Antes de abrir o site internacionalmente, testou uma parceria com lojas em Portugal e entendeu o que mais atraía os estrangeiros. “O fato de ser brasileiro ainda é algo exótico, as cores trazem um ar de brasilidade e a questão da sustentabilidade chamou a atenção.”
A empreendedora fez parte da lista Forbes Under 30 em 2018, que destaca os jovens mais promissores em suas áreas. “A lista dá uma chancela. As pessoas passaram a me levar mais a sério”, diz Isabela sobre a repercussão.
Isabela está à frente das áreas de marketing, comercial, produto e cultura. Mas também participa dos processos de perto e coloca a mão na massa quando necessário. “Isso é muito importante em termos de cultura, porque motiva o time”, diz ela, que lidera uma equipe de 25 pessoas, sendo 21 mulheres.
O sucesso do negócio também a levou à Cúpula das Américas, evento que reúne chefes de Estado do continente, em 2022, na Califórnia. E a exposição internacional ajudou no avanço da expansão. “Acredito muito no boca a boca. Temos 140 países acessando o site e não temos anúncios rodando no mundo inteiro”, afirma.
O e-commerce é acessado por pessoas de países tão diversos quanto Japão, Trinidad e Tobago e ìndia, de onde chegam mensagens enviadas por pessoas que conheceram a marca por meio de brasileiros que fazem parte de comunidades de ioga.
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Crescimento com um único produto
Com um único modelo e uma identidade de marca voltada para o público jovem, Isabela captou uma comunidade de clientes que buscam produtos sustentáveis com design. O preço também conta, já que a Linus é uma releitura da [alemã] Birkenstok, feita de cortiça e couro, mas que custa o triplo do preço.
No Brasil, além da loja física própria em São Paulo, a Linus tem parceria com a marca de roupas de praia Cia. Marítima, com a Austral e também com as lojas da Imaginarium. Nessas, vende cores exclusivas. “É um produto de baixa complexidade, que não quebra, não vence e não troca coleção. Por isso os investidores curtem ”, diz a empreendedora, que já foi procurada por pessoas interessadas em fazer sociedade.
Das multinacionais ao negócio próprio
Os negócios sempre estiveram presentes na família. Desde cedo, viu os avós e os pais tocando seus empreendimentos. Mas depois de se formar em administração e fazer estágio e programa de trainee em multinacionais, pensou em seguir a carreira corporativa, mas não por muito tempo. “Sofri muito, sentia que não me encaixava.”
A empreendedora queria trabalhar com sustentabilidade, mas ainda não sabia como. “Sempre fui a ‘eco chata’ da família”, diz ela que, aos cinco anos, após uma aula na escola, ajudou a implementar uma política de reciclagem no seu prédio.
Depois de buscar – e não encontrar – sandálias específicas para uma condição médica que tinha, decidiu criar a sua própria. Aos 23 anos e com um investimento inicial de R$ 50 mil, com economias próprias e a ajuda da família, produziu um primeiro lote com 900 pares.
A Linus é feita com um tipo de PVC que substitui lubrificantes de origem animal ou fóssil por produtos de origem vegetal, o que se traduz em mais de 70% de fontes renováveis e inesgotáveis. “Não inventei a roda, mas estava disposta a abrir mão de um pedaço da margem para conseguir chegar numa matéria prima melhor.”
A empresa, que é certificada pela organização britânica The Vegan Society, começou compensando suas emissões de carbono, que hoje são negativas.
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