No Ceará, hotel com só sete bangalôs encanta pelo luxo e kitesurf

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Divulgação/Casana Hotel

A 280 quilômetros a oeste de Fortaleza, o Casana Hotel fica na praia com uma das ventanias mais desejadas no mundo para a prática do kitesurf

O corpo suspenso pela pipa estufada sobre o mar encrespado é dessas sensações que fazem valer a pena estar vivo. Preso a fios como se fosse um móbile ao comando do vento, abro caminho pelas marolas com um sorriso que transborda a emoção. É só a minha primeira aula de kite, então, ainda deslizo enganchado ao instrutor, que tem total controle da situação – em média, são necessárias quatro ou cinco aulas de duas horas cada para estrear sozinho no mar com a pipa e prancha. Seja como for, é fácil entender por que tanta gente da Europa e do sudeste do Brasil está interessada em passar férias (ou a vida) nessa borda do país.

A 280 quilômetros a oeste de Fortaleza, na praia do Preá, sopra uma das ventanias mais desejadas no mundo para a prática do kitesurf. E um dos principais destaques da hotelaria de luxo do nordeste brasileiro fica ali: o Casana Hotel. Ele fica a 20 minutos do aeroporto Ariston Pessoa, no município de Cruz – considerando que são 3h20 de voo a partir da capital paulista, às vezes é mais rápido chegar ao Preá do que de carro ao litoral norte de São Paulo.

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A piscina de fundo escuro e borda infinita é o coração do Casana Hotel

Inaugurado em 2018 em um terreno a beira-mar de 10 mil metros quadrados, o Casana tem sete suítes, duas delas com piscina particular – todas sinônimo de conforto extremo aliado a bom gosto, além de privacidade e vista para o mar. Mas, antes mesmo de pisar no hotel, no carro de traslado, você já entende o nível do serviço: por mensagem, recebo as boas-vindas e o cardápio do almoço que estará pronto logo após a chegada.

Uma vez no Casana, poucos passos na propriedade já são suficientes para entender a linha da arquitetura, abusando de grandes janelas, vidro, pedras, madeira clara e branco. A desconexão com a rotina de São Paulo é imediata. O hotel ganha de vez a sua simpatia assim que entro no quarto e me deparar com a foto da minha família em um porta-retrato – que surpresa adorável. O lugar aceita crianças, mas conserva uma atmosfera que convida ao romance.

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Ficamos na suíte número 1, com 100 metros quadrados e hidro a céu aberto – a favorita do casal proprietário, que inicialmente escolheu o local como um refúgio particular para se divertir com o kitesurf: Natália Laurindo Furland, de 31 anos, ex-modelo formada em artes plásticas pela University of the Arts London, cearense de Fortaleza, primogênita de três filhas de uma professora; e o sueco Jimmy Furland, de 43 anos, empreendedor do setor de tecnologia. Eles estão casados desde 2017, têm dois filhos e vivem em Londres – o pedido de casamento aconteceu em 2015, depois de uma travessia de kitesurf entre Necker e Anegada, nas Ilhas Virgens Britânicas, na presença do amigo Richard Branson.

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Um dos bangalôs com piscina privativa do hotel

“Não tinha nada nessa parte do Preá quando começamos a obra”, recorda Natália. “O pessoal achou que a gente era louco de construir aqui, mas complexidade nunca me assustou.” A carreira de ambos fez percorrerem dezenas de países: ela, cerca de 50; ele, aproximadamente 100. “Quisemos trazer para o Casana tudo de mais incrível que experimentamos mundo afora, uma mistura do serviço da rede Aman e do ambiente de Necker, valorizando a cultura e a história do nosso país. Pensamos nos mínimos detalhes.”

Posso confirmar que Natália não está falando da boca para fora – cada instante no Casana é a descoberta de um detalhe. Seja no design do ventilador de teto, um Spitfire – a hélice do principal monomotor britânico na Segunda Guerra Mundial; no piso, que permite caminhar descalço sem se incomodar com o calor; ou na pedra escura usada no fundo da piscina, o coração da área comum do hotel, onde um dos principais programas é se esparramar em uma espreguiçadeira deliciosa e encarar o céu azul, acompanhando sem pressa o esgarçar de pequenas nuvens brancas que, de repente, somem no espaço.

Quando desejar uma sombra mais contundente, não pense duas vezes e vá para o lounge, com sofás e almofadas coloridas, um dos lugares favoritos de Natália no Casana (que, diga-se, vem a união de “casa” e “na”, do nome dela). “Gosto muito de olhar a piscina e o mar de lá”, ela comenta – e preciso concordar de novo. O teto tem painéis com formas vazadas que lembram a escrita árabe. Natália conta uma curiosidade sobre os nove painéis que forram o teto do lounge. “Em cada um deles, está escrito ‘Casana Jimmy e Naty’, mas está ali, escondidinho, como se fosse a assinatura do pintor.” O arquiteto que assina o projeto é o francês Frederic Fournier.

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Lounge do Casana Hotel

Peixes e frutos do mar frescos

Não se iluda com a ideia de ir ao Casana apenas para ter excelentes aulas com instrutores experts em kitesurf ou praticar a modalidade – o passar das horas aqui vai muito, mas muito além disso.

A começar pela gastronomia de ponta e exclusiva dos hóspedes, sob a batuta do chef André Wunderlich (ex-Tuju e Dinner in the Sky, com formação na Itália). “Trabalhamos com produtores e pescadores locais, criamos o cardápio a partir do que estiver mais fresco”, explica André. “Tenho todos os equipamentos que imaginar nessa cozinha, posso usá-la como um laboratório e focar na criatividade”, continua o chef, que conta com uma equipe de 12 pessoas (oito da região, três de São Paulo e uma de Minas Gerais).

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Por favor, não me pergunte o que mais gostei de comer, pois foram, de verdade, muitas delícias. Não me faça escolher a melhor entrada, entre um tartare de atum e beterraba, molho ponzu e crocante de polenta; ou um croquete de carne de panela desfiada; ou ostras com mignonette de cajá, óleo de manjericão e limão- siciliano. No grupo dos pratos principais, também ficaria em dúvida entre consagrar a moqueca de peixe e camarão, servida com banana grelhada na manteiga de garrafa e farinha de macaxeira; ou a barriga de porco assada lentamente e servida com purê de maçãs negras; ou ainda um super churrasco, com uma sequência de pargo, camarão e lagosta sem precedentes. Melhor ainda quando nem cardápio havia, e recebia mensagens como: “Hoje o chef gostaria de surpreendê-los com peixes e frutos do mar frescos em uma degustação.”.

Direita ou esquerda?

Há diversas maneiras de explorar os dois lados da praia a partir do Casana: à esquerda, o Parque Nacional e o vilarejo de Jericoacoara (a 12 quilômetros); à direita, as dunas da Barrinha (a 5 quilômetros), com lindos panoramas de lagoa e mar. Os amantes do pedal (como eu) vão se divertir com as fatbikes (pneus grossos para areia fofa); já a turma que gosta de um motor vai curtir acelerar o buggy ou o UTV de dois e quatro lugares (veículos off-road com estrutura de gaiola). Se preferir investir nos dois lados, no mesmo dia, sem se preocupar com a condução, há o programa Especial Casana, que une os roteiros leste e oeste com almoço na Casa B&B, restaurante na Lagoa do Paraíso. O caminhar sem rumo pela praia, para o lado que for, sempre é recomendável para observar pescadores costurando suas redes e pequenas jangadas pintando o horizonte quase como miragens.

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UTV passeia pelas dunas da Barrinha

De volta ao hotel, hora de receber as bênçãos do spa: nove tipos de massagem ao seu dispor. Entre elas, pedras quentes; a quatro mãos e drenagem linfática Renata França. Não resisti à “bambuterapia”: manobras com bambu pelo corpo para aliviar tensões musculares, ativar a circulação e estimular glândulas a reduzir gordura localizada. Há também uma academia bem equipada, aberta 24 horas, com paredes de vidro. Para celebrações e jantares especiais, o hotel providencia shows privados com artistas locais, que vão de duo de voz e violão a banda de forró pé de serra.

Programe suas atividades sempre considerando não perder o pôr- do- sol – no final de junho, ele estava mergulhando no Atlântico, deixando para trás uma explosão de cores que só sumiam do céu quando apareciam as estrelas. No Casana, há um mirante que garante vistas incríveis, mas tive poentes memoráveis em diferentes pontos do hotel.

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Seja lá qual for a sua programação no Casana, vai notar um diferencial: a excelência no atendimento, e a maneira não engessada de a equipe interagir com os hóspedes. São 63 colaboradores fixos – e as surpresas vão até o fim da estadia, quando o carro, ainda dentro da propriedade, cruza com parte dos colaboradores lado a lado, aplaudindo e acenando para nós – um gesto simples que nos levou às lágrimas (você fica com saudade do lugar antes mesmo de sair!). “Entendemos que o serviço de luxo, em hotéis desse porte, precisa aparecer em todos os contextos sensoriais”, comenta o gerente, Nelson Rato. “O lado emocional comanda a vida, e tentamos sempre que o cliente saia de coração preenchido. A hotelaria de luxo deve ser baseada no amor em cada contato humano.”

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Os instrutores recomendam 5 aulas para começar no kite

O sucesso do Casana Hotel em breve será replicado em outro paraíso natural do nordeste brasileiro. Em primeira mão, o casal abriu para a Forbes seu novo projeto de hotel. Após oito meses de negociação, Natália e Jimmy compraram a Ilha do Caju: dunas, mangues, matas e campos alagados no Delta do Rio Parnaíba, entre o Maranhão e o Piauí, em uma área de aproximadamente 100 quilômetros quadrados (o dobro da Ilha de Manhattan). Serão cerca de 35 suítes, com previsão inicial (e otimista) de abertura para 2026. “Estamos no processo de licitação, com arquitetos internacionais de renome, pois queremos uma joia arquitetônica nordestina”, adiantou Natália. “Vamos funcionar como um guardião da natureza, investindo no turismo de luxo sustentável, protegendo a riquíssima biodiversidade com o menor impacto possível. Imagina se um lugar desse cai em mãos erradas? O projeto é de longo prazo, para que meus netos olhem para trás e se orgulhem do nosso legado.”

Grupo Carnaúba prevê mega projeto no Preá

Holding brasileira com foco em desenvolvimento imobiliário, o Grupo Carnaúba planeja transformar a Praia do Preá no principal destino turístico planejado do país. O objetivo é criar um modelo de desenvolvimento que considere não apenas o turismo, mas o impacto social e ambiental da atividade econômica na região. Fundador do grupo em 2020, o carioca Julio Capua ingressou na XP como sócio em 2004, onde ficou por 16 anos. Ele fala sobre a paixão pelo esporte e os detalhes da iniciativa.

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Projeção da Vila Carnaúba, prevista para começar a ser entregue em 2024

“O kitesurf me pegou porque é o momento em que realmente me desconecto de tudo para me reconectar comigo – é como uma meditação profunda. Conheci esse lugar por causa do kite, em 2015. Quatro anos depois, comprei um terreno com a ideia de fazer um condomínio com outros amigos apaixonados pelo Preá. Mas, ao perceber a oportunidade de um projeto maior, comecei a chamar amigos como o Miguel Pinto Guimarães e outros ex-executivos da XP, que viraram meus sócios no grupo. Criamos um projeto imobiliário que inclui produtos para todas as classes sociais, além de investir em energia renovável, educação, saúde e empregos para a comunidade ao redor crescer junto. Adquirimos uma área de 12 milhões de metros quadrados, com o plano de construir seis condomínios de luxo e outros condomínios de classe média e popular. Um dos projetos em construção é o Vila Carnaúba, condomínio de alto padrão – a primeira fase será entregue em 2024. O empreendimento prevê um total de quatro hotéis até 2033. A estreia será com o Anantara Preá, primeiro resort da cadeia de superluxo no Brasil, com inauguração prevista para 2026.

Matéria publicada na edição 111 da revista, disponível nos aplicativos na App Store e na Play Store e também no site da Forbes.

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