No período pós-pandemia, o mercado cripto entrou no seu inverno. “Exchanges” muito conhecidas quebraram, diversos projetos viraram pó, o volume de transações desabou e vários mineradores saíram do negócio.
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A disparada da taxa de juros nos Estados Unidos e na Europa, que começou em meados de 2022 na tentativa de contar a inflação, tirou a atenção dos criptoativos. Como o aperto na política monetária se interrompeu e crescem as apostas de quedas nos juros a partir de meados de 2024, as criptomoedas voltaram a atrair a atenção dos investidores. As mais desejadas são as que oferecem algo mais tangível ou fornecem infraestrutura para outras atividades no mundo cripto.
Forbes consultou o especialista Beto Fernandes, da exchange Foxbit, para listar as criptomoedas com os melhores e com os piores desempenhos em 2023. Os percentuais de ganhos e perdas vêm do portal Coin Market Cap, com dados referentes ao dia que pegamos no dia 22 de dezembro.
Melhores criptomoedas de 2023
O reflexo da melhora no mercado está nas duas criptomoedas mais negociadas, bitcoin (BTC) e ether (ETH). No ano, até 22 de dezembro, elas acumularam ganhos de 164% e 95% respectivamente. Além da queda dos juros, os preços do bitcoin subiram devido a um fator técnico e outro de mercado.
O fator técnico é o corte de 50% da recompensa dos mineradores. O bitcoin é finito: sua criação por meio de mineração vai se encerrar quando forem minerados 21 milhões de unidades. A cada 210 mil unidades mineradas, a “remuneração” dos mineradores – paga nos próprios bitcoins – é reduzida pela metade, o chamado “halving”. Isso deve ocorrer no início do segundo trimestre de 2024. Reduzindo a oferta, os preços sobem.
O fator de mercado é que as principais gestoras de recursos americanas estão prestes a receber aprovação da Securities and Exchange Commission (SEC), a CVM americana, para Exchange Traded Funds (ETF) de bitcoins no mercado à vista. Já existem muitos ETFs de derivativos em circulação. Porém, eles não aumentam diretamente a demanda pelos bitcoins. Com a criação de ETFs de mercado à vista, haverá um aumento da demanda final.
O mercado, como sempre ocorre, antecipou esses movimentos. “É praticamente impossível não começar essa lista com o bitcoin (BTC)” diz Fernandes. “Com a expectativa do halving em abril e os ETFs à vista nos Estados Unidos, o mercado está otimista de que essa alta vai continuar.”
A solana (SOL) teve valorização de mais de 845%. A criptomoeda facilita várias transações com altcoins e isso impulsionou os preços. No entanto, apesar de ser concorrente sério ao blockchain do ether, a solana tem um risco. Há um grande volume de moedas bloqueadas pela justiça, nos ativos digitais da massa falida da exchange FTX. Por isso, decisões judiciais de desbloqueio desses ativos para pagamento de credores podem elevar a oferta desse token, derrubando os preços. Porém, segundo Fernandes, “nem a possível venda em massa das reservas da extinta FTX tirou o ânimo dos investidores”.
Finalmente, a avalanche (AVAX) valorizou-se cerca de 307% em 2023. A parceria da blockchain com o JP Morgan, no segundo semestre do ano, ajudou a impulsionar os valores. “Essa plataforma vai ser usada para a tokenização de gerenciamento de ativos do banco norte-americano, os investidores estão atentos para possíveis novas parcerias que poderiam alavancar ainda mais o preço da criptomoeda.” informa o analista da Foxbit.
Em uma categoria mais especulativa, outra criptomoeda que chegou a subir bastante foi a FTT, o token da FTX. Apesar de estar com uma valorização de 320% em 2023. Rumores sobre interessados na massa falida da FTX – como o ex-presidente da NYSE, a bolsa de Nova York – puxaram os preços.
Piores criptomoedas de 2023
Para as piores criptos de 2023 começamos com a Pepecoin (PEPE), que é uma memecoin com a cara do sapo famoso dos memes. Fernandes da Foxbit lembra que essa cripto “não tem um projeto relevante por trás, com o desempenho do token à deriva da especulação e hype dos investidores”.
A criptomoeda Binance Coin (BNB), da exchange homônima, chegou a subir modestos 10% em 2023, mas a alta foi acidentada. “A SEC pressionou muito as operações da exchange, levando à renúncia do então CEO Changpeng Zhao”, relembra Fernandes. “O que resta é, então, se apegar ao que a Binance Smart Chain vem produzindo, mas há muitas incertezas em torno do comportamento dos reguladores.”
Outro desempenho aquém do esperado foi da gamecoin Axie Infinity (AXS), vinculada ao jogo homônimo inspirado no Pokemon. Apesar do ganho de 18,30% em 2023, “é nítido que o hype em torno das gamecoins arrefeceu”, diz Fernandes.
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Este texto não é uma recomendação de compra ou de venda das criptomoedas aqui comentadas. Os especialistas em finanças pessoais recomendam não ter mais que 1% de suas reservas em criptoativos.
O post Saiba quais foram as melhores e as piores criptomoedas de 2023 apareceu primeiro em Forbes Brasil.