Quando uma fabricante ousa lançar uma picape em uma pista de corrida, é porque tem certeza dos seus dotes esportivos. Foi isso que a Ram fez para apresentar, em junho, a Rampage R/T ao mundo: pôs à prova o ímpeto de suas arrancadas, a estabilidade que quase ignora a leveza da caçamba e o poder das frenagens em centenas de voltas pelo Autódromo de Interlagos.
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Apresentar ao mundo pois a Rampage é a primeira caminhonete da marca norte-americana concebida e produzida fora dos EUA e no Brasil. Ponto número um de sua importância.
Ponto número dois: estampa na grade de um carro mais prático e acessível um logotipo carregado de símbolos e status, sem prejuízo de símbolos e status. Para o agronegócio, a Rampage é um cartão de visita quase tão poderoso quanto as gigantes 1500, 2500 e 3500 – só que mais fácil de estacionar.
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Terceiro: em cinco configurações, personifica talvez como nenhuma outra picape cada uma de suas propostas: Rebel é a aventureira, Laramie a luxuosa e R/T a esportiva. As duas primeiras podem vir tanto com um 2.0 turbodiesel de 170 cv e 38,8 kgfm de torque, quanto com o Hurricane 4, um 2.0 turbo a gasolina de 272 cv e 40,8 kgfm de torque, única opção da R/T. Todas trazem câmbio automático de nove marchas e tração integral. Preços vão de R$ 244.790 a R$ 277.490.
Em que pese o segmento das médias atravessar uma entressafra, a Ranger elevou o patamar da categoria em dirigibilidade, acabamento e nível de equipamentos. Entre os itens de série da versão Limited, R$ 320 mil, há sete airbags, ar-condicionado digital de duas zonas, direção com assistência elétrica e câmbio automático de dez marchas.
O sistema multimídia, exibido em uma tela de 12 polegadas, é tão completo, descomplicado e intuitivo que faz o equipamento da concorrência parecer um relógio Casio. Um kit opcional de R$ 20 mil inclui painel digital de 12,4 polegadas e câmera 360 graus, recurso bem-vindo nos trechos off-road. O motor 3.0 V6 turbodiesel, de 250 cv e associado a um câmbio automático de 10 marchas, é suave e vigoroso. A posição de guiar é absolutamente correta.
Que as rivais se mexerão para alcançá-la é certo. Mas será que alcançarão o nível de uma picape cuja fábrica, em Pacheco, na Argentina, recebeu R$ 3,3 bilhões em melhorias para produzi-la?
Líder se renova e híbrida estreia
Ranger e Rampage chegam ao fim do seu primeiro ano como protagonistas no universo das picapes, mesmo que não tenham sido os únicos lançamentos importantes de 2023. Pelo contrário.
Entre as compactas, a Fiat Strada, veículo mais vendido do Brasil, se adiantou à concorrência pela enésima vez ao apresentar à categoria um motor turbo (1.0, 130 cv, acoplado a um câmbio automático do tipo CVT).
Recheado com bancos em couro, ar-condicionado digital e central multimídia de sete polegadas com espelhamento do smartphone, o utilitário da Fiat reagiu não à chegada da Volkswagen Saveiro renovada, seu habitual (e ainda obsoleto) concorrente, mas sim à estreia da Chevrolet Montana. Maior, mais potente e mais refinada ao volante, a “picape do Tracker” parte de R$ 123.400, enquanto a Strada topo de linha (Ultra ou Ranch) sai por R$ 133.990.
No amplo espectro das compactas-médias onde mora a Montana habita também a Ford Maverick Hybrid, outro notório debute de 2023. Afinal, o melhor carro da categoria passou a oferecer consumo médio de 14,6 km/l e autonomia de mais de 800 quilômetros. Fora a prazerosa experiência ao volante e o espaço interno.
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Segunda picape mais emplacada do mercado, a Fiat Toro apenas padronizou a grade dianteira em formato hexagonal para todas as configurações e incrementou sutilmente a lista de equipamentos para manter a liderança da categoria.
Já o setor das médias foi da coadjuvante Chevrolet S10 Midnight, uma novidade do passado ressuscitada, às interessantes Hilux GR-Sport e L200 Triton Sport Savana, que ressaltam o espírito off-road cada uma à sua maneira.
A Toyota recebeu bitolas mais largas (155 mm na traseira e 140 mm na frente), nova suspensão com amortecedores monotubo, freios mais potentes e 224 cv no motor 2.8 turbodiesel; enquanto a Mitsubishi foi de snorkel, bagageiro com rampa, estribos laterais, acabamento anti-riscos na caçamba e rodas de 17 polegadas com pneus Goodyear Duratrack 265/60 R17.
Ou seja: nova mesmo entre as médias, só a Ranger.
Grandes se multiplicam
Urgidas pelo sucesso da Ram no patamar das grandes, Ford e Chevrolet chegaram atrasadas, mas com produtos equivalentes em tamanho, itens de luxo e potência. Veículo mais vendido do mercado norte-americano há 41 anos e líder do seu segmento por 46, a F-150 chegou mais cara do que a 1500 Rebel, então referência do mercado: R$ 470 mil ante R$ 456.990.
Como o agronegócio é o principal cliente desses modelos, a Ford resolveu optar por um tanque de 136 litros na F-150 destinada ao Brasil, já que geralmente as fazendas ficam a longas distâncias uma das outras.
A Ram prontamente reagiu com a 1500 Limited, de acabamento mais luxuoso em relação à Rebel 1500. E mesmo chegando por R$ 539.990, teve 540 unidades vendidas em apenas uma noite, praticamente esgotando o lote inicial estimado em 600 exemplares.
Enquanto a bruta da Ford é equipada com um 5.0 V8 de 405 cv, a Ram 1500 esconde sob o capô um 5.7 V8 de 400 cv. Ambas portanto mais fortes que a Chevrolet Silverado, que chegou por último com seu 5.3 V8 de 360 cv. Por outro lado, tem o maior entre-eixos (3,75 metros) e a maior caçamba da categoria, de 1.781 litros de capacidade.
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