Com olhar de fora da indústria, CEO da Novo Nordisk, do Ozempic, impulsiona crescimento

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Victor Affaro

Isabella Wanderley, CEO da Novo Nordisk, traz na sua gestão a experiência em gigantes de bens de consumo

Vinda de uma família de médicos e nascida em Niterói (RJ), Isabella Wanderley nunca foi incentivada pelo pai a seguir carreira em medicina. Formou-se em economia e transitou em grandes empresas por mais de três décadas – Boticário, L’Oréal e Ambev entre elas. Mas o conhecimento da profissão que adquiriu em casa hoje lhe serve, pois tem médicos como público.

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Há dois anos, a executiva tornou-se country manager da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, que, em setembro, impulsionada pelas vendas do medicamento Ozempic, passou a ser a empresa mais valiosa da Europa, superando a LVMH e chegando a US$ 431 bilhões.

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No ano em que Isabella começou na empresa, 2021, a Novo Nordisk faturou R$ 2,4 bilhões (contra os R$ 2 bilhões de 2020). Em 2022, foram R$ 3,7 bilhões (só no mercado privado, já que a companhia não divulga as vendas para o governo). E esse número deve ser muito maior no fim de 2023, depois que o injetável recomendado para diabetes passou a ser usado para emagrecimento e esgotou em muitas farmácias brasileiras.

Foi justamente esse plot twist que exigiu da CEO todo o conhecimento de comunicação que acumulou ao longo da vida, principalmente no mercado de beleza. “Como venho de fora, da indústria do consumo, trago provocações sobre a maneira como enxergamos o cliente, claro que com os limites dessa área”, diz.

O Brasil está entre os cinco maiores mercados consumidores da empresa no mundo. Os médicos, obviamente, estão nesse guarda-chuva de clientela, e foi para eles que Isabella dedicou boa parte de seus esforços durante o isolamento da pandemia, quando promoveu a transformação digital da farmacêutica. “Precisávamos encontrar uma nova forma de nos comunicar. Não havia como mandar um representante ao consultório”, recorda. A mudança veio baseada em muito do que aprendeu na vice-presidência de novos canais do Grupo Boticário, seu cargo anterior. “Ampliamos a relação ao criar uma academia médica com o que há de mais recente: estudos, congressos, notícias. É um jeito de ser relevante.”

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O trabalho de Isabella vai além da jornada no escritório da Novo Nordisk. A executiva vem ganhando espaço como uma força feminina em seu mercado e faz parte de importantes grupos de lideranças femininas, como o LeaderShe, que reúne mulheres CEOs da indústria farmacêutica em nome da diversidade. “Quando cheguei, eu via esse mercado como um lugar de homens brancos de 60 anos. Achei que seria saudável trabalhar nessa mudança”, conta. Hoje, as profissionais estão crescendo em diversos níveis, mas fica mais difícil no topo. “O tal telhado de vidro existe, e queremos ajudar a abrir esse espaço.”

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